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Farah promete eliminar a
cúpula da Lusa por suborno
MARCELO DAMATO
ROBERTO DIAS
da Reportagem Local
O presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, ameaça eliminar do futebol os
personagens do suposto esquema
de suborno no Campeonato Paulista de Futebol-98.
"Se for comprovado que houve
uma armação, um esquema para
tentar subornar os jogadores da
Santista, mesmo que o dinheiro
não tenha chegado a eles, o caso será enquadrado como atitude antiesportiva, e os responsáveis estão
sujeitos à eliminação do futebol",
disse Farah, citando o Código Brasileiro Disciplinar de Futebol.
"Pode ser o diretor de futebol, o
presidente ou o vice. Não importa.
Quem fez será punido. É necessário fazer isso para tirar qualquer
dúvida sobre o campeonato."
Em 1º de março do ano passado,
a Lusa empatou em 4 a 4 com a
Portuguesa Santista, no campo do
adversário, e se classificou para a
segunda fase. A Santista teve que
disputar o "torneio da morte" e só
escapou do rebaixamento na última rodada.
Dirigentes da Lusa teriam retirado R$ 130 mil dos cofres do clube
para oferecer ao técnico e ao goleiro da Santista, por meio do empresário do futebol Toninho Silva.
Segundo apuração do Conselho
de Orientação e Fiscalização da
Lusa, o dinheiro jamais chegou ao
goleiro Nasser, tendo ficado com o
então diretor de futebol Camões
Salazar e com Silva. Ambos repudiam essa conclusão.
O relatório do COF, agora, será
avaliado pela Comissão de Ética da
Lusa. A comissão poderá apontar
culpados, que seriam punidos pelo
Conselho Deliberativo.
²
Imunidade
Se por um lado ameaça os personagens envolvidos no escândalo,
por outro Farah diz que a Lusa não
corre o menor risco de ser punida.
"Como pessoa jurídica, o clube
não pode ser punido. O resultado
do jogo não pode ser mudado. Por
lei, isso só pode acontecer se houvesse recurso em até 48 horas após
a partida", afirmou à Folha.
Para Farah, a investigação da Lusa sobre o suposto desvio dos R$
130 mil que seriam usados no suposto esquema de suborno não diz
respeito à FPF.
"Isso é uma questão de desfalque. É um assunto interno do clube. A Justiça esportiva não tem
competência para julgar o caso."
²
Nasser
O presidente da federação também fez um elogio e uma crítica ao
goleiro Nasser, o mais veemente
denunciante do suposto esquema
de suborno organizado pela Lusa.
O goleiro revelou até mesmo o
contrato que fez com o clube dois
meses após a partida. Segundo o
goleiro, apesar de essa não ser a
sua intenção inicial, o contrato
acabou servindo como uma maneira de "comprar" seu silêncio,
pelo menos até a semana passada.
"Ele demorou muito para denunciar o esquema. Poderíamos já
ter agido. Mas é preciso reconhecer que ele teve coragem. Há sempre o temor de sofrer represálias."
Segundo Nasser, o vice de futebol
da Lusa, Ilídio Lico, o procurou
sob a justificativa de contratá-lo e
acabou interrogando sobre se havia participado do suposto esquema de suborno. As perguntas tornaram-no consciente do conluio,
mas ele prometeu não revelar o esquema caso não fosse "prejudicado", isto é, caso assinasse o contrato e pudesse jogar pela Lusa.
Foi assinado então o contrato,
que garantiria R$ 12 mil mensais
para Nasser entre maio e dezembro do ano passado.
Conforme a versão do goleiro, a
Lusa tentou descumprir o combinado, mas ele pressionou por um
acordo, que acabou sendo feito. Ao
todo, Nasser receber R$ 83 mil
reais pelo contrato "cala-boca".
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