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Rio-2016 mimetiza estratégia de Lula
Em busca de votos na eleição de sexta-feira em Copenhague, membros de comitê percorrem o mundo atrás de apoio
Como a política internacional
do presidente, candidatura
brasileira prioriza contato em
países pobres e emergentes
na corrida pela Olimpíada
MARIANA LAJOLO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
SERGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Na campanha para obter a
Olimpíada (a decisão sai na sexta, em Copenhague), a candidatura Rio-2016 repetiu a estratégia do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e priorizou a busca de votos em países pobres ou
emergentes de Ásia, África,
América Latina e Caribe.
Membros do comitê de candidatura do Rio visitaram integrantes do COI (Comitê Olímpico Internacional) nessas nações. Em paralelo, diplomatas
brasileiros contataram governantes locais, enquanto Lula
enviou cartas pedindo apoio.
Desde o ano passado, dirigentes brasileiros fazem um
périplo pelo mundo. A Folha
apurou que os representantes
do comitê se encontraram com
os 97 membros do COI com direito a voto no primeiro turno.
Alguns foram contatados durante eventos oficiais. Outros,
visitados pelos dirigentes do
comitê, principalmente os de
fora do eixo da Europa.
O presidente do comitê da
candidatura Rio-2016, Carlos
Arthur Nuzman, viajou para
pelo menos seis países africanos nos últimos meses. Passou
por Líbano, Síria, Gâmbia,
Uganda, Guiné e Nigéria -cada
um com um voto no COI.
Também participaram de
viagens em nome da campanha
o diretor de marketing do COB,
Leonardo Gryner, que esteve
na Tunísia, e o secretário-geral
do comitê, Carlos Roberto Osório, que passou por Cuba.
O Brasil mantém programas
sociais na África, como o Segundo Tempo e o Pintando a
Liberdade, do Ministério do
Esporte. Um atende a crianças
carentes, e o outro permite a
presidiários trabalhar.
O Brasil também contou com
a ajuda do Itamaraty para fazer
campanha pela Rio-2016.
No início do ano, os postos
do país receberam documento
com instruções de ações para
promover a candidatura, argumentos para seduzir dirigentes
e pontos fortes dos adversários.
Nuzman ainda esteve em
países asiáticos com votos no
COI. O presidente do comitê
ainda iria à Arábia Saudita, mas
desistiu porque o príncipe Nawaf Faisal Fahd Abdulaziz, do
comitê, não estaria no país em
setembro. O continente tem 19
votos no primeiro turno, já que
Tóquio é uma das candidatas.
Com Lula, a China tornou-se
a principal parceira do governo
brasileiro, superando os EUA.
Na América Latina, o Rio disputa votos com Madri. No Pan
de 2007, obteve apoio da Odepa (Organização Desportiva
Pan-Americana) por 2016.
Mas teve que fazer lobby país
a país. A Venezuela, por exemplo, estuda lançar candidatura
ao Mundial de vôlei de 2014 e
quer suporte dos brasileiros.
O Caribe também mereceu
atenção especial da candidatura brasileira. Osório se reuniu
com o Comitê Olímpico Cubano e membros do governo local
para apresentar o projeto carioca. Cuba tem dois votos. A
América tem no total 16, pois
Brasil e EUA não podem votar.
Nos últimos anos, Lula priorizou mecanismos para aumentar a integração na América Latina, tornando o país mais
atuante na mediação de conflitos e em investimentos.
""O Brasil, nos últimos anos,
tem feito um extraordinário
esforço de aproximação com
todas as regiões do mundo. Seguimos nessa direção também", declarou Osório.
Os contatos com os europeus
foram feitos principalmente
em grandes eventos, como os
Mundiais de natação e atletismo. A reportagem apurou que
houve ainda convites a membros do COI para visitas ao
Brasil. Não há confirmação de
que algum tenha aceitado.
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