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FUTEBOL
Erramos
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Não são os jogadores, apenas, que precisam saber que
o Brasil não entra em campo com
o jogo ganho. A torcida também
precisa -e isso inclui dirigentes e
jornalistas. No último dia 25, o site da CBF anunciava: "Ricardo
Teixeira, confiante na classificação, telefona e deseja boa sorte
aos brasileiros". Qualquer jornal
publicaria a manchete "Só falta
um empate".
Todos nós achamos que o resultado contra o Paraguai estava garantido. Perdemos por 1 a 0, o que
é péssimo -mas não uma afronta à honra nacional. É só um jogo,
sujeito a surpresas, azares e panes
temporárias. Ainda mais no futebol, em que é possível jogar mal e
vencer, como tantas vezes o fez a
seleção brasileira.
"O Brasil pentacampeão do
mundo" é uma entidade que não
existe. Cinco seleções diferentes
ganharam a Copa. Não existe "o
time pentacampeão". "O Brasil
pentacampeão" não ganha jogos
porque não joga; quem joga são
11 pessoas diferentes de cada vez.
Nesse caso, pessoas muito jovens. Onde nós estávamos com 19,
20 anos de idade? Éramos estudantes, estagiários, auxiliares,
aprendizes. Cometemos erros por
insegurança ou excesso de confiança, mas não fomos massacrados em rede nacional. Alguns de
nós (jornalistas, principalmente)
somos tão "mascarados" quanto
os jogadores que acusamos. Mas
ficamos indignados com a vergonha que nos fizeram passar e colocamos em dúvida sua capacidade, seu caráter, seu futuro. Ou torcemos, de coração, para que quebrem a cara. Belo exemplo para
os nossos filhos... E queremos que
o atleta aprenda com a derrota.
Temos memória curta e seletiva. Em um instante esquecemos a
bela jogada de um, a boa partida
do outro. Execramos e exaltamos
Rochemback em dias alternados.
Um lançamento perfeito tem prazo curto de validade, mas um passe errado é inesquecível.
Desculpamos nossos erros
quando estamos cansados, mas
não reconhecemos o imenso estresse a que são submetidos os
atletas da seleção. Que só têm
uma opção: vencer. E nem podem
ficar felizes após uma grande vitória em um jogo sofrido.
Queremos atletas pé-no-chão,
mas recorremos a mitos: "Se fosse
o Leão, o Felipão, o Luxemburgo,
o Bernardinho...". Todos têm episódios recentes de finais perdidas
por times apáticos ou nervosos,
inseguros demais ou confiantes
em excesso. Quem é infalível?
Ricardo Gomes, tentando acertar, errou. Gomes, Maicon, Alex,
Edu, Wendell, Dudu, Fábio, Paulo, Elano, Diego, Daniel, Robinho,
Dagoberto, Marcel, Nilmar, todos
erraram. A CBF errou. O Paraguai também errou bastante, mas
acertou um cruzamento. A Argentina -outro mito de perfeição, paradigma do brio infalível,
apesar do penúltimo Pré-Olímpico e da última Copa- errou, mas
acertou uma cobrança de falta.
Nós acertamos muito, mas os
bons golpes não contam pontos
como no boxe. Só vale o nocaute.
Caímos... Mas torço para que os
jogadores sejam bons de verdade.
Alguns parecem torcer para que
sejam fraudes.
É rei
Se Alex jogasse no Real Madrid,
seria deus do futebol mundial.
Cobra faltas e escanteios como
Beckham, tem visão de jogo e
criatividade como Zidane, faz
gols de letra e outras pinturas
como os Ronaldos. Mas joga no
Brasil, em condições piores que
eles, e continuam achando que
talvez seja só um caolho em terra de cego. Sacanagem, Mags!
Primeira pergunta
Por que os rankings de Estados
e clubes, usados como base para definir as equipes da Copa do
Brasil, só foram atualizados até
o dia 1º de dezembro? A lista de
classificados para a Taça Libertadores (e, portanto, excluídos
da Copa do Brasil) só foi definida no final do Campeonato
Brasileiro; por que o ranking
não foi atualizado também?
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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