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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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AÇÃO

Brasileiro de snowboard

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Enquanto subia no ski-lift, o senhor ao meu lado me chamou a atenção para os quatro surfistas da neve que deslizavam na pista ao lado. Esquiador, o sr. Andrew, um nova-iorquino de 74 anos, estava admirado com a velocidade e os saltos deles. A pista de boardercross ficou para trás e ele seguiu falando da sua admiração pelo esporte praticado pelos seus netos, que também estavam lá em Valle Nevado, no Chile.
A bateria que o americano flagrou era uma fase do Brasileiro de snowboard. Realizado na semana passada, o campeonato é organizado há nove anos pela Associação Brasileira de Ski e Snowboard e cresce a cada ano.
O boardercross, modalidade que combina habilidades alpinas e de freestyle, ocupou o primeiro dia de provas. O campeonato foi dividido nas categorias master, aspirantes, e pelas provas FIS, abertas a profissionais de outros países e que contam pontos para o ranking mundial. Por combinar diferentes estilos com a emoção da corrida, geralmente marcada por atropelos, o boardercross é a modalidade na qual os brasileiros têm mais chances contra atletas que nascem deslizando na neve.
Nossos dois principais candidatos a uma vaga em Turim-2006 confirmaram o favoritismo. Felipe Motta, 27, obteve um honroso 11º lugar e ficou com o bi brasileiro, e Isabel Clark, 26, iniciava mais uma sequência de títulos em grande estilo.
Competindo com européias, americanas, chilenas e argentinas, Isabel venceu a final, para conquistar seu quarto título na modalidade. Foi a primeira vez que uma brasileira venceu o Brasileiro na categoria FIS.
O feito se repetiria nas provas de PGS, ou Slalom Gigante Paralelo, desta vez no masculino. Ricardo Moruzzi, 24, também defendendo o título nacional na modalidade, fez uma sequência precisa de descidas e manteve a hegemonia, vencendo pela segunda vez a Copa Continental.
Isabel por pouco não chegou à decisão. Ficou em terceiro e garantiu seu nono título, todos disputados até hoje no PGS.
O último dia de provas foi do half pipe. Skatista profissional, André Cywinski finalmente alcançou o título que rondava desde 99 e desbancou o tricampeão Felipe Motta. André, 25, chegou embalado vindo do Circuito Europeu de skate e ficou em quinto na Copa Continental. E Isabel, competindo pelo segundo ano no half, ficou em segundo na Copa e conquistou o bicampeonato brasileiro na modalidade, fechando sua trilogia no campeonato.
Nos esportes de neve, assim como a maioria dos esportes no país, os resultados são muito mais fruto do talento e da dedicação dos atletas do que da estrutura técnica e financeira para seu desenvolvimento. Isabel, Felipe, Ricardo e André estão sem patrocínio, têm só apoios e providencial ajuda do COB, que tem dedicado especial atenção aos atletas da neve. O mesmo ocorre à ABSS, que fez mais um Brasileiro graças aos esforços de seus integrantes.
Quanto ao sr. Andrew, enquanto fixava minhas botas à prancha, sumiu deslizando "Diablada" abaixo, à procura dos netos.

Mais neve
E nesta semana, também em Valle Nevado, está acontecendo a 18ª edição do Brasileiro de esqui. Ricardo Kawamura, 18, ficou em sétimo na Copa Continental e garantiu o bicampeonato no Slalom. Ontem seria disputada a prova Giant Slalom e hoje, o Super G.

Roubada
Praticante de vôo livre, Marco Moreira, o Curumim, foi abordado na alfândega de Jacarta. Com 14 quilos de cocaína no equipamento, fugiu e foi preso após 15 dias. A lei prevê pena de morte para tráfico.

Kitesurfe
O paulista Marc Conrad e a carioca Carol Freitas foram os vencedores da primeira etapa do Brasileiro, encerrado domingo.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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