São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Comovidos com esforço de garotos, fãs cantam o hino do clube, que desce para a segunda divisão pela primeira vez

Na queda, torcida do Atlético-MG aplaude

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Primeiro campeão brasileiro, em 1971, o Atlético-MG encontrou ontem o fundo do poço, nos seus 97 anos de história. O time mineiro tentou muito, mas não saiu do empate, sem gols, com o Vasco, em Belo Horizonte. O resultado rebaixou o clube -um dos cinco únicos que disputaram todas as edições da Série A.
Imediatamente após o final da partida, boa parte dos 42.653 torcedores pagantes no Mineirão aplaudiu o esforço dos "meninos do Galo", rótulo que a equipe ganhou com a entrada de vários juniores nos últimos dias de campeonato. O grupo de novatos está invicto, apesar de rebaixado.
Nas quatro partidas em que os garotos jogaram, eles ganharam três vezes e empataram uma.
Enquanto a torcida atleticana aplaudia e cantava o hino, os jogadores choravam no gramado, muitos sendo consolados pelos jogadores do Vasco.
Após a partida, na entrada do Mineirão, torcedores choravam e apontavam um culpado: o presidente Ricardo Guimarães.
O reforço preparado pela Polícia Militar, que temia uma reação violenta da torcida, não foi necessário, ao menos nos arredores do estádio. O que mais se ouvia eram lamentos, a começar pelos jogadores do Atlético-MG.
"É injusto, é muito injusto. O Atlético-MG não merece isso", disse, chorando muito, o goleiro Bruno, uma das revelação do time na competição e que, ontem, defendeu um pênalti cobrado por Romário, aos 15min do segundo tempo, impedindo o atacante do Vasco, aos 39 anos, de assumir a artilharia da competição.
Outro bom jogador revelado nos último dias, o ex-júnior Rafael Miranda, também abatido em campo, disse que esperou 11 anos para chegar ao profissional. "É muito difícil essa situação. São 11 anos no clube esperando a oportunidade. Ela chegou, mas, infelizmente, o time não teve sucesso. Estou feliz apenas pelo reconhecimento da torcida, por causa da nossa vontade, da nossa garra."
"É triste. Mas, agora, temos de pensar na segunda divisão e colocar o Galo onde sempre foi o lugar dele, que é a Série A. Essa meninada está de parabéns", disse o meia Renato, promovido no ano passado, afastado neste ano e que voltou ao time com a recente chegada de Lori Sandri.
A torcida do Atlético-MG já esperava o pior, uma vez que o time passou apenas 6 das 41 rodadas fora da zona de rebaixamento.
Muitos jogadores contratados, e já dispensados, passaram pela equipe atleticana nas mãos dos treinadores Tite (25,5% de aproveitamento, em 17 jogos) e Marco Aurélio (39,2% de aproveitamento, também em 17 jogos). O aproveitamento de Lori Sandri, em sete jogos, é de 52,3%.
Quando Lori Sandri assumiu, ele insistiu com o time anterior em três partidas.
Obteve duas derrotas em casa e um empate fora. Na partida seguinte, fez a mudança que muitos atleticanos esperavam que seria feita por Tite. Quando os "meninos do Galo" assumiram o time, o barco já afundava.

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