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MP quer que peritos apurem o prejuízo em "vôo da muamba"
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Federal vai
requerer à Justiça que designe peritos para estipular o valor do prejuízo do erário no episódio conhecido como "vôo da muamba".
Como a Folha publicou ontem,
o procurador Flávio Paixão entrou com uma ação na Justiça Federal do Rio pedindo que seja cobrada indenização do presidente
da CBF (Confederação Brasileira
de Futebol), Ricardo Teixeira.
Ele é acusado de ter pressionado
um funcionário da Alfândega, no
Aeroporto Internacional do Rio,
para liberar -sem vistoria nem
tributação- cerca de 13 toneladas de bagagens da seleção brasileira, recém-chegada da Copa do
Mundo de 1994, nos EUA.
As bagagens incluíam equipamentos de som, geladeiras e eletrodomésticos dos jogadores, dirigentes e convidados da CBF.
O MPF pede que o presidente da
entidade seja obrigado a pagar
multa civil correspondente a duas
vezes o valor do dano causado. Só
que, como não houve vistoria, é
difícil precisar quanto deixou de
ser pago. Por isso, a procuradoria
federal vai solicitar a perícia, a fim
de ter um valor para tomar como
base para a indenização.
Teixeira é acusado de ter violado o artigo terceiro da lei 8.429
-que responsabiliza o particular
que induz ou concorre para a prática de ato de improbidade ou dele se beneficia.
Os auditores Belson Martins
Puresa e Sílvio de Sá Freire, que liberaram a bagagem, também são
acusados na ação.
Teixeira chegou a ligar para o
então ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, para
solicitar solução para o impasse.
Uma sindicância instaurada na
ocasião pelo Ministério da Fazenda responsabiliza o presidente da
CBF pela liberação.
A perícia deverá, segundo Paixão, ter como base a diferença de
peso entre o vôo da ida para os
EUA e a volta, em julho, após a
conquista do tetracampeonato.
De acordo com dados fornecidos pela Varig à sindicância, o
avião que transportou a delegação brasileira aos EUA levou cerca de 5.000 quilos. Retornou com
12.758 quilos para o Rio e com
1.462 quilos destinados a São Paulo. Outros 1.137 quilos foram
transportados em outro avião,
por falta de espaço no bagageiro
do que transportava a seleção.
Uma comparação de outros
vôos da mesma companhia aérea,
provenientes também de Miami,
mostram que o peso trazido pelos
101 passageiros do vôo da seleção
-14.220 quilos- era bem superior ao normal.
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