São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2001

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FUTEBOL

No Mundial interclubes, time alemão derrota na prorrogação os argentinos, que foram vítimas da própria catimba

Bayern supera "malandragem" do Boca

Reuters
Jogadores do Bayern posam com a taça de campeão mundial depois da vitória sobre o Boca Juniors com um gol na prorrogação


LÚCIO RIBEIRO
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A "malandragem" argentina esbarrou no pragmatismo alemão na decisão do Mundial interclubes, ontem, em Tóquio.
Mesmo chegando ao Japão bastante desfalcado e poucas horas antes da decisão, o Bayern de Munique venceu o Boca Juniors com um gol na prorrogação e se tornou o primeiro campeão de clubes do planeta deste século.
É o segundo título mundial alcançado pelo time dos brasileiros Élber e Paulo Sérgio, em finais que envolvem o vencedor da Libertadores e o da Copa dos Campeões -o primeiro triunfo do Bayern ocorreu em 1976.
Agora, no placar geral da disputa, a Europa tem 19 conquistas, contra 21 dos sul-americanos.
O gol alemão foi marcado pelo zagueiro africano Kuffour, da seleção de Gana, aos 4min do segundo tempo da prorrogação.
O fator decisivo para o título do Bayern ontem foi a "contribuição" do atacante argentino Delgado, que conseguiu ser expulso no primeiro tempo e fez o Boca abdicar de seu esquema ofensivo.
Primeiro, Delgado tomou um cartão amarelo logo aos 19min, ao chutar a gol depois que o árbitro dinamarquês Kim Milton Nielsen já havia apitado um impedimento seu. Depois, aos 46min, o argentino simulou sofrer um pênalti e acabou sendo expulso de campo.
Aí o objetivo do Boca Juniors, que até então estava melhor na partida, passou a ser segurar o 0 a 0 até o final do jogo e da prorrogação para levar a decisão para as cobranças de pênaltis.
Entrou em ação então o outro "malandro" do time, o atacante Guillermo Schelotto, que a cada mínima falta se contorcia de "dor" e permanecia deitado no gramado, segurando o relógio.
O Bayern, desfalcado de todo o seu meio-campo titular, segurava o Boca Juniors na marcação, anulando principalmente o habilidoso Riquelme, a grande preocupação do técnico Ottmar Hitzfeld.
No primeiro tempo, o time alemão, quando muito, tentava contra-atacar com os brasileiros Paulo Sérgio e Élber, ajudados pelo peruano Pizarro -os brasileiros não estavam nada inspirados.
Com a expulsão de Delgado, porém, o panorama do jogo mudou. O Bayern liberou seus alas, os franceses Sagnol e Lizarazu, e colocou o grandalhão Jancker (1,93 m) em campo para tentar vencer os argentinos no jogo aéreo.
O resultado do futebol metódico alemão veio no segundo tempo da prorrogação, quando, depois de cobrança de escanteio, o africano Kuffour marcou o gol do título após um bate-rebate na área.
Desesperados, os argentinos reclamaram bastante do lance, afirmando ter havido falta no goleiro Córdoba, que saiu mal do gol.
O ganense Kuffour, autor do gol do Bayern, foi eleito o melhor jogador da partida pelos organizadores do Mundial interclubes, mesmo tendo falhado feio no primeiro tempo do jogo -o lance quase culminou em gol argentino, que só não aconteceu porque, na saída de Kahn, Delgado cometeu erro grotesco de finalização.
"Depois de fazer história, vamos voltar ao Campeonato Alemão", disse após a partida o técnico Hitzfeld, que, assim como o Bayern, consegue o seu segundo título mundial. Hitzfeld, que minimizou a disputa antes do jogo, mas comemorou bastante o título com o seu time, foi campeão com o Borussia Dortmund, em 1997, contra o Cruzeiro.
Já o técnico Carlos Bianchi, que perdeu a chance de ganhar seu terceiro título mundial, elogiou o aspecto guerreiro do Boca Juniors e não quis falar da arbitragem.
Na Argentina, Diego Maradona, o mais famoso torcedor do Boca, não poupou críticas ao juiz. "Esse título não era para o Boca. Já estava decidido pelo árbitro, um ignorante", falou Maradona, reclamando também dos muitos cartões dados aos argentinos.
Outra coisa que irritou os argentinos teria sido uma declaração dada por Élber depois do jogo. Ele teria dedicado o título "aos amigos do River Plate", em uma clara provocação ao adversário.


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