São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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Técnico só tem vitórias no Brasil

da Reportagem Local

O técnico Wanderley Luxemburgo tem um desafio pessoal a vencer nesta Copa América: acabar com o tabu de jamais ter vencido uma equipe estrangeira num jogo oficial no exterior.
Dentro do Brasil, ele se tornou um do técnicos mais vitoriosos das últimas décadas, com quatro títulos brasileiros -três na Série A e um na Série B, quatro paulistas -em 1991, 93, 94 e 96- e dois do Rio-São Paulo, em 1993 e 97.
Dois títulos da Série A do Brasileiro (93, 94), três do Paulista (93, 94 e 96) e um do Rio-São Paulo (93) foram com o Palmeiras. Venceu também o Paulista-90 e o Brasileiro da Série B do mesmo ano com o Bragantino, o Rio-São Paulo-97 com o Santos e o Brasileiro-98 com o Corinthians.
Foi esse sucesso que o empurrou para ser o técnico de seleção após a Copa-98, cargo que ele almejava pelo menos desde 1990. Mas Luxemburgo chegou à seleção com um ponto fraco: seus equipes quase sempre tropeçaram no exterior.
Em 1994, dirigindo o Palmeiras na Taça Libertadores da América, goleou o Boca Juniors no Brasil, mas na Argentina perdeu para o Boca e para o Vélez Sarsfield.
Em 1997, ele dirigiu o Santos na Supercopa dos Campeões da Libertadores e perdeu, na Argentina, para o River Plate e empatou com o Racing, que já estava mergulhado numa situação de crise financeira e administrativa.
No ano passado, a estatística foi ainda mais cruel. O Corinthians foi eliminado da Copa Mercosul. Na única partida que conseguiu vencer no exterior (2 a 0 sobre o Peñarol, no Uruguai, quando o time já estava eliminado), quem dirigiu a equipe foi seu então auxiliar Oswaldo de Oliveira.
No jogo que Luxemburgo dirigiu, os corintianos apenas empataram com o Olímpia em Assunção (alguns meses depois, os dois times voltaram a se enfrentar pela Libertadores, e, sem Luxemburgo, o Corinthians venceu).
Até mesmo em torneios de pré-temporada e amistosos, o retrospecto do técnico da seleção é ruim.
Em 1993, depois de quebrar o tabu palmeirense de 16 anos sem títulos do Paulista, comandou o time numa excursão à Espanha e foi derrotado pelo Cádiz, no Ramon de Carranza, e pelo Real Madrid e Valladolid, no Teresa Herrera.
Numa excursão ao Japão e à China, conseguiu vitórias, mas sobre equipes sem expressão como Quanxing e Taishan, da China, e os times ingleses do Wolverhampton e do Bradford.
Na seleção, a campanha de Luxemburgo é irregular. Venceu dois jogos, empatou um e perdeu um.
Mas a derrota (para a Coréia do Sul, a primeira da seleção brasileira principal para uma equipe asiática em todos os tempo) é o resultado mais expressivo, especialmente por que das duas vitórias, uma foi contra o Equador em campo neutro e a outra sobre o Japão.
Na competição que começa amanhã, Luxemburgo tem uma chance de acabar com esse fantasma.
Se Luxemburgo conseguir levar à seleção à conquista da Copa América, todo esse retrospecto será apenas parte do passado.
Mas, se perder, certamente começará a ficar mais forte o palpite de Luxemburgo é uma espécie de oposto de Mario Zagallo, que tem quatro títulos mundiais e quase nada no Brasil. (MARCELO DAMATO e RODRIGO BUENO)


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