São Paulo, Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2000


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FUTEBOL
Técnico Levir Culpi faz jogadores imaginarem lances antes das partidas para melhorar o desempenho
São Paulo triunfa com mentalização

da Reportagem Local

Uma técnica chamada de mentalização pelo treinador Levir Culpi está ajudando o São Paulo no seu desempenho 100% nesta temporada. O método, recomendado a todos os jogadores, consiste em fechar os olhos e imaginar os lances que podem acontecer durante a próxima partida da equipe.
Segundo os atletas, o exercício mental foi fundamental para a equipe vencer os seus quatro primeiros jogos na temporada- dois pelo Torneio Constantino Cury e dois pelo Rio-São Paulo.
Para o meia Belletti, improvisado na lateral, a mentalização ajudou o time a conseguir abrir uma vantagem de dois gols no primeiro tempo dos jogos contra o Flamengo e contra o Santos.
No Rio, a equipe fez 2 a 0 em oito minutos e venceu por 2 a 1. No clássico paulista, o São Paulo levou 22 minutos para conseguir a mesma diferença e acabou goleando por 5 a 2.
"A vantagem do São Paulo é que o time tem entrado mais concentrado nos jogos. A maioria das equipes brasileiras entra meio sonolenta. O Levir tem feito a gente tirar tudo da cabeça e pensar só na partida", afirmou Belletti.
O meia-atacante Marcelinho explicou como é a preparação mental antes dos jogos. "Fico pensando nas minhas virtudes e nos defeitos do adversário que vou enfrentar. Imagino as jogadas e tudo de bom que posso fazer."
Culpi insiste para que os jogadores pratiquem esse exercício durante quase todas as horas que antecedem os jogos.
"O ideal é que os atletas sonhem com as partidas. A mentalização é fundamental para um bom desempenho", afirmou o treinador são-paulino.
Para a estratégia funcionar, Culpi pede até para os jogadores esquecerem da família enquanto estão concentrados.
Duas horas antes de entrarem em campo, eles são proibidos de atender chamadas telefônicas e de usar o telefone celular.
""Foi uma sugestão dele e nós aceitamos. É melhor a gente ficar afastado de qualquer problema pessoal", afirmou Belletti.
A preocupação da comissão técnica da equipe é evitar que assuntos particulares desviem a atenção dos atletas e prejudique a mentalização das partidas.
"Concentração foi feita para o jogador pensar na partida e não para ficar resolvendo problemas", afirmou Culpi.

Comunicação
A facilidade com que o São Paulo derrotou o Santos anteontem surpreendeu os próprios jogadores da equipe do Morumbi.
"A gente esperava um jogo mais difícil. Acho que os nossos gols no início desequilibraram o time deles", disse o atacante França.
O jogador afirmou ter sentindo o nervosismo do adversário com o decorrer do tempo, enquanto o São Paulo tocava a bola.
Ele contou que durante a partida contra o Santos foi orientado várias vezes por seu companheiro de ataque, Evair.
"Acho que o nosso time precisa falar mais em campo para corrigir os defeitos. Eu sempre procuro fazer isso", disse Evair.
Mas a missão de orientar os companheiros não é só do atacante de 34 anos. Culpi pede para todos os atletas terem o mesmo comportamento. "Tenho conversado muito sobre isso com a equipe. Seria muito importante se a comunicação entre os jogadores melhorasse", disse Culpi.
Por causa das cobranças que faz aos outros jogadores em campo, Evair se preocupa em evitar que os companheiros se sintam ofendidos. "Ele sempre pede para a gente ouvir, sem reclamar. Depois a gente conversa no vestiário", afirmou França.


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