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FUTEBOL
Zagueiros x atacantes x nós
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
O santista Leonardo Moura, de Presidente Venceslau,
reclamou dos comentários sobre o
jogo de domingo: "Falem menos
dos defeitos do São Paulo e mais
das qualidades do Santos!".
Acho até que a reclamação não
procede, já que o Santos foi bastante elogiado. Os talentos de
Diego e Robinho foram exaltados
outra vez, como têm de ser. Alberto, Maurinho, Leo, Renato e os
outros jogadores talvez não tenham sido reconhecidos como deveriam, mas todo time tem suas
estrelas, seus destaques. Um ou
dois jogadores quase sempre são
escolhidos como símbolo -nas
vitórias e nas derrotas. Se todo o
time do Santos jogar mal, a crítica
mais impiedosa será sempre a do
Diego -"não jogou nada, ficou
sumido o tempo todo".
Voltando à mensagem do torcedor, ele fazia, em seguida, uma
observação interessante: "Do
mesmo jeito que eu não culpo o
Paulo Almeida, já que o Kaká é
imarcável, eu não culpo o Ameli".
(Lembre-se de que são palavras
de um santista!)
O que ele queria dizer, enfim,
era o seguinte: em vez de dar nota
zero para o zagueiro, vamos reconhecer que ele é a vítima daquilo
que mais admiramos no futebol,
como o talento, o improviso, a visão de jogo, a genialidade. Uma
coisa é o erro, outra é a "fatalidade". Se a defesa do São Paulo conseguisse impedir todas as jogadas
de Diego & Robinho... eles não
poderiam ser considerados craques! O torcedor quer mais aplausos para o Diego e menos vaias
para Ameli. Tem seu ponto.
Quando um jogador habilidoso
dá um drible espetacular em um
zagueiro, invariavelmente dizemos que ele foi "humilhado".
Ridicularizamos o marcador
em vez de exaltar o talento do
atacante. E, se o beque descontrolado faz uma falta violenta no
craque, protestamos (aí, sim, com
razão): "Drible não é humilhação, é a essência do futebol! Se o
sujeito não admite ser driblado, é
melhor mudar de profissão".
Contudo, da próxima vez que o
sujeito tomar um chapéu, um corte espetacular, um drible da vaca,
vamos dizer: "Fulano humilhou
ciclano".
Eu me lembro bem daquele episódio Alex x Emerson (Palmeiras
4 x 2 São Paulo): o zagueiro foi
crucificado por tomar um chapéu. Mas o que fazer contra um
chapéu perfeito, sem ser uma falta que mate a jogada? O que, numa situação como essa, um zagueiro excelente poderia fazer para impedir o momento brilhante?
Como se evita um chapéu, se ele é
o estalo do gênio, improviso puro?
De qualquer jeito, dificilmente
elogiamos os zagueiros. Depois,
dizem que os goleiros são infelizes... Se a zaga trabalha direitinho, sem cometer nenhum erro,
ela mal aparece na avaliação da
partida. Se um zagueiro faz um
milagre ou anula um jogador poderoso, aí, sim, ele merece uma
nota boa -com a ressalva de que
o atacante estava "em tarde pouco inspirada". Porque, inspirado,
ele tem a obrigação de ser melhor
que o zagueiro!
Eu não sei quem vai brilhar hoje à noite. Espero que Kaká e Diego, Ricardinho e Elano, Luis Fabiano e Alberto, Reinaldo e Robinho. Alex, Jean, Ameli e André
Luis podem estar em uma noite
espetacular, fazer ótimas antecipações e desarmes, fechar espaços
e se posicionar muito bem, mas,
se o jogo terminar 0 a 0 por mérito
deles... vamos ficar com a impressão de que "faltou futebol". Senhores, perdoemos os zagueiros
que não são capazes de impedir
que um craque dê espetáculo.
Pra não chorar
De todas as piadas sobre o
Palmeiras que circularam
nesta temporada, algumas
foram adaptadas de anos anteriores. A melhor de todas é
a que projeta as manchetes de
2003. Se ainda não chegou na
sua caixa postal, peça para
um amigo. Alguém que você
conhece deve ter.
Outra piada
O preço das arquibancadas
do estádio do Morumbi para
os jogos desta semana foi R$
15. Pai, mãe e dois filhos pagariam R$ 60 (a menos que
conseguissem os raros ingressos de estudante). Eles
devem estar brincando.
Outro campeonato
Conseguirão o talento e a
competência de Belluzzo
vencer o futebol-força e o antijogo dos conselheiros que
apóiam Mustafá Contursi e
levar o Palmeiras à Série A da
administração esportiva?
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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