São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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Pan e verba pública são pilares do projeto Rio-16

Orçamento de US$ 14,42 bi é o mais elevado entre as postulantes à Olimpíada

Valores dos planos da candidatura poderiam ser ainda mais altos não fossem "carona" na Copa do Mundo e valorização do real no ano

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

No discurso, a candidatura olímpica brasileira recicla o projeto do Pan de 2007. Nas contas, promete gastar pelo menos seis vezes mais para a realização dos Jogos de 2016 do que o valor empenhado para organizar o evento continental.
Apesar de aproveitar 19 das arenas construídas para o Pan, o orçamento inicial da Rio- -2016 prevê gasto de R$ 25,9 bilhões. A maior parte da verba virá dos cofres dos governos (federal, estadual e municipal) e será usada em obras de infraestrutura para a cidade.
O Pan-07 saiu por R$ 3,7 bilhões, depois de sucessivos estouros de orçamento.
Em 2002, quando o Rio conquistou o direito de sediar o evento, os organizadores do Pan informaram que a competição continental sairia por R$ 414 milhões (quase oito vezes menos que o custo real).
Os principais executivos do Pan são os mesmos que comandam o projeto Rio-2016: os homens fortes do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman à frente.
""O Brasil apresenta todas as garantias para a realização de uma Olimpíada. Temos um país pronto, em crescimento econômico, com as garantias financeiras, mais a experiência adquirida com a realização do Pan e sua infraestrutura esportiva", disse o secretário-geral do Comitê de Candidatura Rio 2016, Carlos Roberto Osório.
Para o dirigente, o preço dos Jogos é compatível com a realidade do país e, desta vez, não haverá estouro de orçamento.
Esta é a quarta tentativa do Brasil de sediar uma Olimpíada -houve Brasília-00, Rio-04 e Rio-12. Nas outras vezes, a candidatura do Brasil foi eliminada logo no primeiro corte feito pelo colégio eleitoral do COI (Comitê Olímpico Internacional).
O projeto do Rio é o mais elevado das candidatas. Convertido, o custo chega a US$ 14,42 bilhões. Chicago projeta orçamento de US$ 4,82 bilhões; Madri, de US$ 6,13 bilhões; e Tóquio, de US$ 6,8 bilhões.
O valor poderia ser ainda mais alto. A campanha do Rio foi beneficiada com a alta do real nos últimos meses.
Em fevereiro, quando foi apresentado o seu orçamento, o COB informou ao COI que gastaria o equivalente a R$ 28,8 bilhões para organizar os Jogos -R$ 2,9 bilhões a mais que a conversão atual. O orçamento era quase oito vezes maior do que os gastos com o Pan.
Outro fator que contribuiu para reduzir a conta do projeto foi uma "carona" na Copa do Mundo de 2014, competição que já está garantida no país e que prevê uma série de obras na cidade. O Rio deverá realizar a final do Mundial de futebol e abrigar o centro de imprensa e os dirigentes da Fifa em 2014.
""Estamos dando uma demonstração clara de planejamento de longo prazo, continuidade e garantias na execução do nosso projeto, que usa a experiência do Pan, passa pelos Jogos Mundiais Militares em 2011 e pela Copa do Mundo de 2014", afirmou Osório.
Além de usar as 19 arenas do Pan-2007, a Rio-2016 pretende erguer 11 ginásios e ter outras quatro arenas temporárias.
As intervenções urbanísticas serão as mais caras. Pelo desenho do projeto do Rio, 34% do orçamento já estão em andamento com obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) -no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no arco rodoviário e na limpeza das lagoas da Barra da Tijuca.
Fora isso, o Rio contará com a expansão do metrô e a criação do sistema de ônibus integrado. Só na infraestrutura, os governos deverão gastar cerca de R$ 20,7 bilhões (US$ 11,5 bilhões).
Mesmo com as somas bilionárias, a Rio-2016 utiliza como trunfo financeiro o apoio irrestrito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou pagando a conta do estouro do orçamento do Pan-Americano.
Contabilizado apenas o impacto para os cofres federais, o evento continental custou 11 vezes (R$ 1,5 bilhão) mais do que estava previsto.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em abril, depois de se encontrar com os integrantes da comissão de inspeção do COI, disse que o governo poderia investir mais de R$ 30 bilhões nos Jogos, caso o Rio seja escolhido sede do evento na próxima sexta-feira.


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