São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Vitória de Guga na Bahia está sob suspeita

Brasileiro, que acumulava 5 derrotas seguidas, derrotou o 44º do mundo

Volandri, que já estava sob investigação por suspeita de manipulação em outro jogo, afirmou após a derrota que uma contusão o atrapalhou

DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória que encerrou um jejum de mais um ano e cinco meses de Gustavo Kuerten no circuito da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) está sob suspeita de fraude.
O confronto contra o italiano Filippo Volandri, na estréia do Torneio da Costa do Sauípe, em fevereiro, faz parte da lista de partidas que estão sob investigação por causa do escândalo que indica haver manipulação de resultados na elite do tênis.
Na época, Guga acumulava cinco derrotas consecutivas após a longa ausência no circuito profissional para tratamento da contusão no quadril. Volandri ocupava a 44ª colocação no ranking mundial e era o favorito, mesmo na Bahia.
Nas cinco partidas que disputara desde seu retorno às quadras, o brasileiro ainda não havia conseguido vencer sequer um set, mesmo contra adversários com ranking muito inferior, como o austríaco Rainer Eitzinger, que marcou duplo 6/4 e era o 239º do mundo.
Contra Volandri, Guga marcou 6/3 e 6/1 em somente 46 minutos de partida. O italiano, que demonstrou lentidão durante o jogo, disse que dores no ombro o prejudicaram.
O brasileiro declarou ontem que se recorda que o adversário estava machucado e não apresentava muitas condições de jogo. Após a vitória na Costa do Sauípe, o ex-número um do mundo conseguiu somente mais um triunfo em seis partidas de simples que disputou nesta temporada.
Já Volandri voltou a jogar em março e conseguiu resultados expressivos como a vitória sobre o número um do mundo, o suíço Roger Federer, nas oitavas do Masters Series de Roma.
Guga disse ser necessária investigação séria e afirmou que, se o problema não for resolvido rapidamente, o esporte corre o risco de ser manchado.
"É importante haver uma boa investigação, não só no tênis, mas em todos os esportes em que há uma lacuna muito grande para os mais interessados se aproveitarem", afirmou.
O italiano já estava sob suspeita pela derrota para o australiano Wayne Arthurs na estréia de Wimbledon em 2005.
As suspeitas de manipulação de resultados começaram em agosto, quando a ATP iniciou investigação a respeito da derrota, por abandono, do russo Nikolay Davydenko (quarto do ranking mundial) para o argentino Martin Vassalo Arguello (87º) no Torneio de Sopot.
A Betfair, empresa britânica de apostas, registrou um índice de preferência pelo argentino muito acima do normal e anulou as apostas da partida.
A partir de então, o caso começou a ganhar proporção.
Tenistas, como os belgas Gilles Elseneer e Dick Norman, divulgaram que já haviam sido procurados com propostas para perderem partidas, inclusive em torneios de Grand Slam.
Guga falou nunca ter passado por tal situação. "Nunca fui abordado e nunca recebi nada de ninguém. Sempre que entro em quadra, entro para ganhar."
Já o britânico Andy Murray causou polêmica ao afirmar que "todos" sabiam do problema das apostas. Depois, criticado pelo colegas, divulgou nota dizendo que havia sido mal-interpretado e que a sua declaração fora tirada de contexto.
A ATP resolveu convocar o tenista britânico para se explicar e uniu forças com outras entidades do tênis (Federação Internacional de Tênis, WTA e Comitê do Grand Slam) para enfrentar o problema da possível manipulação de resultados.


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