São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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VÔLEI

Esvaziado com saída de atletas, Suzano joga semifinal do Paulista feminino, que tem início hoje, com base de juvenis

Êxodo de jogadoras atinge agora até o 2º escalão do país

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O êxodo de jogadores, que já atingiu estrelas de seleção brasileira, agora afeta até atletas de menor expressão, enfraquecendo os campeonatos no Brasil.
A situação já preocupa até o técnico José Roberto Guimarães, do Osasco, que hoje inicia os mata-matas semifinais do Paulista feminino contra o Suzano.
"Estamos alertando há algum tempo sobre esse êxodo geral. É normal que quem é fora de série vá jogar no exterior. O problema é que estamos perdendo até as jogadoras de segundo nível", diz.
"Essas atletas poderiam estar jogando aqui. Sem elas, o nível técnico cai", completa o treinador.
Um sintoma disso será seu adversário de hoje. O Suzano é a imagem do esvaziamento do Paulista. Por circunstâncias ou azar, o time entra em quadra bastante desfigurado. A equipe deve atuar com só duas adultas. O resto do time será completado por juvenis.
Nem o técnico Hairton Cabral sentará no banco. Ele, que é assistente de Antônio Rizola na seleção juvenil, está na Bolívia, onde o Brasil disputa o Sul-Americano.
Mas os desfalques não param por aí. O Suzano foi ficando cada vez mais enfraquecido ao longo do torneio, quando suas atletas começaram a ser assediadas com propostas de outros países.
Sem condições de fazer frente a essas ofertas, o clube foi obrigado a liberar Erika e Juliana, que se transferiram para a Espanha, e Karina, que foi atuar em Portugal.
Hoje, deve perder também a meio-de-rede Alessandra, que se despede para atuar na Suíça.
"Nossos contratos são até o fim do campeonato, mas não temos condição de segurar aqui uma jogadora que tem proposta para ganhar três ou quatro vezes mais no exterior", lamenta Alexandre Seccato, assistente de Cabral, escalado para comandar a equipe hoje.
Não bastassem tantos contratempos, a ponta Renata, outra das atletas do adulto, está com lesão no pé direito. Não deve jogar.
Sem patrocinador e vivendo de verba da prefeitura, o Suzano tem um orçamento mensal de cerca de R$ 20 mil, dinheiro que seria insuficiente para pagar o salário de uma atleta consagrada de seleção.
Do outro lado da quadra, o Osasco é um dos poucos pilares que sustentam o vôlei nacional. A equipe é a atual é a atual tricampeã paulista e bicampeã da Superliga. Conta com cinco jogadoras que defenderam o Brasil nos Jogos de Atenas, em agosto: Mari, Arlene, Bia, Valeskinha e Erika, além do técnico Zé Roberto.
"Cumprimos o nosso papel no campeonato. Contra o Osasco, se vencermos um set já será importante", admite Seccato.
O feito de sua equipe foi ter eliminado o São Caetano, vice-campeão no ano passado. Para isso, porém, fez campanha modesta: quatro vitórias e seis derrotas.
No outro confronto de hoje pelas semifinais do torneio, o São Bernardo, segundo colocado na fase inicial, enfrenta o Pinheiros, no ginásio do adversário.


NA TV - Pinheiros x São Bernardo, na Sportv 2, ao vivo, às 20h30


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