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Foco
Lei de incentivo traz carentes do Pará para correr São Silvestre teen
GIULIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL
De um lado, banana, milho,
castanha e cacau. De outro, níquel, níquel e... mais níquel.
Entre roças e minas de Tucumã, circulam pouco mais de
26 mil pessoas que compõem
a população do município paraense onde a mineradora Vale participa de projeto de exploração do metal. A maioria
trabalha na roça, parte delas
busca o sustento nas jazidas.
Daqui a oito anos é possível
que se encontre também em
Tucumã atletas de nível olímpico. Dez candidatos ao posto,
aliás, deixaram a cidade paraense anteontem, em pleno
Natal, para se apresentarem
hoje, pela primeira vez, em um
evento de caráter nacional.
Selecionados pelo programa
"Brasil Vale Ouro", que visa
desenvolver talentos para a
Olimpíada de 2016, os seis meninos e quatro meninas com
idades entre 13 e 15 anos, que
começaram a ter aulas de atletismo há pouco mais de dois
meses, disputam hoje a São
Silvestrinha, a versão infanto-juvenil da mais tradicional
corrida de rua de São Paulo.
Até outubro, eles corriam
sem nenhum compromisso
com direito a pés na terra e
mergulho em rios quando o
sol do Norte castigava.
"Agora, eles têm aulas de
iniciação no esporte, que incluem exercícios para condicionamento físico, tiros de
corrida e horários regulares
para aprenderem algo que pode transformar a vida deles",
afirma o consultor da Fundação Vale, Ronaldo Dias.
Formado em educação física com especialização na Unicamp, Dias vai periodicamente de Campinas a Tucumã preparar professores para monitorar o projeto da empresa.
"Até o final do ano que vem
pretendemos investir R$ 10
milhões, priorizando atletismo, judô e natação", conta Silvio Vaz, diretor-superintendente da Fundação Vale.
As 200 crianças que já estão
dando saltos e correndo no
complexo esportivo de Tucumã, entre elas as que foram a
São Paulo, representam só
0,6% do que o projeto pretende alcançar. Até 2010, quando
todas as 31 unidades estiverem funcionando, a intenção é
ter 30 mil crianças e jovens.
Para viabilizar a construção
dos centros, inclusive um em
Deodoro, no Rio, a fundação
foi buscar apoio do Ministério
do Esporte, através da lei de
incentivo, e dos militares responsáveis pelo complexo carioca, já usado no Pan-07.
Em Deodoro haverá alojamentos para até cem atletas
que alcançarem boas marcas,
que os credenciem para o esporte de alto rendimento,
Tendo como proponente o
Círculo Militar da Vila Militar,
o projeto para o Complexo de
Deodoro, de R$ 5,7 milhões, já
foi aprovado no ministério. A
Vale será a doadora.
Para os meninos do Pará, independentemente de onde o
projeto vá realmente chegar, o
mundo que vai além das roças
e minas começa a se descortinar. São Paulo se tornou real e
pôde ser conhecida após inédita viagem de avião.
"Não estamos fazendo essa
viagem como um passeio, nem
porque estamos de férias. Há
muito profissionalismo. Queremos mostrar que, com trabalho e esforço, eles também
podem desfrutar da viagem",
afirma Dias, que comandou o
último treinamento do grupo
ontem, na pista da Unicamp.
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