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São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

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TÊNIS

"Precisava desse resultado", afirma tenista após disparar "golpes inacreditáveis" e dedicar título a Larri Passos e à avó

Campanha alimenta motivação, diz Guga

DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Kuerten afirmou que o triunfo em São Petersburgo garantirá a comemoração de Natal.
"Para mim foi um grande momento e veio em uma boa hora. Eu precisava deste resultado para manter minha motivação alta", disse ele, que acumulou uma série de fracassos na temporada.
Ex-número um do mundo, o brasileiro, que tinha como o objetivo de retornar aos top ten ainda no primeiro semestre, foi campeão em janeiro e chegou à final do Masters Series de Indian Wells, mas depois caiu de produção: chegou no máximo às semifinais na temporada de saibro.
Em Roland Garros, só conseguiu repetir as oitavas-de-final que havia conquistado em 2002.
E encerrou a primeira metade da temporada fora do grupo dos dez melhores do mundo.
No segundo semestre, fez a pior temporada nas quadras rápidas da América do Norte, caiu diante dos tenistas com piores rankings desde que conquistou pela primeira vez o título de Roland Garros e junto com o Brasil foi rebaixado à segunda divisão da Davis.
"Tínhamos perdido grandes batalhas na temporada, mas nunca deixamos de trabalhar", declarou o técnico Larri Passos, que viu o pupilo ser derrotado em seis estréias nesta temporada. "Cada vez mais fomos aprimorando os detalhes e as coisas foram evoluindo. Mas os méritos são do Guga."
"Foi muito importante terminar o ano com essa vitória, que vai colocar açúcar na cabeça dele", disse Larri, a quem o brasileiro dedicou o triunfo de ontem.
"Esse título é do meu pai, meu guru, meu treinador, mais do que meu. Foi ele que conseguiu me fortalecer e que me deixou técnica e taticamente perfeito", afirmou o tenista, que trabalha com o técnico desde 1989 -parcerias tão longas são raras no circuito.
Conhecido por ser um tenista muito ligado a seus familiares, Kuerten também citou sua avó Olga Schlosser, que completou 82 anos no sábado. "Esse troféu também é para a Oma."
Quando problemas na família foram apontados como uma das causas da queda de produção nesta temporada, o tenista citou a avó como fator de motivação. "Quero fazer o possível para que ela seja ainda mais feliz."
Durante a má fase, ainda com torneios a disputar em 2003, Kuerten chegou a demonstrar que já estava com a cabeça voltada para a próxima temporada.
Declarou que com uma boa preparação de "dois ou três meses" poderia ter uma boa temporada em 2004 e que precisava fazer um trabalho específico para aprimorar a velocidade e a explosão para voltar a alcançar bons resultados.
Ontem, parecia ser um jogador diferente daquele que, na semana passada, afirmou que se sentia sem forças e com dificuldades em manter a concentração.
"Eu consegui manter um ótimo ritmo. É difícil manter este nível o tempo inteiro", declarou Kuerten. "Senti que tudo ia fácil. Estava com muita confiança."
E depois de passar muito tempo ouvindo os adversários dizerem que não era mais o mesmo, o brasileiro voltou a escutar um rival elogiando seus golpes.
"Kuerten tem um backhand muito desconfortável. Você nunca sabe aonde a bola vai", afirmou o armênio Sargis Sargsian.
"Estava conseguindo um golpes inacreditáveis hoje [ontem]", disse o brasileiro. "Joguei muito bem ontem [anteontem], mas agora na final foi ainda melhor."
"Estou mais feliz ainda por terminar o ano com um título, da mesma maneira que comecei", afirmou o tenista, 27, que viaja na manhã de hoje para Paris, onde disputa nesta semana o Masters Series local. (FERNANDO ITOKAZU)


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