São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2000


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FUTEBOL
Fraca exibição contra o Equador faz comissão técnica cobrar mais responsabilidade dos "convocáveis"
Seleção dá início a patrulha física

FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local

A comissão técnica da seleção brasileira elegeu os jogadores como culpados pela fraca atuação diante do Equador, anteontem, no Morumbi, e ameaçou não voltar a chamar aqueles que descuidarem do preparo físico.
O Brasil venceu a partida por 3 a 2, mas os 64 mil torcedores que estavam no estádio vaiaram a seleção, chamaram o técnico Wanderley Luxemburgo de "burro" e pediram a convocação do vascaíno Romário e a entrada do gremista Ronaldinho, substituído no time titular por Amoroso na véspera do jogo supostamente por estar acima do peso.
No conceito de Luxemburgo e dos profissionais que o auxiliam, os convocados para os jogos do Brasil nas eliminatórias não estão se apresentando à equipe nas condições físicas ideais.
Como o tempo de preparação para esses confrontos tem sido muito escasso, qualquer deslize é fatal, avalia a cúpula da seleção.
O time nacional teve três dias para se preparar para o jogo contra o Equador. Na estréia, diante da Colômbia (empate em 0 a 0, em Bogotá), o período foi ainda menor: apenas dois dias.
"Os jogadores têm que entender que a Copa já começou. Com essa falta de treinamentos, vamos ter que contar com a colaboração deles, para que cheguem dos clubes o mais bem preparados possível", cobrou Luxemburgo.
Os seus auxiliares ecoam a exigência. "Tem jogador que poderia ter vindo melhor, isso poderia. Um jogador convocável tem que estar sempre atento à convocação", afirmou, sem querer citar nomes, o preparador físico da seleção, Antônio Mello, se referindo ao jogo contra o Equador.
Ele e o fisiologista Renato Lotufo dizem estar em contato permanente com os jogadores "selecionáveis" e com os seus respectivos clubes. Lotufo, porém, afirmou que a comissão técnica deverá intensificar essa prática durante as eliminatórias, principalmente em função dos últimos episódios de contusões e falta de preparo de alguns atletas.
"As eliminatórias são uma competição em que você tem um jogo por mês. Então é imprescindível que você tenha esse contato", disse o fisiologista.
Para Luxemburgo, o início do torneio tem sido uma "escola" para a seleção.
"Estamos aprendendo a viver essas eliminatórias, porque elas são diferentes de tudo o que conhecemos, com apenas três dias para treinar. Vamos sentir dificuldades e vamos ter que superar os problemas que se apresentarem, que estão sendo e serão muitos."
"Nossa classificação (para a Copa) vai ser doída", admitiu.
Desde o início das eliminatórias, os problemas causados por desgaste ou preparação inadequada vêm se sucedendo.
No jogo de estréia, em Bogotá, o Brasil atuou parte do segundo tempo com praticamente dez homens em campo -o zagueiro Aldair sentiu cãibras e Luxemburgo já havia feito as três substituições, uma delas, a do meio-campista Alex, por contusão.
Antes daquele jogo, o técnico fora obrigado a cortar cinco jogadores, todos por motivo de lesão.
Mais foi anteontem que surgiram os casos mais complicados. Primeiro, na véspera do jogo, Ronaldinho foi sacado por, segundo a comissão técnica, estar acima do peso -informação negada pelo Grêmio, clube do jogador.
O consultor Candinho disse que o episódio de Ronaldinho serviria "como exemplo" para os jogadores se cuidarem.
Durante a partida, Roberto Carlos -que semanas atrás foi poupado de jogo do Real Madri para evitar uma lesão na coxa, mas foi convocado assim mesmo- pediu para ser substituído por ter machucado justamente a coxa.
Zé Roberto quase não foi escalado e jogou com gripe.


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