São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2000

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NADO SINCRONIZADO

Fina quebra restrição masculina e aprova dueto misto

Homens ganham licença para mostrar balé aquático

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele treina cerca de 25 horas por semana e aos 16 anos deixou a casa de seus pais em Nova York e se mudou para a Califórnia para poder se dedicar ao seu esporte.
E apesar de ser considerado um dos melhores atletas dos EUA, uma das potências de sua modalidade, Bill May, 21, não pôde disputar a Olimpíada de Sydney.
O motivo não foi disciplinar nem de ordem técnica. May não foi à Austrália porque é homem, e o esporte que pratica, o nado sincronizado, possui apenas categorias femininas em Olimpíadas.
Com a decepção, o único homem com participação constante em torneios internacionais cogitou a possibilidade de se aposentar depois de 11 anos de carreira.
""Ficar e ver todo meu time viajar para Sydney foi o momento mais duro que vivi no esporte."
Da Austrália, um dia antes da cerimônia de abertura da Olimpíada, veio uma notícia que alterou os planos de May.
A Fina (Federação Internacional de Natação) aprovou em caráter provisório a proposta dos EUA de permitir os duetos mistos em torneios como Olimpíadas, Mundiais e Pan-Americanos.
""Não acredito no que está acontecendo. Nem sabia que isso estava sendo votado", disse May, ao ser informado da decisão da Fina.
O nado sincronizado fez sua estréia olímpica em 1984 e sempre foi exclusivamente feminino.
A medida prevê para a Copa do Mundo de 2002, na Suíça, a estréia masculina na modalidade.
A decisão final deve sair no congresso técnico da Fina, marcado para julho de 2001, em Fukuoka, no Japão, pouco antes do nono Mundial de Desportes Aquáticos.
May afirma que seu objetivo passa a ser os Jogos de 2004, na Grécia, apesar de ainda não haver nada definido. ""Acho que agora há uma grande chance de o dueto misto ser incluído em Atenas."
Ex-praticante de ginástica artística, May começou no nado sincronizado aos 10 anos, para acompanhar sua irmã, Courtney.
Desde então, compete nos EUA e em determinados torneios na Europa, onde a participação masculina não é restrita.
Neste ano, conseguiu o Grand Slam (vitória nas provas individual, dueto e times) no nacional dos EUA. Foi eleito o atleta do ano pela Federação Norte-Americana de Nado Sincronizado em 98 e 99.
A maior conquista, de acordo com ele, é a medalha de prata no dueto nos Jogos da Amizade-98, em Nova York, onde teve duplas femininas como adversárias.
Único competidor masculino, ele aproveitou a condição e com sua parceira, Kristina Lum, criou uma coreografia para ""Bolero", de Ravel. ""Tentamos explorar a paixão entre homem e mulher. Parece que o público gostou."
O norte-americano compara o nado sincronizado com a patinação no gelo. ""É frustrante ver que há tão poucos homens no nado sincronizado quando a patinação artística é tão popular e os dois esportes são tão similares."
Para May, o fato de haver poucos homens competindo no nado sincronizado atualmente não deve ser visto como um problema.
O norte-americano afirma que, desde que a Fina aprovou a inclusão do dueto misto, já ouviu falar de interessados no Canadá, na França, na Suíça e na China.
""Se a Fina não tivesse alterado a regra, eu provavelmente teria me aposentado, mas agora sinto como se minha carreira tivesse começado de novo", declarou ele.
(FERNANDO ITOKAZU)

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