São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Para oposição, mudanças nos estatutos inviabilizam eleições no clube
Oposicionistas corintianos desistem de candidaturas

da Reportagem Local

Por considerarem que o atual estatuto inviabiliza uma competição justa pela presidência corintiana, os partidos de oposição desistiram de disputar a eleição no clube, marcada para o dia 15 de agosto.
Em entrevista ontem, Marlene Matheus, que forma chapa de oposição com Romeu Tuma Júnior como vice, alegou que algumas mudanças no regulamento, efetuadas em 94, beneficiam a reeleição de Alberto Dualib.
Os oposicionistas entraram com ação na Justiça para cancelar as eleições. Eles reivindicam que no dia seguinte ao pleito, o cargo fique vago e um interventor convoque nova votação baseada no estatuto anterior, elaborado em 1984.
A outra chapa de oposição é formada por Antoine Gebran e Orlando Monteiro Alves (vice).
Uma reunião do Conselho Deliberativo corintiano, em dezembro de 94, promoveu alterações nos estatutos do clube e prorrogou o mandato de Alberto Dualib até agosto deste ano. Desde então, os oposicionistas tentam anular as mudanças na Justiça. O processo corre agora em Brasília, no Superior Tribunal de Justiça
"É uma ditadura. Hoje o Corinthians não é dos associados, não é da torcida, é de um grupinho que quer se perpetuar no poder", afirmou ontem Marlene Matheus, ex-presidente do clube.

Reclamação
Os sócios foram convocados a votar no dia 15 de agosto para eleger 100 conselheiros quadrienais para o período de 1998 a 2002.
Os 100 membros farão parte do Conselho Deliberativo, órgão que escolhe o presidente, além de outros membros da administração.
Com as mudanças no estatuto, o Conselho Deliberativo passou a ser composto, também, por membros indicados ou nomeados.
Além disso, o número de conselheiros subiu de 300 para 400, sendo que uma nova divisão na composição foi estabelecida.
Antes os membros vitalícios somavam 30% do corpo (90 membros), e os eleitos, 70% (210).
Hoje, os membros vitalícios, indicados pelo próprio conselho, são 50% (200 membros). A outra metade é dividida entre indicados e nomeados (25%, ou 100 componentes) e outros 100 (25%) que serão eleitos no dia 15.
Atualmente, o órgão corintiano possui 94 conselheiros vitalícios. Na Assembléia Geral, serão escolhidos 100 conselheiros quadrienais. Assim, o restante, 206, mais do que a maioria, seria formado por membros indicados pelo presidente do conselho, atualmente Williams Pereira de Melo, partidário da situação.
Dessa forma, a oposição entende que não há sentido concorrer, já que a maioria do conselho que elegerá o novo presidente deverá ser formada por situacionistas.
"Do jeito que ficou o estatuto, não temos como ganhar. A eleição virou uma farsa. Um golpe", revoltou-se Marlene Matheus.
"Essa oposição não existe. São inimigos do Corinthians. Até outro dia, pediam eleições. Agora ficam procurando problemas", defende-se o presidente do conselho.
Segundo ele, os 106 vitalícios que serão indicados para compor o quadro passarão por uma "análise severa" de uma comissão formada por ele e mais quatro membros. Ele não afirma quem são os outros componentes. "É uma comissão interna." (JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO e LUIZ CESAR PIMENTEL)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.