São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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Rio-2016 mimetiza estratégia de Lula

Em busca de votos na eleição de sexta-feira em Copenhague, membros de comitê percorrem o mundo atrás de apoio

Como a política internacional do presidente, candidatura brasileira prioriza contato em países pobres e emergentes na corrida pela Olimpíada

MARIANA LAJOLO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
SERGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Na campanha para obter a Olimpíada (a decisão sai na sexta, em Copenhague), a candidatura Rio-2016 repetiu a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e priorizou a busca de votos em países pobres ou emergentes de Ásia, África, América Latina e Caribe.
Membros do comitê de candidatura do Rio visitaram integrantes do COI (Comitê Olímpico Internacional) nessas nações. Em paralelo, diplomatas brasileiros contataram governantes locais, enquanto Lula enviou cartas pedindo apoio.
Desde o ano passado, dirigentes brasileiros fazem um périplo pelo mundo. A Folha apurou que os representantes do comitê se encontraram com os 97 membros do COI com direito a voto no primeiro turno.
Alguns foram contatados durante eventos oficiais. Outros, visitados pelos dirigentes do comitê, principalmente os de fora do eixo da Europa.
O presidente do comitê da candidatura Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, viajou para pelo menos seis países africanos nos últimos meses. Passou por Líbano, Síria, Gâmbia, Uganda, Guiné e Nigéria -cada um com um voto no COI.
Também participaram de viagens em nome da campanha o diretor de marketing do COB, Leonardo Gryner, que esteve na Tunísia, e o secretário-geral do comitê, Carlos Roberto Osório, que passou por Cuba.
O Brasil mantém programas sociais na África, como o Segundo Tempo e o Pintando a Liberdade, do Ministério do Esporte. Um atende a crianças carentes, e o outro permite a presidiários trabalhar.
O Brasil também contou com a ajuda do Itamaraty para fazer campanha pela Rio-2016.
No início do ano, os postos do país receberam documento com instruções de ações para promover a candidatura, argumentos para seduzir dirigentes e pontos fortes dos adversários.
Nuzman ainda esteve em países asiáticos com votos no COI. O presidente do comitê ainda iria à Arábia Saudita, mas desistiu porque o príncipe Nawaf Faisal Fahd Abdulaziz, do comitê, não estaria no país em setembro. O continente tem 19 votos no primeiro turno, já que Tóquio é uma das candidatas.
Com Lula, a China tornou-se a principal parceira do governo brasileiro, superando os EUA.
Na América Latina, o Rio disputa votos com Madri. No Pan de 2007, obteve apoio da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) por 2016.
Mas teve que fazer lobby país a país. A Venezuela, por exemplo, estuda lançar candidatura ao Mundial de vôlei de 2014 e quer suporte dos brasileiros.
O Caribe também mereceu atenção especial da candidatura brasileira. Osório se reuniu com o Comitê Olímpico Cubano e membros do governo local para apresentar o projeto carioca. Cuba tem dois votos. A América tem no total 16, pois Brasil e EUA não podem votar.
Nos últimos anos, Lula priorizou mecanismos para aumentar a integração na América Latina, tornando o país mais atuante na mediação de conflitos e em investimentos.
""O Brasil, nos últimos anos, tem feito um extraordinário esforço de aproximação com todas as regiões do mundo. Seguimos nessa direção também", declarou Osório.
Os contatos com os europeus foram feitos principalmente em grandes eventos, como os Mundiais de natação e atletismo. A reportagem apurou que houve ainda convites a membros do COI para visitas ao Brasil. Não há confirmação de que algum tenha aceitado.

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