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Para adversários do relator, comissão foi tendenciosa ao escolher alvos
CPI ignora Pelé e se complica no final
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
O relatório final da CPI do Futebol que deve chegar hoje à gráfica
do Senado dificilmente terá a palavra Pelé. E os adversários do texto já se movimentam para utilizar
a ausência do nome do ex-jogador e ex-ministro contra o autor e
sua base de apoio.
Após a revelação do caso Pelé-Unicef pela Folha, no dia 18, senadores contrários ao relatório de
Geraldo Althoff (PFL-SC) afirmam que a PS&M Ltda. (Pelé
Sports & Marketing) não poderia
ter passado ao largo das investigações da comissão, já que relatório
da CPI da CBF/Nike, que funcionou na Câmara, pediu o indiciamento ao Ministério Público do
empresário Hélio Viana, sócio do
ex-jogador na empresa.
Apesar de não ter sido votado
pela comissão da Câmara, o relatório serviu como base para a CPI
do Futebol investigar a CBF e seu
presidente, Ricardo Teixeira.
Para o grupo que promete votar
contra o texto de Althoff, a ausência da PS&M Ltda. e de alguns
clubes, empresas e dirigentes no
relatório final mostra que a CPI
foi tendenciosa. "Foi uma investigação capenga, caolha", disse Gilvam Borges (PMDB-AP), que afirmou preparar um relatório alternativo ao de Geraldo
Althoff.
Borges evita críticas a Pelé e prefere separar a figura do ex-jogador de seus negócios. "Ele é o embaixador do Brasil no mundo,
precisa ser preservado", declarou
o senador, que não poupa críticas
à CPI do Futebol. "Fizeram um
trabalho direcionado."
O senador Álvaro Dias (PDT-PR), presidente da comissão, disse que a PS&M Ltda. não foi investigada simplesmente porque
nenhuma outra empresa do ramo
esportivo foi -apenas as ligadas
à CBF, como a Traffic, por exemplo. "Além disso, nós vasculhamos as contas do Santos e nunca
encontramos nada que pudesse
comprometer o Pelé", disse.
Álvaro Dias também ataca: "Esse grupo contrário ao relatório
quer, na verdade, preservar os
grandes cartolas do futebol brasileiro. Mas será derrotado".
No dia 18, a Folha revelou que,
em 1995, Pelé e a PS&M Inc., empresa com sede nas Ilhas Virgens,
assinaram convênio com o Unicef
para organizar de graça uma festa
filantrópica em Buenos Aires. O
ex-atleta e a empresa nada receberiam pelo evento, que teria um jogo de futebol e um show musical.
No mesmo período, Pelé e a empresa no exterior que leva seu nome assinaram contrato paralelo
com a empresa norte-americana
Sports Vision, segundo o qual a
PS&M Inc. se comprometia a organizar a festa, recebendo para isso US$ 3 milhões. Além do ex-jogador, também assinou o contrato seu sócio Hélio Viana.
A Sports Vision receberia os
US$ 3 milhões de outra empresa
dos EUA, a Global Entertainment,
que tomou empréstimo do Banco
Patricios, da Argentina.
Foi a Global que depositou US$
700 mil em contas da PS&M Inc.
no MTB Bank e no Chase.
Apenas essa parte dos US$ 3 milhões acordados foi paga, pois o
banco argentino quebrou.
O evento não chegou a ser realizado, mas a PS&M Inc., cujos donos são desconhecidos, não devolveu o dinheiro ao banco argentino nem o entregou ao Unicef.
Na CPI da CBF/Nike, que funcionou de outubro do ano passado até junho último na Câmara,
Viana teve seu indiciamento pedido ao Ministério Público pelo deputado Sílvio Torres (PSDB-SP),
mas Pelé foi preservado.
Viana é processado pela Câmara por perjúrio. Ele se recusou a
responder aos deputados.
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