São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 2005

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BOXE TAILANDÊS

Rapaz de 15 anos sentiu-se mal e entrou em coma após disputar torneio em Niterói

Adolescente morre após lutar sem proteção

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Terezinha de Jesus Passos, 64, mostra foto do filho que morreu


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A morte de Adriano Santos Rufino da Paz, que faria 16 anos no Natal, pôs em xeque a segurança da prática do boxe tailandês no Brasil. O jovem sofreu traumatismos no crânio e no tórax, quando disputava o campeonato Muay Thai War, no início do mês, em Niterói (RJ), contra rival supostamente mais velho e experiente.
Ele morreu há 10 dias e, segundo os familiares, os organizadores do evento não informam a identidade de seu adversário.
Adriano lutou sem autorização da família que, agora, cobra a punição dos responsáveis.
Garoto pobre, ele vivia com os pais e quatro irmãos. Interessou-se pelo boxe tailandês inspirado em um dos irmãos, Edson Santos, que é lutador profissional.
Santos disse que, apesar de treinar na mesma academia que o irmão, não conseguiu descobrir seu rival porque a luta foi improvisada. O jovem teria lutado sem protetores de cabeça e de tórax. A família diz que ele foi ao estádio só para ver as lutas -seu nome não estava no cartaz de divulgação-, mas acabou indo para o ringue.
Edson Santos, que também disputou o torneio, disse que o irmão foi derrotado, mas parecia bem ao deixar o ringue. Minutos depois, reclamou de dor de cabeça e de dificuldades de respiração e foi ao Hospital Estadual Azevedo Lima, onde passou 12 dias em coma.
Segundo a família, ele era ""totalmente maluco e obcecado" pelo esporte e sonhava em se profissionalizar. Treinava todos os dias e fazia curso supletivo à noite.
Artur Mariano, que orientava Adriano e é proprietário da academia onde ele treinava, disse que os pais sabiam que ele lutaria. "Tanto que ele foi em companhia do irmão mais velho", disse.
Ele afirmou que os organizadores receberam ficha com nome, idade, peso e graduação no esporte do jovem, e que era responsabilidade deles designarem rival com as mesmas condições.
Questionado sobre o fato de o adolescente ter lutado sem proteção, afirmou que isto é desnecessário quando os atletas têm idade, peso e graduação semelhantes.
A Folha ligou durante todo o dia para a academia onde Marcelo Aguiar, um dos organizadores, dá aulas, mas ele não foi encontrado. O presidente da Confederação Brasileira de Muay Thai, Luiz Alves, não foi localizado até o fechamento desta edição.
Até agora, a polícia não investigou o caso, embora o hospital tenha registrado que se tratava de "morte violenta", no 78º DP de Niterói. A ocorrência foi repassada ao 77º DP, que também nada fez até agora. Os funcionários disseram que ainda não receberam a correspondência de sua vizinha.
O boxe tailandês cresce no país junto com o "vale-tudo". A modalidade, em que os praticantes trocam chutes, socos e cotoveladas em pé, é eficiente em lutas que misturam as artes marciais.


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