São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Del Nero diz que os clubes estão satisfeitos e que só baixa o ingresso de R$ 20 se atletas concordarem em ganhar menos

Para FPF, chuva, não preço, afasta torcida

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A Federação Paulista de Futebol achou o culpado pela fraca média de torcedores nas primeiras rodadas do Estadual-04: são Pedro.
Para o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, o fiasco de público no Paulista deve-se à chuva que atingiu o Estado nos últimos dias, e não ao preço de R$ 20 para a arquibancada, motivo de protesto que reuniu torcidas e atletas de Corinthians e Palmeiras.
"Você viu como está chovendo? O torcedor não se anima a ir com chuva. Quando o tempo melhorar, o público volta", disse Del Nero, ontem, ao ser questionado pela Folha sobre a baixa média de público - 5.865 na primeira rodada e 4.600 na do fim de semana.
No Brasileiro, a média ficou na casa dos 13 mil pagantes por jogo.
Dos dez jogos do Paulista entre sábado e domingo, metade não atraiu mais de 600 pessoas. União Barbarense x América, por exemplo, reuniu só 266 testemunhas. Paulista x Ituano foi pior, 250.
Nem os grandes animaram suas torcidas. O Corinthians, dono dos dois maiores públicos do torneio sem contar a rodada de ontem, levou 7.510 torcedores ao Pacaembu no jogo contra o Rio Branco.
O confronto que mais atraiu fãs até aqui foi o de abertura do Paulista, no último dia 21, entre o estreante Sorocaba e o Corinthians (12.500). Detalhe: o jogo foi disputado sob chuva do começo ao fim.
Ontem, Del Nero disse que "não há hipótese" de o preço do ingresso baixar. "As pessoas podem reclamar, mas os clubes estão satisfeitos. A FPF não ganha um tostão da renda. O que é arrecadado fica com eles. Ainda não recebi reclamação deles, pelo contrário."
Sobre o protesto de atletas do Corinthians e do Palmeiras, que disseram que o futebol não pode ser elitizado, Del Nero ironizou. "O pessoal [atletas] quer salário em dia e quer preço menor. O fato é que tem dado renda. Os clubes têm levado dinheiro. Não é o esperado, mas pelo menos não é negativo, é mais que o Brasileiro. Os times podem pensar em baixar o ingresso. Mas aí o salário do jogador vai ter que baixar também."
Ele disse que não pretende punir os atletas que reclamaram da FPF, prática comum quando o Paulista era dirigido por Eduardo José Farah. "Cada um pode expressar seu pensamento, desde que não seja de modo ofensivo."
Segundo a Folha apurou, nenhum cartola dos grandes clubes encampará o protesto. Ontem, as manifestações foram no São Paulo. Luis Fabiano se colocou à disposição para ajudar corintianos e palmeirenses. "Acho que esse preço para o ingresso não ajuda. Se houver um movimento sério, estou dentro", disse o atleta, que anunciou acordo para ser garoto-propaganda da Pênalti. Já o presidente Marcelo Portugal Gouvêa foi taxativo. "Jogador tem que jogar. O São Paulo está satisfeito."


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