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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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FUTEBOL

O detalhe do gol

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Um velho fantasma voltou a assombrar o São Paulo ontem, no Maracanã. Com o jogo praticamente vencido, o tricolor cedeu o empate ao Flamengo já nos acréscimos. Há muito tempo eu não via um técnico comemorar tanto um gol como fez Oswaldo de Oliveira contra seu ex-clube. Parecia estar dizendo: "Eu sabia. No meu tempo já era assim".
Mas o placar foi enganoso. Depois de um início empolgante, que culminou no belo gol de Diego, o São Paulo se fechou bem e deu poucas chances ao rubro-negro. O próprio gol de empate surgiu de um lance isolado: uma falta de longa distância, batida com violência e desviada na barreira.
Mais importante que o placar foi a boa volta de Ricardinho, embora fora de ritmo. O problema, para Rojas, será a volta de Kaká. O que fazer? Escalá-lo no ataque, onde rende menos? Ou colocá-lo como meia, abrindo mão de um volante e arriscando comprometer o equilíbrio defensivo?
 
O Santos, com os titulares ou com os reservas, deve ser o time brasileiro que mais cria e perde chances de gol. Sábado, contra o Vasco, foi um caso típico.
No primeiro tempo, só deu Santos, que chutou uma dúzia de bolas contra o gol de Fábio. Por afobação ou falta de pontaria, nenhuma entrou.
Já o Vasco, no primeiro chute a gol, abriu o placar. Mas que chute! Recebendo um longo lançamento pelo alto, Marcelinho emendou de primeira, de esquerda, e fez o maior golaço da rodada. Num único lance, exibiu exatamente o que faltou a todos santistas: competência na conclusão.
Ainda bem, para o time de Leão, que o Vasco se abriu mais no segundo tempo, dando espaço para o Santos buscar a virada.
Ainda no sábado, um pouco mais tarde, o Palmeiras também perdeu inúmeras e preciosas oportunidades de gol, no eletrizante segundo tempo de sua derrota para o Remo.
A juventude dos santistas e a intranquilidade dos palmeirenses podem servir como desculpa parcial para os gols perdidos. A receita para aprimorar esse fundamento -o do arremate- está no próprio Marcelinho: talento, autoconfiança e muito treino.
 
O México teve tudo a seu favor na final da Copa Ouro -a altitude, o calor do meio-dia, um juiz complacente-, mas isso pouco importa. A única valia desse torneio para o Brasil foi dar início ao trabalho de preparação para os Jogos Olímpicos de Atenas-2004.
Vários jogadores mostraram-se à altura de enfrentar o desafio olímpico: Gomes, Alex, Nilmar, Carlos Alberto, Maicon, Adriano. Outros, como Kaká, Luisão e Diego, podem até lutar por um espaço na seleção principal.
Robinho, por sua vez, continua sendo uma incógnita. Ao contrário dos que se apressam em decretar que o jovem atacante santista é fogo de palha, torço muito para que ele cresça e (re)apareça. O futebol -pelo menos o que eu gosto de ver- precisa de fantasia.

Vergonha
O fato pode parecer velho, mas merece comentário. Morumbi, quinta-feira, São Paulo 1 x 2 Ponte Preta. Se a agressão de Rogério a um adversário foi apenas estúpida, a dos torcedores são-paulinos, contra jogadores e dirigentes campineiros, foi covarde ao extremo. A diretoria tricolor -ou a administração do estádio, o que dá no mesmo- tem de explicar como isso pôde ocorrer.

Meio time
Os próprios cruzeirenses já admitem sua "alex-dependência". Não é para menos. Se alguém fizer um levantamento dos gols cruzeirenses dos quais ele participou diretamente, chegará a uma porcentagem espantosa. Quando ele não joga, o time perde. Quando volta, comanda boas vitórias como a de ontem.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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