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Copa 100% segura será impossível, afirma ministro
Tarso Genro, que se reúne hoje com a Fifa, diz que entidade só está preocupada com a segurança dos estádios em 2014
Para governo, Exército na rua, como no Pan-07, pode ajudar, mas projeto prevê legado mais duradouro para a polícia após eventos no Rio
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A BERNA
O Brasil quer mostrar à Fifa
que investe em uma mudança
de paradigma na segurança nacional e que, como afirma nas
demais áreas, mira um legado
duradouro após a Copa de 2014
e a Olimpíada de 2016.
Mesmo assim, diz o ministro
Tarso Genro (Justiça), não é
possível eliminar o risco de um
incidente como o ocorrido no
mês passado no Rio, quando
um helicóptero da Polícia Militar foi abatido por traficantes.
"[Risco] vai ter sempre, nos
países mais desenvolvidos vai
ter, como já ocorreu", afirmou
Tarso à Folha, ontem.
O ministro se reúne hoje
com o secretário-geral da Fifa,
Jérôme Valcke, em Zurique,
para tratar do tema. Ele diz que
foi o país que pediu a reunião,
sem pressão da Fifa, que minimiza o problema também na
África do Sul -sede em 2010. E
diz que o Exército poderia ir às
ruas no evento, como paliativo.
FOLHA - O que o sr. vai apresentar à
Fifa amanhã [hoje]?
TARSO GENRO - As medidas que
estamos tomando em relação a
[Olimpíada de] 2016 e [à Copa
do Mundo de] 2014, as medidas
legais para apressar essa mudança de paradigma da segurança pública na reforma das
polícias, na melhoria das condições salariais dos policiais.
Queremos esse legado.
FOLHA - Quatro anos são suficientes para tanto?
TARSO - Para implementar a
mudança sim, não para completá-la. Começamos há um
ano e meio, quando foi aprovada pelo Congresso Nacional a
legislação do Pronasci [Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania]. Dobramos os recursos do Ministério
da Justiça com segurança e começamos a trabalhar com os
Estados. Temos condição de
chegar em 2016, 2014 em trânsito, com o paradigma mudado.
A realização de um evento desse tipo não é problema, pois se
eu ponho o Exército nos pontos
estratégicos, se dobro o tempo
dos policiais, você dá segurança, como ocorreu no Pan [de
2007, no Rio de Janeiro].
FOLHA - Mas sempre há risco de
um incidente como foi...
TARSO - Sim, mas isso vai ter
sempre, nos países mais desenvolvidos vai ter, como já ocorreu. Os riscos vão existir sempre. O que nós queremos dessa
feita é, com esses compromissos, utilizá-los também para o
sistema de segurança pública
do país para quando terminar a
Olimpíada não voltar como antes, e seguir num grau de segurança cada vez mais aperfeiçoado. Isso será o trabalho de três
governos. Acreditamos que o
caminho está dado. Tanto que,
quando apresentamos nosso
anteprojeto da Olimpíada, a
questão da segurança pública
quase saiu da pauta. Eles aceitaram nossa proposta.
FOLHA - E agora, que questionamentos a Fifa tem feito? Há o modo
como a mídia internacional tratou o
helicóptero...
TARSO - São mais da segurança
dos estádios. Na questão da cidade não há um questionamento, porque a experiência do Pan
foi muito boa. Eles estão preocupados com a reforma dos estádios, com a integração dos diversos órgãos de segurança
com estruturas de direção da
Copa. O pessoal da Copa não
tem colocado essa questão para
nós como impeditiva. Eles
sempre reconheceram os esforços do país.
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