São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Dirigente, que está no comando da federação desde 1988, terá o mandato renovado na próxima segunda-feira

Só Farah disputa cargo de Farah na FPF

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Eduardo José Farah não terá opositor na eleição presidencial da FPF na próxima segunda-feira.
A chapa encabeçada pelo dirigente foi a única inscrita na entidade até ontem, às 17h, prazo determinado pelo mesmo Farah em edital publicado na última terça-feira em um jornal de São Paulo e por meio do site da entidade.
Junto com Farah, serão eleitos para cumprir quatro anos de mandato como vice-presidentes Marco Polo del Nero e Reynaldo Carneiro Bastos -este último também concorre à reeleição, já que é vice da FPF.
Ambos, entretanto, amargam o fato de não poderem ter lançado chapas próprias. Isso porque Farah, que havia anunciado que não concorreria na FPF, voltou atrás após o esvaziamento da Liga Rio-SP, também presidida por ele.
Bastos, por exemplo, já havia arrematado o apoio de cerca de 60 clubes, entre eles o São Paulo, mas teve que recuar.
Del Nero, que neste mandato dirige o Tribunal de Justiça Desportiva, foi, ao menos, "promovido", já que será parte da diretoria da entidade paulista no próximo.
Com a aclamação dos clubes na segunda, Farah estará gabaritado a assumir seu quarto mandato na FPF, que assumiu em 1988.
Na segunda, como existe apenas uma chapa inscrita para a disputa eleitoral, os votos não serão secretos. Será facultado aos clubes apenas concordar ou não com a eleição de Farah -como, aliás, aconteceu na eleição passada.
Desta vez, entretanto, o caminho da "aclamação" foi mais tortuoso. Assolado por denúncias das CPIs, enfraquecido com o fim dos regionais e esmagamento dos estaduais, e com a sua administração na FPF sendo investigada pela Polícia Civil (supostos crimes de apropriação indébita e estelionato), Farah ainda atrasou a convocação da eleição, que por estatuto deveria ter acontecido em julho passado, como revelou a Folha.
O descumprimento do estatuto não foi contestado judicialmente por nenhum clube filiado à FPF, mas deu força a criação do único movimento de oposição formal contra Farah, segundo o líder rival Milton Cardoso. "Muitos clubes do interior mudaram de lado por causa do descaso dele [Farah] com o futebol do interior e com as leis da federação", afirmou.
Farah ainda é acusado por Cardoso de esvaziar o movimento rival pressionando os líderes do futebol do interior do Estado a assinarem a sua chapa.
Pela primeira vez, Farah convidou dirigentes de ligas e clubes sem expressão para "visitá-lo" na sede da FPF. Diariamente, no período pré-eleitoral, Farah também optou por divulgar no site da entidade a sua agenda -tal prática foi abolida ontem.
Outra jogada de Farah para colocar os clubes do seu lado foi entregar à livre escolha deles a opção por uma "virada de mesa" no Paulista-03. Cinco dias antes de marcar as eleições, Farah reuniu na sede da entidade o Conselho Arbitral (composto por times da A-1), além de ter convidado a Matonense, da A-2. Foi marcada nova reunião para ratificar o acordo: em 15 de outubro, quando o novo presidente estará escolhido.
Nem Farah nem a sua assessoria responderam ao pedido de entrevista feito pela reportagem.


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