São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Clássico presidencial


Para Andres Sanchez e Juvenal Juvêncio, não há dúvida de que o clássico hoje é contra o maior rival predileto de seus clubes

ANDRES SANCHEZ não pensa duas vezes antes de responder qual o maior rival do Corinthians: "Rival para mim é o São Paulo". Não insista, nem pergunte se no passado ele gostava mais de vencer o Palmeiras. Andrés segue firme: "Para mim, sempre foi o São Paulo". Essa discussão ganha corpo a cada fracasso do Palmeiras.
Nas últimas três décadas, houve nove decisões entre corintianos e são-paulinos, o que reforça a tese de que Corinthians x São Paulo ficou maior que Corinthians x Palmeiras.
Quando é o presidente corintiano quem diz isso, é preciso levar a sério.
Dirigente como Andres Sanchez, Juvenal Juvêncio sempre foi um torcedor mais contido. Mas, se a pergunta é a mesma, a resposta também é: "Eu gostava de ganhar do Corinthians". Andres e Juvenal são torcedores de épocas distintas.
O corintiano diz que o jogo de sua vida foi Corinthians 1 x 0 Ponte Preta, do gol de Basílio, quando tinha 14 anos. Fora esse? "O gol do Tupãzinho, em 90." Juvenal precisa de mais esforço para citar uma partida marcante. Os 3 a 1 da final do Paulistão de 1957, talvez? "Sim, esse foi um jogo marcante. Houve a briga, todos correndo atrás do ponta Maurinho, no gol de entrada do Pacaembu", diz o presidente, com 19 anos na época.
Presidente de clube também é torcedor. O problema é quando não passa disso. Nesta semana, o presidente do Corinthians, Andres Sanchez, chamou Juvenal Juvêncio de mentiroso ao ser acusado de roubar jogadores de divisões de base. Os dois presidentes negam a gravidade do episódio. Muito mais grave foi a guerra do Morumbi, que gerou briga e torcedores feridos, em 2009.
Andres Sanchez diz até hoje que o Corinthians não jogará no campo do São Paulo enquanto ele for o presidente. No final de 2009, no entanto, houve reuniões entre os diretores de marketing dos dois clubes tratando de uma solução conciliatória.
Luis Paulo Rosenberg, do Corinthians, queria disputar a Libertadores no Morumbi. Adalberto Baptista, do São Paulo, aceitou, mas apenas na primeira fase. O receio era que a rivalidade criada com a briga do ano passado resultasse numa quebradeira em caso de eliminação corintiana no interclubes continental.
Ao ouvir a história, Andres ataca de novo: "Ele é mentiroso!". Logo depois, abaixa o tom. "Se alguém falou em nome do Corinthians, eu não sei." Rosenberg queria mesmo o Corinthians no Morumbi, pelo menos na primeira fase da Libertadores. Andres Sanchez vetou.
"Eu não discuto. Vou ao Pacaembu e não pergunto se tenho três, quatro ou dez mil ingressos. São normas", afirma Juvenal Juvêncio. Há cinco anos, não haveria discussão. Um clássico como o de hoje, disputado pelos maiores rivais do Estado, seria jogado no estádio do Morumbi e não se falaria mais nisso.
Em 2009, faltou a lembrança de que dois meses antes o Tricolor avisou em entrevista coletiva que os compromissos com setor Visa e Sócio- -Torcedor impediam a divisão das arquibancadas em porções iguais.
"Gosto de gente como o Andres e o [Antônio Roque] Citadini. Eles falam no São Paulo e têm orgasmos", brinca Juvenal Juvêncio.
Os corintianos podem responder que têm orgasmos há oito clássicos.
O tempo que não perdem do rival.

pvc@uol.com.br


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