São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 2005

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VÔLEI

Os campeões e a linha dura

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Os grandes times se superam na hora certa. O Brasil confirmou essa velha máxima na Copa dos Campeões. A seleção, com pouco tempo de treino, chegou a perder dois sets da frágil China, mas contra os dois grandes adversários, EUA e Itália, não vacilou, venceu e levou o título.
A seleção do técnico Bernardinho demonstra em quadra a segurança e a tranqüilidade dos vencedores. No jogo contra a Itália, por exemplo, chegou a ficar atrás no placar no quinto set, 10 a 8, mas na reta final chegou à vitória. E olha que o time estava sem o ponta Dante, que se recupera de uma lesão no ombro.
Mas não dá para deixar de citar a ótima forma do oposto André Nascimento, que deu um show de bola e foi o maior pontuador do torneio, com 98 pontos. Ricardinho, o grande diferencial do time, mais uma vez foi bem e, merecidamente, ganhou o prêmio de melhor levantador.
Na seleção feminina, também campeã da Copa dos Campeões, os tempos são de polêmica e linha dura: ou a atleta se enquadra nas regras da equipe ou está fora.
O recado, direcionado para a atacante Jaqueline, foi do técnico José Roberto Guimarães, no programa "Arena", do Sportv, na quarta-feira passada.
Para quem não lembra, vale uma explicação: no jogo contra a Polônia, pela Copa dos Campeões, o técnico deu uma sonora bronca na jogadora, que foi captada pelos microfones durante a transmissão do jogo. Irritado, ele cobrava a atacante por ela não ter feito a cobertura do bloqueio.
No programa, Zé Roberto explicou o motivo principal da irritação. Segundo o técnico, logo depois da jogada, portanto antes do pedido de tempo e da bronca furiosa, Jaqueline respondeu. "Ela virou para a rede quando eu falei e gritou: "Me deixa em paz'", disse o técnico. "Ela só não saiu do jogo porque tínhamos duas jogadoras jovens no banco e naquele momento a equipe precisava dela. Ou teria saído rapidinho."
Ele fala que as atletas têm liberdade de questioná-lo no treino, antes e depois dos jogos. Mas não admite que respondam para ele.
Zé Roberto diz que precisa manter o comando, colocar os limites. E tem certa razão. As relações entre comissões técnicas e jogadores são sempre delicadas. A convivência diária já não é fácil e, quando combinada com viagens, treinos, saudades de casa e pressões por vitórias, fica mais difícil.
Para complicar, a história do vôlei feminino brasileiro sempre foi marcada por competições entre atletas, vaidades e briguinhas.
Para administrar isso, é preciso comando. O certo também é que depois da inacreditável derrota do Brasil para a Rússia nas semifinais dos Jogos de Atenas, o treinador endureceu o estilo.
Pelo passado do vôlei brasileiro, fica difícil questionar os métodos de Zé Roberto. Ele quer formar um time para ser ouro em Pequim e não uma seleção de estrelas. Ninguém é campeão olímpico sem sacrifícios, cobranças e disciplina. E sua fórmula tem dado certo: neste ano, venceu os seis torneios que disputou.

Surpresa
O levantador do Egito, Abdallah Ahmed, 22 anos e 1,98 m, foi a surpresa da Copa dos Campeões. Ele deu um show no saque. Marcou 14 aces e foi eleito o melhor sacador do torneio. Foi também o terceiro melhor levantador, atrás do brasileiro Ricardinho e do americano Donald Suxho. Ficou na frente do italiano Valério Vermiglio. O Egito acabou em quinto lugar, apenas na frente da China.

Mundial
Amanhã é o dia do sorteio do Mundial-2006, no Japão. A cerimônia, em Tóquio, definirá as três últimas seleções de cada um dos quatro grupos. As três primeiras equipes de cada chave foram definidas pelo ranking mundial. No masculino, o Brasil está no Grupo B, com França e Grécia. No feminino, está na chave C, com EUA e Holanda.

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