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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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FUTEBOL

De Taffarel a Dida

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O goleiro brasileiro ganhou de fato respeito internacional pelas mãos de um homem que, por acidente, anunciou sua aposentadoria nas últimas horas.
Taffarel não é para a maioria dos conterrâneos o melhor de sua posição na história de sua seleção. Fora do país, porém, construiu um nome que nenhum outro arqueiro nacional obteve.
Foram mais de cem jogos pelo Italiano, o campeonato nacional mais badalado. Disputou Copa dos Campeões, Recopa, Copa da Uefa e Supercopa da Europa sem ter defendido um membro do G14, grupo dos clubes mais poderosos da Europa. Conquistou títulos continentais que estrelas brasileiras que jogam na linha jamais sonharam. Alcançou tudo isso quieto e desafiando o preconceito contra o goleiro nacional.
Dida venceu o tabu que imperava no Brasil desde 1950 de que goleiro negro não prestava. Mas internacionalmente só achou espaço após Taffarel quebrar a rejeição contra todos os goleiros brasileiros, negros ou brancos (enquanto o loirinho levava o futebol turco ao seu melhor momento, a muralha negra era subaproveitada pelo Milan, que o repassava a Lugano e Corinthians).
Sabidamente, a "escola" argentina de defensores de metas entrou em crise nos anos 90. Mesmo assim, limitados profissionais do gol do país vizinho seguiram mais prestigiados no mercado mundial que os "brazucas". Outros sul-americanos de tradição menor no futebol também viram seus arqueiros se destacarem pelo mundo. Para não ficar no paraguaio Chilavert, os mesmos turcos que amam Taffarel acolhem os dois camisas 1 mais renomados da Colômbia: Córdoba e Mondragón.
Taffarel figurou durante quase uma década como um guerreiro solitário, um desbravador. Laterais, zagueiros e volantes nacionais se firmaram na Europa há várias temporadas. Porém os goleiros, que já sofrem em qualquer lugar por escolher uma posição solitária e restritiva, ainda penam para arrumar espaço no Velho Continente. Um jovem talentoso como o ex-vascaíno Hélton suou para se ajeitar na modesta União de Leiria.
O alemão Kahn, que cometeu uma das maiores falhas das Copas, foi eleito o melhor jogador do último Mundial (hoje, tenta segurar com acupuntura uma séria inflamação nos olhos que embaça sua visão). O italiano Buffon, um dos poucos que rivalizam com Dida na atualidade, foi apontado o melhor da Copa dos Campeões passada. Com o futebol cauteloso em alta, os goleiros estão mais do que nunca valorizados. O craque brasileiro do Milan arrancou nota 8 da imprensa italiana por sua atuação na rodada inaugural da Copa dos Campeões. A defesa de Dida no chute de Van der Vaart, do Ajax, foi mais exibida que os gols de Ronaldo e Roberto Carlos contra o Olympique.
O pentacampeão Marcos namorou com o Arsenal, mas é ofuscado hoje, inclusive na seleção, por Dida. Este pode ser o melhor da Europa já nesta temporada, mas, em amistoso do Brasil com a Jamaica em Londres, e na história dos goleiros brasileiros, deverá ficar na sombra de Taffarel.

Valdir Peres
Criticado na Copa-82, o ex-são-paulino deve virar livro na Itália.

Mazaropi e Zetti
A IFFHS dá o ex-vascaíno como o goleiro com a maior sequência sem sofrer gol no mundo (1.816 minutos). Zetti é o 5º na lista (1.242).

Leão
Para Cruyff, a melhor defesa da história não foi a do inglês Banks em 70 contra o Brasil. Foi a do brasileiro em 74 contra a Holanda.

Andreia
A goleira do Brasil no Mundial dos EUA é uma das estrelas do torneio. Contra a Noruega, da fraca Nordby, deu show. Sai que é sua!

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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