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FUTEBOL
Comovidos com esforço de garotos, fãs cantam o hino do clube, que desce para a segunda divisão pela primeira vez
Na queda, torcida do Atlético-MG aplaude
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Primeiro campeão brasileiro,
em 1971, o Atlético-MG encontrou ontem o fundo do poço, nos
seus 97 anos de história. O time
mineiro tentou muito, mas não
saiu do empate, sem gols, com o
Vasco, em Belo Horizonte. O resultado rebaixou o clube -um
dos cinco únicos que disputaram
todas as edições da Série A.
Imediatamente após o final da
partida, boa parte dos 42.653 torcedores pagantes no Mineirão
aplaudiu o esforço dos "meninos
do Galo", rótulo que a equipe ganhou com a entrada de vários juniores nos últimos dias de campeonato. O grupo de novatos está
invicto, apesar de rebaixado.
Nas quatro partidas em que os
garotos jogaram, eles ganharam
três vezes e empataram uma.
Enquanto a torcida atleticana
aplaudia e cantava o hino, os jogadores choravam no gramado,
muitos sendo consolados pelos
jogadores do Vasco.
Após a partida, na entrada do
Mineirão, torcedores choravam e
apontavam um culpado: o presidente Ricardo Guimarães.
O reforço preparado pela Polícia Militar, que temia uma reação
violenta da torcida, não foi necessário, ao menos nos arredores do
estádio. O que mais se ouvia eram
lamentos, a começar pelos jogadores do Atlético-MG.
"É injusto, é muito injusto. O
Atlético-MG não merece isso",
disse, chorando muito, o goleiro
Bruno, uma das revelação do time
na competição e que, ontem, defendeu um pênalti cobrado por
Romário, aos 15min do segundo
tempo, impedindo o atacante do
Vasco, aos 39 anos, de assumir a
artilharia da competição.
Outro bom jogador revelado
nos último dias, o ex-júnior Rafael Miranda, também abatido em
campo, disse que esperou 11 anos
para chegar ao profissional. "É
muito difícil essa situação. São 11
anos no clube esperando a oportunidade. Ela chegou, mas, infelizmente, o time não teve sucesso.
Estou feliz apenas pelo reconhecimento da torcida, por causa da
nossa vontade, da nossa garra."
"É triste. Mas, agora, temos de
pensar na segunda divisão e colocar o Galo onde sempre foi o lugar
dele, que é a Série A. Essa meninada está de parabéns", disse o meia
Renato, promovido no ano passado, afastado neste ano e que voltou ao time com a recente chegada de Lori Sandri.
A torcida do Atlético-MG já esperava o pior, uma vez que o time
passou apenas 6 das 41 rodadas
fora da zona de rebaixamento.
Muitos jogadores contratados, e
já dispensados, passaram pela
equipe atleticana nas mãos dos
treinadores Tite (25,5% de aproveitamento, em 17 jogos) e Marco
Aurélio (39,2% de aproveitamento, também em 17 jogos). O aproveitamento de Lori Sandri, em sete jogos, é de 52,3%.
Quando Lori Sandri assumiu,
ele insistiu com o time anterior
em três partidas.
Obteve duas derrotas em casa e
um empate fora. Na partida seguinte, fez a mudança que muitos
atleticanos esperavam que seria
feita por Tite. Quando os "meninos do Galo" assumiram o time, o
barco já afundava.
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