São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2000

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Ministro critica atuação do Vasco

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, criticou a política esportiva adotada pelo Vasco. Segundo ele, o investimento do clube objetiva apenas a conquista de títulos e não a formação de jovens talentos para o país.
A declaração foi dada ontem, no Rio, na reunião de anúncio da formação da "Câmara Setorial de Esporte", grupo que discutirá os rumos do esporte brasileiro.
"Qual é o celeiro de atletas se não o Pinheiros, o Minas Tênis e outros clubes? Não é o Vasco, que começou agora. O que o dinheiro compra não se perpetua, não permanece. Atletas estão sendo usados", disse o ministro.
Segundo Melles, o uso dos atletas é empresarial e visa apenas à conquista de títulos. "Dinheiro ganha campeonato, mas não forma atletas. Essa é a diferença."
A Folha telefonou para o deputado Eurico Miranda, dirigente do Vasco ontem, mas o seu telefone celular estava desligado.
No último dia 12, em entrevista após a Olimpíada, onde 83 atletas vascaínos representaram o Brasil, Miranda havia criticado o COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
O dirigente havia acusado a entidade de tomar para si os louros do esporte nacional sem dividir os méritos com os clubes, que sustentam os atletas, mas "não aparecem" na Olimpíada.
"Em todas as modalidades, o Vasco investiu na base. Temos um projeto bonito, que não é para ter resultado imediato, mas vai dar condições aos atletas de crescerem. A partir de um determinado nível, sempre vai ter alguém que os ajude nem que seja por oportunismo", disse Miranda.
Ele prometeu manter o projeto olímpico do clube, mesmo com o fim da Olimpíada. Segundo ele, o plano não está calcado unicamente nos atletas de alto nível.
"O projeto não é só esse ou aquele atleta. É ter atletas de referência em algumas modalidades e iniciantes em outras", explicou.
Para o técnico da equipe masculina de basquete do Vasco, Hélio Rubens, a presença de grandes esportistas no clube estimula os jovens praticantes. Ele defendeu a idéia vascaína com veemência.
"Milhares de jovens se espelham nos ídolos. Em médio prazo, teremos vários garotos com potencial. Queremos que esse projeto sirva de exemplo para outros clubes e para o governo brasileiro", afirmou o treinador.
A primeira reunião da Câmara Setorial de Esporte, aberta ontem, pretende formar grupos de dirigentes e atletas para discutir propostas para o esporte nacional.
O ministro admitiu que o governo federal ainda é lento para agir na área esportiva.
"Chegou a hora de o governo tomar uma posição quanto ao esporte. Se o governo não fizer, ninguém pode fazer", afirmou.
Ele se dispôs a aumentar as verbas concedidas ao estímulo da prática desportiva.
"Teremos seguramente os recursos necessários", afirmou.
Melles deu a entender que a política esportiva nacional se tornará mais agressiva.
"Não vamos ficar sentados. Queremos uma Olimpíada e vamos atrás, onde for preciso. Vamos procurar fazer com que as coisas aconteçam. Só não vão acontecer se vocês não quiserem", disse o ministro.


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