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São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Contra fatos, há argumentos

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Neste ano aconteceram muitas coisas boas e ruins no país e no futebol.
O mesmo fato pode também ser visto de várias maneiras. Não existe observador totalmente neutro. Não me refiro aos parciais, que conscientemente deturpam a realidade, e sim a todas as pessoas, que enxergam o fato de acordo com seus conhecimentos, conceitos, preconceitos e características psicológicas. Ainda bem. Pior, é o pensamento único.
É sensato e justo que o Parreira prestigie e confie nos penta campeões. Mas, adiar demais algumas mudanças, é ruim. O técnico disse várias vezes, após amistosos no primeiro semestre, que as observações seriam para valer nas eliminatórias. Depois de quatro jogos e fracas atuações, está na hora de iniciar, aos poucos, as mudanças.
Marcos Paquetá, único técnico que venceu dois Mundiais no mesmo ano (sub-20 e sub-17), merece muitos elogios. É fato. Porém deveria ser criticado pela escalação do atacante Andrezinho no meio-campo, na primeira fase do mundial sub-20. O jogador do Flamengo não tem nenhuma característica para atuar nessa posição. Além disso, havia mais três atacantes. O time brasileiro quase foi desclassificado. Com a entrada do armador Juninho, a seleção melhorou bastante.
O novo governo brasileiro, ao contrário do que muitos pensavam, conteve a inflação, diminuiu os juros, ganhou a confiança dos investidores e deu tranquilidade ao país. Contudo, não foi adotada nenhuma medida inovadora para aumentar a produção, mudar o modelo econômico e distribuir riqueza, como se esperava. Enquanto muitos dos que votaram no presidente estão descontentes, outros que eram contra elogiam o Lula.
Zidane foi eleito, merecidamente, o melhor jogador do mundo pela Fifa. Ele e Ronaldo são os que mais encantam. Porém, se o prêmio fosse dado a um dos grandes craques que mais se destacaram pela regularidade e pelo tempo presente em campo, o título seria do Roberto Carlos.
Após os títulos conquistados pelo Cruzeiro, muito se falou da ótima estrutura profissional e do planejamento feito clube. Mas, nada disso adiantaria se não houvesse uma excelente comissão técnica e, principalmente, ótimos jogadores e um craque (Alex).
Houve pequena perda de público e de qualidade técnica no primeiro campeonato por pontos corridos em relação ao anterior. Porém a queda não foi por causa da fórmula e do fim do passe, e sim pela falta de planejamento e péssimas condições financeiras dos clubes.
Há muitas outras controvérsias. Contra fatos, há argumentos.

Várias opções
Estou ansioso para saber a escalação da equipe pré-olímpica. O goleiro Gomes é certo.
A linha de quatro defensores está praticamente definida com os zagueiros Alex e Edu Dracena e os laterais Maicon, do Cruzeiro, e Maxwel, do Ajax.
Se Ricardo Gomes precisar trocar os laterais, terá de improvisar os armadores Elano e Wendell. Os dois atuaram nessas posições pelo Santos e Cruzeiro e foram bem. Mas, como um ou ambos podem ser titulares no meio-campo, deveria ser chamado, pelo menos um dos bons laterais da seleção sub-20, especialmente o direito Daniel, titular do Sevilha (Espanha).
Do meio-campo para frente, o técnico tem várias opções. A mais provável é aproveitar o desenho tático e os jogadores do Santos. Seriam três no meio-campo (Elano, Paulo Almeida e mais um) e o Diego próximo do Robinho e de um centroavante (Nilmar ou Marcel). É o mesmo esquema da seleção principal e do Cruzeiro.
Outra opção seria retirar o volante pela esquerda, recuar o Robinho para defender e avançar e colocar mais um atacante (Dagoberto ou Daniel Carvalho), ao lado do Diego e do centroavante.
Uma terceira possibilidade seria escalar dois volantes, Diego na ligação pelo meio, um centroavante e dois atacantes habilidosos e velozes pelos lados (Robinho e Dagoberto), defendendo e atacando. É um desenho tático utilizado por poucas equipes, como a seleção da Espanha.
Se a seleção pré-olímpica jogar de uma maneira diferente da principal e der certo, o fato vai estimular o Parreira a criar opções. Isso é bom.

2004
A coluna voltará a ser publicada dia 7 de janeiro. Feliz 2004.

E-mail: tostao.folha@uol.com.br


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