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Multas "inibem" cartões na Série A-1
PAULO FERRARI VIARTI
free-lance para a Folha Ribeirão
A conversão das suspensões por
cartões amarelos e vermelhos em
multas fez diminuírem as expulsões nos jogos da Série A-1 do Paulista-99, segundo estatísticas divulgadas pela FPF (Federação Paulista de Futebol).
Mesmo com um número de faltas quase igual ao do torneio do
ano passado, as oito primeiras rodadas da competição em 99 tiveram quase 50% menos expulsões
em relação ao mesmo período da
competição na temporada passada.
Nas primeiras rodadas do torneio do ano passado, a média de
expulsões foi de 1,35 por jogo. Nesta temporada, o índice baixou para
0,69 -o que significa uma redução de 49,23%.
A média de cartões amarelos caiu
9,05%. Já a média de faltas por jogo
teve uma redução de apenas 1,16%.
"Os jogadores estão mais conscientes e evitam cometer faltas
desnecessárias e violentas. A medida adotada pela FPF, de cobrar
multas pelos cartões, foi correta",
disse o presidente da Matonense,
Antonio Aparecido Galli.
A FPF cobra dos clubes da Série
A-1 uma multa de R$ 2.000 a cada
cartão vermelho, R$ 250 pelo primeiro cartão amarelo e R$ 500 se
um mesmo atleta receber o segundo amarelo ou mais.
O gerente de futebol do Mogi Mirim, Henrique Stort, acredita que
os jogadores, com medo das multas, estão mais responsáveis.
"Nós tivemos várias conversas
antes do campeonato sobre esse
assunto, e os atletas entenderam
que as faltas desnecessárias vão
mexer nos cofres dos clubes. Apesar de as multas não serem repassadas aos atletas, eles estão mais
conscientes", afirmou Stort.
Para o árbitro Oscar Roberto Godoi, 43, que há 22 anos trabalha no
futebol, além dos atletas terem
mais consciência, as multas inibem a violência.
"Alguns clubes, como o América
de São José do Rio Preto, que disputa a Série A-2, cobram alguns
cartões dos próprios jogadores e,
quando os dirigentes mexem no
bolso do atleta, ele se conscientiza
do perigo", afirmou.
O árbitro Paulo César de Oliveira, 25, que está há cinco anos no
quadro da FPF e este ano ingressou
na Fifa, também acredita que a
multa aplicada pelos cartões inibe
práticas violentas dos atletas.
"Isso gerou uma consciência
maior nos jogadores, que evitam
causar prejuízos aos clubes. A média de cartões que apliquei este ano
caiu em relação à da última temporada. As reclamações e as faltas
violentas e desnecessárias foram
reduzidas", disse Oliveira.
Apesar da diminuição geral, as
últimas rodadas do Paulista já tiveram um incremento no número de
expulsões.
Enquanto no primeiro turno a
média de cartões vermelhos ficou
em 0,57 por partida, as três rodadas inicias do returno tiveram uma
média de 0,89 expulsão por jogo.
Na Série A-2, em que também
são cobradas multas por cartões, a
queda no número de expulsões
não aconteceu até o momento.
Nas quatro rodadas inicias da
competição, segundo a própria
FPF, a média de cartões vermelhos
foi de 0,88 por jogo.
Em 98, quando havia a suspensão automática, o número de expulsões ficou em 0,84 por partida,
o que significa que o atual torneio
tem uma média 3,70% maior do
que a do ano passado.
Com isso, os clubes que disputam a Série A-2 já passam por dificuldades financeiras.
O Comercial de Ribeirão Preto,
por exemplo, está pagando mais
dinheiro à FPF (Federação Paulista
de Futebol) com as multas por cartões amarelos e vermelhos do que
arrecada com a renda líquida dos
jogos em casa.
Na segunda divisão, a FPF cobra
R$ 150 pelo primeiro cartão amarelo de cada jogador e R$ 300 a partir da segunda advertência. Cada
cartão vermelho custa R$ 1.000.
Nas quatro primeiras rodadas, o
Comercial teve de desembolsar R$
4.950,00 por causa de seus jogadores terem recebido 11 cartões amarelos e três vermelhos.
Essa despesa é maior que as rendas líquidas do clube nos jogos da
Série A-2. Os cálculos não levam
em consideração os R$ 12 mil dados aos clubes pela própria federação por mando de jogo.
Na estréia do Comercial no Campeonato Paulista da Série A-2, contra o Bragantino, no estádio Francisco Palma Travassos, 2.780 pagantes proporcionaram uma arrecadação bruta de R$ 13.420,00.
Descontados os gastos com a
realização da partida e o valor dos
cartões cobrados pela FPF, o Comercial ficou com apenas R$
126,25 da renda do jogo.
Colaborou a
Folha Campinas
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