São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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Ninguém esteve presente em tantas partidas do Nacional como o jogador/técnico Emerson Leão

O senhor Brasileiro

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a história do Campeonato Brasileiro tivesse que ser contada por apenas um personagem, ninguém seria mais indicado para isso do que Emerson Leão, 53.
Nenhuma outra pessoa trabalhou em mais jogos, disputou tantas edições e amealhou glórias, que rivalizam com as dos grandes clubes do país, na história da mais importante competição do país como o atual treinador do Santos.
No próximo dia 19, quando seu atual clube enfrentar a Lusa, Leão irá alcançar sua 500ª partida pelo Brasileiro, sendo que 279 foram como jogador por quatro clubes diferentes e as demais dirigindo oito equipes do país.
A marca de meio milhar não foi atingida até hoje por nenhuma "pessoa física" no Nacional. Mesmo no caso das "pessoas jurídicas", o fato é raro.
Só 19 clubes disputaram mais de 500 jogos pelo certame. Agremiações que já conquistaram o título brasileiro, como o Atlético-PR, não jogaram tanto pelo campeonato até hoje como Leão.
"Não, não sabia", disse Leão quando informado pela Folha de que era o jogador/técnico que mais jogos disputou pelo Brasileiro. "Mas não vou ficar falando do passado. Estou preocupado com o jogo de hoje [ontem". É no Gama que estou pensando", declarou Leão, mostrando-se bem pouco animado com o recorde.
O ex-técnico da seleção brasileira disputou, como goleiro do Palmeiras, clube que enfrenta no próximo domingo e que também já treinou, a primeira edição do Nacional, em 1971. Depois, só esteve fora da disputa do certame em cinco temporadas.
Tanto em campo quanto no banco, fez história e criou polêmicas por brigas e desavenças com companheiros e adversários.
"Tive minha primeira chance quando era adolescente, por isso joguei tanto", afirmou Leão sobre sua longevidade no Brasileiro.
Nesse caminho, amealhou marcas que fazem inveja à maior parte dos clubes. Pela pontuação do Ranking Folha do futebol dada ao Campeonato Brasileiro, Leão, se fosse um clube, seria o segundo colocado dessa lista na competição, na frente de times como Vasco, Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Cruzeiro e Flamengo.
Foram três títulos como jogador (dois pelo Palmeiras e um pelo Grêmio) e outro como treinador (com o Sport). Leão disputou e perdeu ainda três finais (por Palmeiras, Grêmio e Vasco).
Com 31 anos na estrada, Emerson Leão conheceu o país inteiro na sua trajetória no Nacional.
Como jogador ou treinador, ele enfrentou equipes dos 22 Estados que já tiveram representantes no certame que "integrava a nação" na década de 70.
Dos 126 clubes que já disputaram o Brasileiro, 72, de 42 municípios diferentes, tiveram Leão como adversário.
O atual comandante santista enfrentou os quatro Américas que já jogaram o Nacional, assim como os três Atléticos. Ele jogou por clubes de três regiões e treinou agremiações de cinco Estados.
Muitos dos números de Leão não foram atingidos por grandes clubes do país.
É o que acontece, por exemplo, com o Santos, seu atual clube. O time paulista nunca ganhou um título do Brasileiro e tem até menos vices (dois) que seu treinador.
Só 13 clubes acumularam mais vitórias do que Leão, que defendeu a seleção brasileira em quatro Copas do Mundo, sendo que em duas foi titular.
Apesar da carreira gloriosa no Nacional, Leão é contra os planos de aumentar a competição e diminuir o peso dos estaduais.
""Sou a favor do Brasileiro, mas não precisaria ser tão longo [oito meses". As rivalidades locais são muito importantes, então não podem desvalorizar tanto os estaduais", disse o treinador, que é sócio da mulher de Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista e opositor do novo calendário, em uma fazenda.


Colaborou João Carlos Assumpção, da Reportagem Local



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