São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2000

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FUTEBOL
Idéia é de Miranda, dirigente da associação e membro de uma comissão
Clube dos 13 ameaça CPIs com paralisação da Copa JH

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

O Clube dos 13, associação que congrega os 20 maiores time do Brasil, ameaça paralisar a Copa João Havelange em represália às duas CPIs instaladas no Congresso para investigar o futebol.
O maior entusiasta da possibilidade de paralisar o torneio e, assim, tentar retaliar as CPIs é o deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), membro da CPI da CBF/Nike, instalada na Câmara, e vice-presidente do Clube dos 13.
Se, na semana passada, quando a CPI foi instalada na Câmara, Miranda falava como parlamentar, apoiando a investigação, ontem ele adotou o discurso dos clubes.
"Eles (parlamentares) querem desmoralizar a instituição clubes de futebol. Não vamos permitir. Se for o caso, vamos parar o campeonato ainda este ano", disse.
A Copa JH foi criada e é administrada pelo Clube dos 13. O torneio nasceu após uma disputa entre o Gama e a associação de times, apoiada pela CBF.
Rebaixado com base em uma decisão do tapetão, no lugar do Botafogo-RJ, membro do Clube dos 13, o Gama recorreu à Justiça comum e obrigou sua inclusão no Brasileiro. A CBF, então, desistiu de organizar o torneio e delegou poderes para o Clube dos 13, que, em julho, lançou a Copa JH.
Miranda não se sente constrangido em atuar dos dois lados. "Qual o problema de estar em dois lugares. Você pode estar onde quiser, não vejo nada errado."
Além da CPI da CBF/Nike, funciona hoje no Senado a CPI do Futebol, também instalada na semana passada. Miranda é um dos dirigentes que serão ouvidos pelos senadores nas investigações.
Em reunião ontem em São Paulo, o Clube dos 13 decidiu contratar um escritório de advocacia para analisar a "constitucionalidade" das CPIs. "Se as comissões forem inconstitucionais, vamos até a última instância da Justiça brasileira contra elas e podemos parar o campeonato", disse o presidente da associação, Fábio Koff, juiz de direito aposentado.
O dirigente, ex-presidente do Grêmio, chegou a classificar as CPIs de "inquisitórias" e disse que a imunidade parlamentar de seus membros dificulta a relação entre clubes de futebol e Congresso.
Koff, no entanto, evitou comentar a legalidade das CPIs antes da conclusão do estudo a ser encomendado ao escritório de advocacia, que ainda será contratado.
"O que posso dizer é que sempre vou lutar pela presunção da inocência, uma das maiores conquistas da sociedade civil."
O presidente do Clube dos 13 deve ser convocado para depor na CPI do Senado por ter sido o chefe da delegação brasileira na Copa de 1998, em que houve o episódio com Ronaldo, na final.
O requerimento será apresentado pelo senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), desafeto da associação.
Pelo raciocínio do Clube dos 13, as agremiações desportivas não podem ser alvo de fiscalização do Congresso por se tratarem de entidades privadas.
Quanto à situação da CBF, que também está sendo investigada, Koff evitou aplicar o mesmo raciocínio. "Não quero falar em nome da CBF", afirmou.
Além das CPIs, outra questão que ameaça paralisar a Copa JH é a disputa jurídica entre Juventus e Etti/Jundiaí, na terceira divisão da competição.
O Juventus quer retomar os pontos de uma vitória sobre o Etti, pois não reconhece ter cometido irregularidade ao escalar Lúcio Vágner, que estava suspenso devido a uma mudança no regulamento. O Juventus alega não ter sido avisado da alteração.
"Vamos acompanhar a decisão e recorrer, se for preciso, em caso de vitória do Juventus contra o regulamento", disse Koff. O julgamento do caso não havia terminado até as 19h30 de ontem.


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