São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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RODRIGO BUENO

Nunca foi tão fácil


O Brasil deveria curtir até disputa com a Colômbia pela Copa de 2014, pois nunca foi tão fácil ser oficializado sede

A COPA DE 2014 já pode entrar para a história como a menos disputada. Vários Mundiais foram acertados com antecedência e quase sem concorrência, mas nada como agora. Pelo menos quatro países europeus lutaram pela primeira edição, que foi em 1930, no Uruguai.
Um ano antes, a Itália (Mussolini) já costurava o torneio em casa em 1934. A Argentina tentou 1938 com base em rodízio de continentes, este que foi oficializado só em 2000 e que tende a ser revisto nas próximas horas. Deu França, como daria Brasil em 1950, para a revolta argentina.
O primeiro Mundial brasileiro veio com candidatura única, mas o cenário era de pós-guerra. O país teve dois anos de preparação, pois foi ratificado como sede em Londres em 1948. Em 1954, não houve briga.
A Suíça era neutra e não tinha ao lado uma Argentina esperneando. O mesmo raciocínio valeu para a Suécia em 1958, mas até aí ninguém tinha sete anos para fazer a Copa. O Chile, a sede-surpresa de 1962, ganhou o aval em 1956. Já eram seis anos de preparação, o que valeu para Inglaterra-1966 e México-1970.
Um Congresso da Fifa em 1964 praticamente selou o destino dos Mundiais de 70, 74, 78 e 82 (México e Argentina queriam ser sede na América, e Alemanha e Espanha esperavam o torneio na Europa). México-1986 não foi nem sede original. Era a Colômbia, que refugou. E não faltou disputa depois (até o Brasil esteve entre os possíveis substitutos). Itália-90, EUA-94 e França-98 também nasceram seis anos antes (para 94, o Brasil entrou no páreo).
Os dois primeiros Mundiais do século 21 tiveram as maiores polêmicas de bastidores. Para 2002, em decisão inusitada, dois países asiáticos rivais tiveram que se aturar. Para 2006, a Alemanha ganhou a mais acirrada luta, deixando África e Inglaterra para trás com uma abstenção suspeita na hora dos votos do Comitê Executivo da Fifa. A África do Sul esperou então por 2010, vencendo a concorrência continental.
Sobre 2014, a Copa caiu no colo do Brasil e nas mãos de Ricardo Teixeira. O rodízio deu à Conmebol o torneio. E a entidade (Leoz, Grondona e Teixeira) chancelou o Brasil, que até curtiria disputa com a Colômbia. Nunca foi tão fácil. Essa é a história.

NUNCA FOI 1
Nenhum time brasileiro ganhou Mundial interclubes (Copa Intercontinental), Supercopa, Copa Conmebol ou Copa Mercosul. O Vasco não ganhou Libertadores. O Inter não faturou a Recopa deste ano. O Brasil jamais ganhou Mundial de futsal antes de a Fifa assumir o esporte. Está tudo (ou melhor, não está) no relatório exibido pela entidade. Mas aeroportos, hospitais, estádios, segurança e entusiasmo aqui estão excepcionais.

NUNCA FOI 2
E os brasileiros estão de novo fora da Sul-Americana. Vai demorar quanto para cartola, técnico, atleta e torcedor do país levar isso a sério?

rbueno@folhasp.com.br


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