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FUTEBOL
Nem azar nem sorte
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Como se esperava, a Argentina marcou por pressão, tomou a bola com facilidade, dominou a partida, criou várias chances de gols, foi muito melhor do
que o Brasil, mas não venceu.
Não foi apenas azar. Há muito
tempo que a Argentina não tem
um excepcional atacante. Além
disso, os pontas só avançavam pelos lados, e o único atacante (Tevez) recuava para receber a bola.
O time finalizou pouco.
O Brasil fez uma péssima partida, ficou acuado no seu campo,
não trocou passes, porém empatou e venceu nos pênaltis. Não foi
somente sorte. Alex sempre coloca
a bola na cabeça do companheiro, e Adriano, mesmo no meio de
tantos zagueiros, sempre domina
e finaliza rápido e com eficiência.
Se a Argentina tivesse um Ronaldo na partida pelas eliminatórias, no Mineirão, e um Adriano
na final da Copa América, provavelmente venceria os dois jogos.
Foi uma vitória dos reservas do
Brasil contra a maioria dos titulares da Argentina, e não uma vitória dos jovens brasileiros contra
os experientes argentinos, como
escutei um milhão de vezes. Dos
atletas que iniciaram a partida,
cinco da Argentina tinham idade
olímpica. No Brasil eram três:
Maicon, Luisão e Adriano. Quase
todos os reservas da Argentina,
como Saviola, D'Alessandro, Delgado e Figueroa, irão a Atenas.
Adriano foi o craque da Copa
América. Ele só não será titular
porque é reserva do maior centroavante do mundo (Ronaldo) e,
provavelmente, do maior jogador
do mundo (Ronaldinho Gaúcho).
Adriano está em boa fase. Ele é
um atacante excepcional, como
mostrou no Italiano.
Além de Adriano, Júlio César,
Juan, Luisão, Alex e Renato confirmaram que estão no nível dos
titulares ou próximos deles. Prefiro Juan a Roque Júnior. Grande
novidade!
Alex, mesmo discreto na maior
parte dos jogos, realizou o que fez
no Cruzeiro. Nas cinco partidas
de que participou, 8 dos 12 gols
saíram dos seus pés. Muitas pessoas não enxergam o óbvio. Se a
seleção tivesse um atacante com
um bom passe, que recuasse e
abrisse espaços, Alex faria gols como no Cruzeiro, já que é um ótimo finalizador, com os pés e com
a cabeça.
Como era também previsto,
Mancini foi um razoável lateral.
Ele sempre se destacou na posição
de meia direita ou na de ala, do
meio para a frente. Gustavo Nery
e Maicon estiveram no mesmo nível do Mancini.
Luis Fabiano não brilhou e foi
ofuscado por Adriano. Em todas
as partidas que atuou pela seleção, amistosas e oficiais, ele só esteve bem no amistoso contra a
Hungria, quando atuou ao lado
do Ronaldinho Gaúcho. Perto de
outro centroavante (Ronaldo ou
Adriano), Luis Fabiano ficou perdido, sem lugar.
Parreira tentou recuperar Kleberson, mas ele não jogou bem,
como nos últimos dois anos. Não
entendi a insistência do técnico
em pôr Diego no segundo tempo,
na vaga de Kleberson. Diego pode
jogar 500 partidas nessa posição
que não vai se adaptar.
Já Renato se posicionou bem de
primeiro volante, marcou corretamente, apesar de perder várias
bolas na intermediária do Brasil
nos dois últimos jogos. Edu confirmou que não tem velocidade e
habilidade para atacar e defender, como deveria fazer. No atual
esquema tático, Zé Roberto continua sem um bom reserva.
Contra o Paraguai, Felipe jogou
bem o primeiro tempo e foi substituído por cansaço. Diante da Argentina, ele, como Alex, pegou
pouco na bola. Se entrasse qualquer meia de ligação, ocorreria o
mesmo, já que esse tipo de jogador depende do passe dos laterais
e dos volantes. Esses foram totalmente anulados e se limitaram a
defender.
Virou moda no futebol escalar
três volantes para marcar e deixar toda a armação para o meia
de ligação. Assim é fácil anulá-lo,
principalmente se um dos atacantes não recuar para ajudá-lo.
Com exceção da partida contra
o México, o Brasil não brilhou na
Copa América. Era previsto, pela
ausência dos titulares. Mesmo assim, a equipe foi campeã e mostrou a força e a qualidade do futebol brasileiro.
Equilíbrio
No Campeonato Brasileiro, o
público encolheu e o nível técnico
está baixo, com algumas exceções. O futebol está tão pobre que
o volante Emerson, do Atlético-MG, um jogador apenas raçudo,
às vezes violento e sem nenhuma
habilidade, é o ídolo da torcida. O
consolo é dizer que esse é o torneio mais equilibrado do mundo.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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