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FUTEBOL
O Cruzeiro e a perda do elã
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Na reta final do Brasileirão,
o Santos está tinindo e o
Cruzeiro parece estar rateando.
Os números são eloquentes: nas
últimas três rodadas, o líder do
campeonato só fez dois gols, enquanto o Peixe fez 14.
Resta saber duas coisas:
1. Foi o Cruzeiro que atingiu o
ápice antes da hora ou o Santos
que embalou tarde demais? Na
verdade, acho que aconteceram
as duas coisas.
Há duas semanas, o time mineiro reinava absoluto e parecia imbatível. A faixa simbólica de campeão que colocamos na equipe
parece ter pesado sobre seus jogadores. De modo geral, todos caíram de produção, perderam a
tranquilidade e o entusiasmo.
Para usar uma expressão cara
aos antigos locutores de rádio, o
Cruzeiro parece ter perdido o
"elã", essa bela palavra de origem
francesa ultimamente em desuso.
Já o Santos perfez o caminho
oposto. Em várias ocasiões, perdeu tolamente pontos preciosos
que o impediram de encostar no
líder. De repente acordou e recuperou o gosto pelos gols, pelas vitórias e pelo bom futebol. E aí chegamos à segunda pergunta:
2. Mantendo-se a atual tendência, dará tempo para o Santos alcançar o Cruzeiro?
É difícil prever. Faltam sete rodadas -ou seja, 21 pontos em
disputa-, o que deixa em aberto
um mundo de possibilidades.
Mas a matemática do futebol
não é assim tão fria e exata. Uma
rodada que seja boa para o Cruzeiro e ruim para o Santos, aumentando para nove pontos a
distância entre os dois, pode bastar para inverter a tendência
apontada acima. Nesse caso, o tal
"elã" seria transferido da Vila para a Toca da Raposa.
Em tempo: de acordo com o
"Aurélio", elã tem três significados básicos: arrebatamento, entusiasmo e inspiração.
Essas três qualidades não faltaram ao Santos contra o Coritiba.
Mais uma vez, Robinho foi o nome do jogo, embora a maior emoção tenha sido provocada por
Narciso, que voltou a jogar após
quatro anos e quase fez um gol.
A vitória suada sobre o São Caetano melhorou a situação do São
Paulo na tabela e amenizou a
tensão que vinha ocorrendo entre
o time e sua exigente torcida.
O tricolor, que vinha tendo problemas com a defesa, jogou de
modo mais compacto, com três
zagueiros, e dificultou as ações
ofensivas da boa equipe de Tite.
Mesmo assim, o São Caetano
criou as melhores jogadas e merecia, no mínimo, o empate.
O destaque do jogo foi Rogério
Ceni, que chutou uma bola na
trave e pegou tudo. Até bola dentro do gol.
Com a cruel derrota de ontem, o
Corinthians praticamente dá
adeus à Copa Sul-Americana. O
ano só não foi perdido para o alvinegro graças à conquista do estadual. Mas o segundo semestre
está sendo desastroso e deve servir
de lição para o clube.
Ponto de vista
Depois da bela explanação de
Tostão para o tema dos ex-jogadores que se tornam técnicos, o leitor Jônatas Tallarico dá
sua lúcida contribuição: "Os
melhores técnicos soem ser os
jogadores de defesa. Talvez
porque eles já estejam, durante
a carreira, habituados a olhar o
jogo de trás, aprimorando essa
sutil observação do conjunto
da equipe -isso, independentemente de ter sido um craque
ou um perna-de-pau. Assim
que goleiros e zagueiros costumam dar bons técnicos".
Juízes caseiros?
Houve na rodada pelo menos
dois pênaltis não marcados que
poderiam mudar o placar das
partidas: um cometido pelo
Cruzeiro contra o Figueirense e
outro pelo Flamengo contra o
Grêmio.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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