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FUTEBOL
Idéia é de Miranda, dirigente da associação e membro de uma comissão
Clube dos 13 ameaça CPIs
com paralisação da Copa JH
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
O Clube dos 13, associação que
congrega os 20 maiores time do
Brasil, ameaça paralisar a Copa
João Havelange em represália às
duas CPIs instaladas no Congresso para investigar o futebol.
O maior entusiasta da possibilidade de paralisar o torneio e, assim, tentar retaliar as CPIs é o deputado federal Eurico Miranda
(PPB-RJ), membro da CPI da
CBF/Nike, instalada na Câmara, e
vice-presidente do Clube dos 13.
Se, na semana passada, quando
a CPI foi instalada na Câmara, Miranda falava como parlamentar,
apoiando a investigação, ontem
ele adotou o discurso dos clubes.
"Eles (parlamentares) querem
desmoralizar a instituição clubes
de futebol. Não vamos permitir.
Se for o caso, vamos parar o campeonato ainda este ano", disse.
A Copa JH foi criada e é administrada pelo Clube dos 13. O torneio nasceu após uma disputa entre o Gama e a associação de times, apoiada pela CBF.
Rebaixado com base em uma
decisão do tapetão, no lugar do
Botafogo-RJ, membro do Clube
dos 13, o Gama recorreu à Justiça
comum e obrigou sua inclusão no
Brasileiro. A CBF, então, desistiu
de organizar o torneio e delegou
poderes para o Clube dos 13, que,
em julho, lançou a Copa JH.
Miranda não se sente constrangido em atuar dos dois lados.
"Qual o problema de estar em
dois lugares. Você pode estar onde quiser, não vejo nada errado."
Além da CPI da CBF/Nike, funciona hoje no Senado a CPI do Futebol, também instalada na semana passada. Miranda é um dos dirigentes que serão ouvidos pelos
senadores nas investigações.
Em reunião ontem em São Paulo, o Clube dos 13 decidiu contratar um escritório de advocacia para analisar a "constitucionalidade" das CPIs. "Se as comissões forem inconstitucionais, vamos até
a última instância da Justiça brasileira contra elas e podemos parar
o campeonato", disse o presidente da associação, Fábio Koff, juiz
de direito aposentado.
O dirigente, ex-presidente do
Grêmio, chegou a classificar as
CPIs de "inquisitórias" e disse que
a imunidade parlamentar de seus
membros dificulta a relação entre
clubes de futebol e Congresso.
Koff, no entanto, evitou comentar a legalidade das CPIs antes da
conclusão do estudo a ser encomendado ao escritório de advocacia, que ainda será contratado.
"O que posso dizer é que sempre vou lutar pela presunção da
inocência, uma das maiores conquistas da sociedade civil."
O presidente do Clube dos 13
deve ser convocado para depor na
CPI do Senado por ter sido o chefe
da delegação brasileira na Copa
de 1998, em que houve o episódio
com Ronaldo, na final.
O requerimento será apresentado pelo senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), desafeto da associação.
Pelo raciocínio do Clube dos 13,
as agremiações desportivas não
podem ser alvo de fiscalização do
Congresso por se tratarem de entidades privadas.
Quanto à situação da CBF, que
também está sendo investigada,
Koff evitou aplicar o mesmo raciocínio. "Não quero falar em nome da CBF", afirmou.
Além das CPIs, outra questão
que ameaça paralisar a Copa JH é
a disputa jurídica entre Juventus e
Etti/Jundiaí, na terceira divisão da
competição.
O Juventus quer retomar os
pontos de uma vitória sobre o Etti, pois não reconhece ter cometido irregularidade ao escalar Lúcio
Vágner, que estava suspenso devido a uma mudança no regulamento. O Juventus alega não ter
sido avisado da alteração.
"Vamos acompanhar a decisão
e recorrer, se for preciso, em caso
de vitória do Juventus contra o regulamento", disse Koff. O julgamento do caso não havia terminado até as 19h30 de ontem.
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