Ana Carolina Fernandes - 26.mar.00/Folha Imagem

O volante Emerson, do Bayer Leverkusen, faz sinal de positivo antes de embarcar com a seleção para a Colômbia, no Rio

Por combinar disciplina tática e habilidade, jogador do Bayer Leverkusen dispara na corrida por uma vaga na seleção olímpica

FÁBIO VICTOR
enviado especial a Bogotá

""Não se pode fazer uma comparação global absoluta, mas Emerson (volante da seleção) é quem mais se aproxima do jogador perfeito. Quando ele joga, não é possível imaginar nada melhor", disse Udo Lattek, ex-técnico do Barcelona à revista alemã ""Kicker", especializada em futebol.
O meio-campista brasileiro, que atualmente joga no Bayer Leverkusen, é, segundo Lattek, o jogador de futebol que mais se aproxima da perfeição na atualidade.
""Ele encarna a mescla perfeita entre a técnica e o domínio de bola do brasileiro e a disciplina do europeu", diz Lattek.
A opinião do técnico da seleção brasileira, Wanderley Luxemburgo, sobre Emerson pode não ser a mesma, mas o volante é hoje um jogador especial para o treinador.
Embora o técnico não divulgue, Emerson está praticamente garantido como um dos três jogadores acima de 23 anos que irão defender o Brasil na Olimpíada de Sydney, em setembro.
O meia-atacante Rivaldo, o goleiro Dida, o lateral-direito Cafu e o atacante Ronaldo são os outros que disputam as vagas.
Hoje, Rivaldo é o único nome totalmente garantido, mas, em conversas reservadas, Luxemburgo já disse que até o goleador do Barcelona, eleito ""melhor jogador do mundo", pode ficar de fora, dependendo das circunstâncias.
Se Ronaldo estiver bem física e tecnicamente (ainda não está totalmente recuperado de uma cirurgia no joelho), também tem lugar certo, diminuindo as chances de Emerson. Dos cinco, Cafu é hoje o que tem menos chances.
Disciplinado dentro e fora de campo, Emerson caiu nas graças de Luxemburgo, que o trabalha para ser o líder da seleção entre os jogadores da nova geração.
"Já tive uma conversa com o professor Wanderley sobre Olimpíada, mas não tem nada certo", afirmou o volante.
Gaúcho de Pelotas, Emerson Ferreira da Rosa, 23 (faz 24 em 4 de abril), começou a carreira profissional no Grêmio, de onde se transferiu, em julho de 1997, para o Bayer Leverkusen (Alemanha), equipe que defende até hoje.
No time gaúcho, tinha uma função tática diferente da que desempenha na seleção: atuava como meia ao lado de Carlos Miguel (hoje no São Paulo), criando jogadas ofensivas, enquanto Dinho e Goiano cuidavam da marcação.
Também no Bayer Leverkusen, atua como pela meia esquerda, quase como um atacante.
Por esse histórico, tem muita facilidade em sair jogando a partir da defesa -característica que agrada muito Luxemburgo.
O técnico da seleção foi o primeiro a testar Emerson como primeiro volante (jogador que protege a defesa, dá cobertura aos laterais e vai pouco ao ataque), posição em que se firmou na seleção.
"Ele é determinado, toca bem a bola e aproveita todas as chances que tem. A cada convocação, ganha mais confiança. Está no pico da carreira", declarou o consultor técnico da seleção Valdir de Morais, conterrâneo de Emerson.
Convocado pela primeira vez por Zagallo, o jogador ganhou uma vaga na seleção na Copa de 98 após o corte de Romário. Acabou jogando três partidas como titular, tendo um bom desempenho. Nunca mais saiu da seleção.
Até agora, Emerson já foi convocado 39 vezes, tendo atuado em 24 jogos e marcado cinco gols.
Sua boa fase no Bayer Leverkusen (briga pelo título do Alemão) despertou o interesse de diversos clubes europeus, principalmente da Roma -equipe dos brasileiros Cafu, Aldair, Antônio Carlos e Paulo Sérgio- para onde Emerson já teria acertado sua transferência no segundo semestre.
"Sei que existe uma negociação em curso, mas não tem nada confirmado", desconversou o jogador em Bogotá.