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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Ele ficou

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Mesmo com Lei Pelé, calendário desencontrado com o da Europa e crise econômica no país, Diego fica no Santos. O Tottenham oferecia milhões, o pai e procurador temia que ele não recebesse outra proposta tão boa, e mesmo assim ele não foi.
E não foi por quê? Basicamente, porque não quis.
Diego só não receberá uma proposta melhor do que essa se acontecer algum desastre. Nome cada vez mais certo nas seleções principal e olímpica, Diego tem tudo para ser um dos principais jogadores brasileiros nos próximos anos. Por que a pressa de ir embora? Dinheiro, ele vai ganhar de qualquer jeito -60 mil por mês está bom demais- e a Europa vai continuar onde sempre esteve.
Se saísse, Diego passaria a ser um dos "estrangeiros" do Parreira. Jogaria as eliminatórias sob o efeito de viagens mais longas e do fuso horário -até a carreira na seleção poderia ser prejudicada.
Reclamamos que os europeus só enxergam o próprio umbigo (como na eleição do melhor do ano), mas somos os primeiros a desvalorizar o que temos. Por que jogar no médio Tottenham seria melhor do que defender o ótimo Santos no Brasileiro? Certo, os gramados são lindos, os estádios são modernos e cheios, e o planejamento é bem-feito. Isso é importante. Mas o Peixe é mais time.
O camisa 10 do Santos provou outra vez que é um jogador diferenciado. Quando todos só pensam em ir embora -vejam as declarações de vários sub-20 e sub-17, felizes com a chance de chamar a atenção de olheiros-, ele resiste a um convite milionário e fica. Pelo menos mais um pouco.
Os clubes têm saudade do passe porque ganhavam mais na venda de jogadores, mas esquecem que não gastam mais milhões para comprá-los.
Se há jogadores que vão embora no meio de um contrato sem que o clube receba algo pelo rescisão, é porque é cada vez mais comum pegar atletas emprestados, que jogam em um time e continuam vinculados a outro. Às vezes o outro até paga os salários. Por isso, quando o jogador é negociado, o ex-clube tem algo a receber, e o atual não. Enfim, ninguém quer gastar, mas todo mundo reclama que não consegue receber.
Alguns dirigentes pensam em seus times como "vendedores", e não "vencedores". Depois de dispensar Artur Neto em razão da "incompatibilidade do técnico com as rotinas administrativas do clube na área do futebol", o vice-presidente do Figueirense, João Batista Baby, explicou: "Estamos em um torneio que é uma vitrine, e entendemos que os atletas das categorias de base deveriam ser mais bem aproveitados no time, pois podem trazer retorno para o clube". Parece que o objetivo não é o futebol, a competição, e sim o comércio de revelações!
Se os clubes não tivessem se acomodado com certas fontes de renda -passe, grandes patrocinadores e direitos de TV- e tivessem investido mais no único patrimônio inalienável -o torcedor- teriam bem menos problemas financeiros. Melhor que isso: poderiam estar ricos, e não quebrados.

Explicações
O Vasco esclarece: a renda de Vasco x Guarani foi de R$ 9.980,00 (público pagante: 998 torcedores), e o site esteve fora do ar por problemas técnicos. (Curiosidade: alguns colunistas criticam a diretoria e Eurico Miranda -no site oficial!). E Carlos Alberto Torres enviou o público e renda de todas as rodadas. Mas o site da CBF continua sem os borderôs, Capita!

Pan-tur
Não vejo nenhuma necessidade de a Assembléia do Rio mandar um deputado para o Mundial de ginástica para "estudar" para o Pan-2007 -mesmo que seja Georgette Vidor. Que eu saiba, não são os deputados que vão organizar o evento... Mas lá se vai o dinheiro público sob esse pretexto.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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