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São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

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FUTEBOL

O Cruzeiro e a perda do elã

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Na reta final do Brasileirão, o Santos está tinindo e o Cruzeiro parece estar rateando.
Os números são eloquentes: nas últimas três rodadas, o líder do campeonato só fez dois gols, enquanto o Peixe fez 14.
Resta saber duas coisas:
1. Foi o Cruzeiro que atingiu o ápice antes da hora ou o Santos que embalou tarde demais? Na verdade, acho que aconteceram as duas coisas.
Há duas semanas, o time mineiro reinava absoluto e parecia imbatível. A faixa simbólica de campeão que colocamos na equipe parece ter pesado sobre seus jogadores. De modo geral, todos caíram de produção, perderam a tranquilidade e o entusiasmo.
Para usar uma expressão cara aos antigos locutores de rádio, o Cruzeiro parece ter perdido o "elã", essa bela palavra de origem francesa ultimamente em desuso.
Já o Santos perfez o caminho oposto. Em várias ocasiões, perdeu tolamente pontos preciosos que o impediram de encostar no líder. De repente acordou e recuperou o gosto pelos gols, pelas vitórias e pelo bom futebol. E aí chegamos à segunda pergunta:
2. Mantendo-se a atual tendência, dará tempo para o Santos alcançar o Cruzeiro?
É difícil prever. Faltam sete rodadas -ou seja, 21 pontos em disputa-, o que deixa em aberto um mundo de possibilidades.
Mas a matemática do futebol não é assim tão fria e exata. Uma rodada que seja boa para o Cruzeiro e ruim para o Santos, aumentando para nove pontos a distância entre os dois, pode bastar para inverter a tendência apontada acima. Nesse caso, o tal "elã" seria transferido da Vila para a Toca da Raposa.
Em tempo: de acordo com o "Aurélio", elã tem três significados básicos: arrebatamento, entusiasmo e inspiração.
 
Essas três qualidades não faltaram ao Santos contra o Coritiba. Mais uma vez, Robinho foi o nome do jogo, embora a maior emoção tenha sido provocada por Narciso, que voltou a jogar após quatro anos e quase fez um gol.
 
A vitória suada sobre o São Caetano melhorou a situação do São Paulo na tabela e amenizou a tensão que vinha ocorrendo entre o time e sua exigente torcida.
O tricolor, que vinha tendo problemas com a defesa, jogou de modo mais compacto, com três zagueiros, e dificultou as ações ofensivas da boa equipe de Tite.
Mesmo assim, o São Caetano criou as melhores jogadas e merecia, no mínimo, o empate.
O destaque do jogo foi Rogério Ceni, que chutou uma bola na trave e pegou tudo. Até bola dentro do gol.
 
Com a cruel derrota de ontem, o Corinthians praticamente dá adeus à Copa Sul-Americana. O ano só não foi perdido para o alvinegro graças à conquista do estadual. Mas o segundo semestre está sendo desastroso e deve servir de lição para o clube.

Ponto de vista
Depois da bela explanação de Tostão para o tema dos ex-jogadores que se tornam técnicos, o leitor Jônatas Tallarico dá sua lúcida contribuição: "Os melhores técnicos soem ser os jogadores de defesa. Talvez porque eles já estejam, durante a carreira, habituados a olhar o jogo de trás, aprimorando essa sutil observação do conjunto da equipe -isso, independentemente de ter sido um craque ou um perna-de-pau. Assim que goleiros e zagueiros costumam dar bons técnicos".

Juízes caseiros?
Houve na rodada pelo menos dois pênaltis não marcados que poderiam mudar o placar das partidas: um cometido pelo Cruzeiro contra o Figueirense e outro pelo Flamengo contra o Grêmio.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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