São Paulo, sexta, 28 de maio de 1999

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SPARRING
O rival de Popó

EDUARDO OHATA

O baiano Acelino "Popó" Freitas, que no próximo dia 7 enfrenta Anatoly Alexandrov, campeão dos superpenas pela OMB (Organização Mundial de Boxe), é, entre todos os brasileiros que disputaram títulos nos últimos anos, aquele que melhores chances tem de retornar ao Brasil vestindo o cinturão.
Esta coluna obteve as medidas e quatro teipes do russo (Genaro Hernandez, Djamel Lifa, Julien Lorcy e Arnulfo Castillo), que mede 1,68 m e tem 1,77 m de envergadura. Pelos VTs, o lutador promovido pela empresa dos irmãos Acaries (AB Star Production) não é nenhum fenômeno.
Discípulo do estilo europeu, Alexandrov não é adepto do jogo de cintura, adotando uma postura diferente, mais ereta, privilegiando a movimentação de pernas para escapar dos golpes.
A defesa do russo, que gosta sempre de tomar a iniciativa dos combates, é imperfeita, sobretudo pelo lado esquerdo, por onde entram com relativa facilidade os cruzados de direita.
Apesar de desferir, com velocidade -sua maior arma-, um grande volume de golpes firmes e apresentar nos últimos assaltos a mesma preparação física dos assaltos iniciais, o russo não possui uma pegada demolidora.
Das 15 vitórias obtidas por nocaute, 14 foram por nocaute técnico, aquele decidido por intervenção do árbitro ou técnico. Só uma foi por nocaute clássico, em que o sujeito "dorme".
Mesmo apresentando algumas vulnerabilidades, Alexandrov, 32, será, de longe, o melhor adversário de Freitas, cuja carreira havia estagnado após vencer o torneio Boxcino, que reuniu lutadores de oito países, em 97.
Freitas, 23, que não será o favorito contra Alexandrov, é, indubitavelmente, o melhor boxeador nacional da atualidade.
Resta saber se esse status será o suficiente para torná-lo o primeiro brasileiro campeão (por uma das quatro principais entidades que controlam o boxe internacional) desde Miguel de Oliveira, em 1975.

NOTAS

Campeão
O melhor peso-pena da atualidade, o britânico Naseem Hamed, campeão da categoria pela Organização Mundial de Boxe, está pedindo permissão ao presidente da entidade, o porto-riquenho Francisco Valcarcel, para unificar novamente o título (no passado, Hamed unificou o título, depois fragmentado novamente no tapetão). O fato de o campeão ter de fazer uma defesa de título contra o primeiro do ranking, Juan Manuel Marquez, poderia atrapalhar os planos de Hamed. O conselho deliberativo da OMB vai aproveitar o congresso que está acontecendo em Porto Rico para discutir o assunto.

Desafiante
Aliás, Luís Cláudio Freitas, que está em Los Angeles ajudando na preparação do irmão "Popó", tem chances de, no futuro, enfrentar Hamed, pois está ranqueado entre os dez primeiros desafiantes pela OMB.
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