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GINÁSTICA
Ao competir pelo bi mundial, atleta falha na execução do duplo twist carpado e, como em Atenas-04, decepciona
Daiane erra de novo, cai e perde medalha
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE
Daiane dos Santos só perderia
para si mesma na final do solo do
Mundial de ginástica artística. E,
na madrugada de ontem, perdeu.
Em cena que lembrou a da decisão na Olimpíada de Atenas,
quando também era favorita,
Daiane errou logo na primeira
passada do "Brasileirinho", durante a execução do duplo twist
carpado, que leva seu nome ("Dos
Santos"), e caiu sentada no tablado do ginásio Rod Laver.
"Não sei explicar. Errei. Não
precisei de injeção e não teve dor
no joelho, na perna nem nada",
afirmou Daiane, que tirou 8,837,
sua pior nota desde 2003.
"Ela perdeu para ela mesma.
Não tinha ninguém à altura dela.
Era só acertar a série. Mas errou. E
a Daiane nunca comete erro pequeno", disse Eliane Martins, supervisora de seleções da Confederação Brasileira de Ginástica.
Terceira atleta a se apresentar,
Daiane perdeu a invencibilidade
de um ano, terminou na sétima
colocação e viu a americana Alicia
Sacramone tirar um 9,612 para ficar com o ouro e formar o pódio
com a compatriota Anastasia Liukin (9,425) e a holandesa Suzanne
Harmes (9,212). "Eu nunca errei
esse movimento neste ano, nem
nos treinos. Mas, na hora em que
fiz a passada, senti que eu subi demais [ela chega a atingir 2,80 m
no salto] e faltou velocidade para
me equilibrar na aterrissagem",
constatou Daiane.
Segundo ela, a derrota vai doer,
assim como a da Olimpíada. "Todo dia que eu chegar para treinar,
vou me lembrar disso, com certeza", disse a atleta, que usou a série
no título de 2003 e alegou que,
após o erro, não adiantaria tentar
arriscar com o duplo twist esticado. "O Oleg [Ostapenko, treinador da seleção] ainda perguntou
se errei porque tentei cravar a passada. Eu falei que não."
Com o resultado, considerado
vital para impulsionar o planejamento de dois anos da CBG, o
Brasil ficou em sétimo lugar, um
posto acima do que registrara no
Mundial de Anaheim, em 2003. E
o pior: passou em branco no feminino após um ano recheado de
medalhas em etapas da Copa.
"Agora é treinar. E treinar muito. Vou trocar tudo, a música [sai
""Brasileirinho", entra ""País Tropical"], a série, só vai ficar mesmo
o duplo twist carpado, que eu errei hoje [ontem]", disse Daiane.
Além de sua queda e as das francesas Emilie Le Pennec e Isabelle
Severino, a final do solo viu o público vaiar a nota da russa Elena
Zamolodchikova, que, apesar de
acertar as passadas, tirou 9,162.
Foi a terceira derrota de Daiane
em torneios internacionais desde
que foi alçada ao estrelato no
Mundial-03 -as outras duas foram na Olimpíada e em uma etapa da Copa na Alemanha.
"Faturamos uma medalha que
ninguém esperava [a de Diego no
solo] e perdemos outra que era
dada como certa", resumiu a técnica Georgette Vidor, tentando
explicar a derrota que nenhum
dos dirigentes da CBG conseguia
entender e muito menos aceitar.
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