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VÔLEI
Os campeões e a linha dura
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Os grandes times se superam na hora certa. O Brasil
confirmou essa velha máxima na
Copa dos Campeões. A seleção,
com pouco tempo de treino, chegou a perder dois sets da frágil
China, mas contra os dois grandes adversários, EUA e Itália, não
vacilou, venceu e levou o título.
A seleção do técnico Bernardinho demonstra em quadra a segurança e a tranqüilidade dos
vencedores. No jogo contra a Itália, por exemplo, chegou a ficar
atrás no placar no quinto set, 10 a
8, mas na reta final chegou à vitória. E olha que o time estava sem
o ponta Dante, que se recupera de
uma lesão no ombro.
Mas não dá para deixar de citar
a ótima forma do oposto André
Nascimento, que deu um show de
bola e foi o maior pontuador do
torneio, com 98 pontos. Ricardinho, o grande diferencial do time,
mais uma vez foi bem e, merecidamente, ganhou o prêmio de
melhor levantador.
Na seleção feminina, também
campeã da Copa dos Campeões,
os tempos são de polêmica e linha
dura: ou a atleta se enquadra nas
regras da equipe ou está fora.
O recado, direcionado para a
atacante Jaqueline, foi do técnico
José Roberto Guimarães, no programa "Arena", do Sportv, na
quarta-feira passada.
Para quem não lembra, vale
uma explicação: no jogo contra a
Polônia, pela Copa dos Campeões, o técnico deu uma sonora
bronca na jogadora, que foi captada pelos microfones durante a
transmissão do jogo. Irritado, ele
cobrava a atacante por ela não
ter feito a cobertura do bloqueio.
No programa, Zé Roberto explicou o motivo principal da irritação. Segundo o técnico, logo depois da jogada, portanto antes do
pedido de tempo e da bronca furiosa, Jaqueline respondeu. "Ela
virou para a rede quando eu falei
e gritou: "Me deixa em paz'", disse
o técnico. "Ela só não saiu do jogo
porque tínhamos duas jogadoras
jovens no banco e naquele momento a equipe precisava dela.
Ou teria saído rapidinho."
Ele fala que as atletas têm liberdade de questioná-lo no treino,
antes e depois dos jogos. Mas não
admite que respondam para ele.
Zé Roberto diz que precisa
manter o comando, colocar os limites. E tem certa razão. As relações entre comissões técnicas e jogadores são sempre delicadas. A
convivência diária já não é fácil e,
quando combinada com viagens,
treinos, saudades de casa e pressões por vitórias, fica mais difícil.
Para complicar, a história do
vôlei feminino brasileiro sempre
foi marcada por competições entre atletas, vaidades e briguinhas.
Para administrar isso, é preciso
comando. O certo também é que
depois da inacreditável derrota
do Brasil para a Rússia nas semifinais dos Jogos de Atenas, o treinador endureceu o estilo.
Pelo passado do vôlei brasileiro,
fica difícil questionar os métodos
de Zé Roberto. Ele quer formar
um time para ser ouro em Pequim e não uma seleção de estrelas. Ninguém é campeão olímpico
sem sacrifícios, cobranças e disciplina. E sua fórmula tem dado
certo: neste ano, venceu os seis
torneios que disputou.
Surpresa
O levantador do Egito, Abdallah Ahmed, 22 anos e 1,98 m, foi a surpresa da Copa dos Campeões. Ele deu um show no saque. Marcou 14
aces e foi eleito o melhor sacador do torneio. Foi também o terceiro
melhor levantador, atrás do brasileiro Ricardinho e do americano
Donald Suxho. Ficou na frente do italiano Valério Vermiglio. O Egito
acabou em quinto lugar, apenas na frente da China.
Mundial
Amanhã é o dia do sorteio do Mundial-2006, no Japão. A cerimônia,
em Tóquio, definirá as três últimas seleções de cada um dos quatro
grupos. As três primeiras equipes de cada chave foram definidas pelo
ranking mundial. No masculino, o Brasil está no Grupo B, com França e Grécia. No feminino, está na chave C, com EUA e Holanda.
E-mail
cidasan@uol.com.br
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