São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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FÁBIO SEIXAS

Um oferecimento, McLaren


Virtualmente fora da disputa do Mundial, Massa segue com atenção especial a crise de relacionamento dos rivais

AOS PÉS do monte Fuji, Massa sofre dias dos mais delicados. Na teoria, está eliminado do Mundial. Tem 20 pontos a menos que o líder, Hamilton, com apenas três GPs pela frente. Por isso, precisa trabalhar para a Ferrari e, em conseqüência, para Raikkonen.
Um trabalho que pode marcar para sempre sua trajetória na F-1: na disputa milimétrica por espaço deflagrada na escuderia, o título representaria passada larga, um salto, para o finlandês, com todas as implicações que isso traz. Por muito menos -o campeonato, afinal, ainda não acabou-, parte da imprensa européia já coloca o brasileiro na Toyota.
Na prática, porém, a teoria pode ser diferente. E Massa precisa estar por perto, no bolo, para aproveitar a chance. Uma dose errada de submissão à Ferrari e a oportunidade única de virar o jogo vai para o ralo.
Um oferecimento, McLaren.
Em Spa, quase aconteceu. Hamilton largou melhor que Alonso e quase foi jogado para a floresta após a La Source. "Eu não sei se chegamos a nos tocar, mas ele tinha espaço suficiente para que nós dois contornássemos a curva. O Fernando sempre reclama de pilotos que acha que não são justos, mas ele me jogou para fora intencionalmente", disse o inglês.
A mensagem que ficou: os dois rivais estão próximos de um enrosco.
Então eis que a F-1 chega ao Japão. E os ânimos continuam exaltados. "Vou falar com ele, porque tenho minha opinião sobre o que aconteceu. Se ele quer ser agressivo, tudo bem, eu sei fazer a mesma coisa", declarou, novamente, o novato.
Por fim, vá lá, há até um capricho estatístico. Hamilton e Alonso terminaram todos os 14 GPs até agora. Mais: pela primeira vez em sua história, a equipe subiu ao pódio por 14 provas seguidas -não havia alcançado essa marca nem com Senna-Prost nem com Senna-Berger. Será que uma hora essa série não acaba?
Massa e Raikkonen estão no meio desse tiroteio. Ou, melhor, o estão assistindo do alto de um camarote.
Por isso, a aparente esquizofrenia no discurso do brasileiro, que ora empenha apoio ao companheiro, ora anuncia que vai batalhar enquanto tiver chances matemáticas.
Os dias em Monte Fuji são delicados porque, ao mesmo tempo em que precisa fazer o falatório e o serviço pedidos pela Ferrari, Massa não pode deixar o companheiro se distanciar, disparar na pista ou nos treinos. O ideal? Cravar a pole e esperar que a dupla da McLaren faça a lambança logo atrás. Se o segundo ato não acontecer, restarão a resignação de ter tentado e o desgosto de ter de abrir para o companheiro passar.
Não, precisar contar com a sorte (ou o azar, dependendo do ponto de vista) não é o melhor dos mundos. Mas às vezes é o único disponível.

A zebra
Oito vitórias em 15 etapas, e Stoner é o campeão indiscutível da MotoGP. Nunca imaginei que escreveria essas linhas.

fseixas@folhasp.com.br


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