São Paulo, Domingo, 28 de Fevereiro de 1999
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Multas "inibem" cartões na Série A-1


PAULO FERRARI VIARTI
free-lance para a Folha Ribeirão

A conversão das suspensões por cartões amarelos e vermelhos em multas fez diminuírem as expulsões nos jogos da Série A-1 do Paulista-99, segundo estatísticas divulgadas pela FPF (Federação Paulista de Futebol).
Mesmo com um número de faltas quase igual ao do torneio do ano passado, as oito primeiras rodadas da competição em 99 tiveram quase 50% menos expulsões em relação ao mesmo período da competição na temporada passada.
Nas primeiras rodadas do torneio do ano passado, a média de expulsões foi de 1,35 por jogo. Nesta temporada, o índice baixou para 0,69 -o que significa uma redução de 49,23%.
A média de cartões amarelos caiu 9,05%. Já a média de faltas por jogo teve uma redução de apenas 1,16%.
"Os jogadores estão mais conscientes e evitam cometer faltas desnecessárias e violentas. A medida adotada pela FPF, de cobrar multas pelos cartões, foi correta", disse o presidente da Matonense, Antonio Aparecido Galli.
A FPF cobra dos clubes da Série A-1 uma multa de R$ 2.000 a cada cartão vermelho, R$ 250 pelo primeiro cartão amarelo e R$ 500 se um mesmo atleta receber o segundo amarelo ou mais.
O gerente de futebol do Mogi Mirim, Henrique Stort, acredita que os jogadores, com medo das multas, estão mais responsáveis.
"Nós tivemos várias conversas antes do campeonato sobre esse assunto, e os atletas entenderam que as faltas desnecessárias vão mexer nos cofres dos clubes. Apesar de as multas não serem repassadas aos atletas, eles estão mais conscientes", afirmou Stort.
Para o árbitro Oscar Roberto Godoi, 43, que há 22 anos trabalha no futebol, além dos atletas terem mais consciência, as multas inibem a violência.
"Alguns clubes, como o América de São José do Rio Preto, que disputa a Série A-2, cobram alguns cartões dos próprios jogadores e, quando os dirigentes mexem no bolso do atleta, ele se conscientiza do perigo", afirmou.
O árbitro Paulo César de Oliveira, 25, que está há cinco anos no quadro da FPF e este ano ingressou na Fifa, também acredita que a multa aplicada pelos cartões inibe práticas violentas dos atletas.
"Isso gerou uma consciência maior nos jogadores, que evitam causar prejuízos aos clubes. A média de cartões que apliquei este ano caiu em relação à da última temporada. As reclamações e as faltas violentas e desnecessárias foram reduzidas", disse Oliveira.
Apesar da diminuição geral, as últimas rodadas do Paulista já tiveram um incremento no número de expulsões.
Enquanto no primeiro turno a média de cartões vermelhos ficou em 0,57 por partida, as três rodadas inicias do returno tiveram uma média de 0,89 expulsão por jogo.
Na Série A-2, em que também são cobradas multas por cartões, a queda no número de expulsões não aconteceu até o momento.
Nas quatro rodadas inicias da competição, segundo a própria FPF, a média de cartões vermelhos foi de 0,88 por jogo.
Em 98, quando havia a suspensão automática, o número de expulsões ficou em 0,84 por partida, o que significa que o atual torneio tem uma média 3,70% maior do que a do ano passado.
Com isso, os clubes que disputam a Série A-2 já passam por dificuldades financeiras.
O Comercial de Ribeirão Preto, por exemplo, está pagando mais dinheiro à FPF (Federação Paulista de Futebol) com as multas por cartões amarelos e vermelhos do que arrecada com a renda líquida dos jogos em casa.
Na segunda divisão, a FPF cobra R$ 150 pelo primeiro cartão amarelo de cada jogador e R$ 300 a partir da segunda advertência. Cada cartão vermelho custa R$ 1.000.
Nas quatro primeiras rodadas, o Comercial teve de desembolsar R$ 4.950,00 por causa de seus jogadores terem recebido 11 cartões amarelos e três vermelhos.
Essa despesa é maior que as rendas líquidas do clube nos jogos da Série A-2. Os cálculos não levam em consideração os R$ 12 mil dados aos clubes pela própria federação por mando de jogo.
Na estréia do Comercial no Campeonato Paulista da Série A-2, contra o Bragantino, no estádio Francisco Palma Travassos, 2.780 pagantes proporcionaram uma arrecadação bruta de R$ 13.420,00.
Descontados os gastos com a realização da partida e o valor dos cartões cobrados pela FPF, o Comercial ficou com apenas R$ 126,25 da renda do jogo.


Colaborou a Folha Campinas


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