UOL


São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

"Easy"

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Barrichello teve que largar em Melbourne com pneus de chuva. Schumacher também. O risco de usar o modelo regular da Bridgestone era alto. Só que o asfalto secou rapidamente, e o brasileiro, já na volta 3, pediu liberação para entrar nos boxes. Não recebeu resposta.
Na volta seguinte, repetiu o pedido. De novo silêncio. Começou a gritar. Em vão. Mais uma volta. Nada. Na sexta, enfim uma resposta, mas para ouvir que cumpriria punição -seu controle de largada surtou, o carro andou antes das luzes se apagarem.
Não houve tempo para chegar aos boxes. Bateu. Da grama, acompanhou perplexo a entrada de Schumacher nos boxes.
Para quem já esqueceu o que aconteceu no GP da Austrália, basta dizer que Barrichello bateu sozinho, como um novato. Aos primeiros jornalistas, reconheceu o erro. Dias depois, culpou o tal do Hans. Os verdadeiros motivos de sua desatenção ao tentar correr do prejuízo preferiu guardar.
Não é fácil ser segundo piloto, muito menos quando o primeiro se chama Schumacher. Pior ainda quando ele é pentacampeão. E muito pior ainda quando o alemão, tratado como uma prima-dona pela Ferrari, de repente se percebe coadjuvante na corrida. A verdade é que nunca foi fácil ser Barrichello. E, após tantas pancadas, aprendeu que é melhor calar. Sempre. Só que alguém do time deu com a língua nos dentes, e a história saiu em um jornal esportivo italiano. A F-1 é cruel.
Diante de tudo isso, o segundo posto obtido em Sepang foi um excelente resultado. Por mais que os adjetivos tenham ido para Raikkonen e Alonso, Barrichello dessa vez tinha motivos de sobra para vibrar. Schumacher fez uma péssima corrida desde o começo, e a concorrência aproveitou para insinuar que ele fica nervoso quando está em desvantagem.
Tudo indica, ele está. Nervoso e em desvantagem. Nem o companheiro nem o carro podem ajudar. Schumacher chega ao Brasil nos próximos dias preparado para outro GP de problemas. Repetir o ano passado, estrear o novo carro, está fora de cogitação.
A nova F-1 não só deu certo como mostra fôlego. Se moleque no pódio é divertido, alemão atrás até de companheiro é mais.
Mesmo que por instantes, a F-1 é cruel também com campeões.

A imagem da corrida em Sepang é a McLaren, nas voltas finais, mostrando a placa com um enorme "easy" para Raikkonen aliviar. Naquele momento, os adversários já sabiam que o finlandês ganharia com folga. E até Ron Dennis cavou um lugar no poleiro dos engenheiros para sorrir pela TV e mostrar que é a sua escuderia que lidera o campeonato.
O que não se mostrou em Sepang foi a dificuldade que Alonso enfrentou para chegar em terceiro lugar. Febre de 38 graus pouco antes da largada, combatida com cinco litros de isotônico, e um câmbio automático que também surtou e resolveu ser manual.
Rei morto, rei posto? "Easy". Schumacher não morreu, e a F-1 gosta de transformar príncipes em sapos. Barrichello que o diga.

Schumacher na Vila
Seu desejo é uma ordem? O alemão pediu e vai bater bola com Diego e Robinho na próxima quarta-feira, em um rachão entre titulares e reservas do Santos. O piloto deve atuar um tempo em cada time.

McLaren em Imola
Animadíssima com o desempenho do carro velho (ou híbrido), a equipe já pensa estrear o modelo 2003 em Imola. Era para ser lá pela sexta corrida do ano. As coisas mudam. Até mesmo na F-1.

Nova ordem
E mudam mesmo. A Michelin está melhor que a Bridgestone, o motor Mercedes está um dedo à frente do resto, o chassi Renault é bem razoável, a Williams se perdeu. Cadê a Ferrari? Ninguém sabe.

E-mail mariante@uol.com.br


Texto Anterior: Mamede ressurge e se diz prestigiado
Próximo Texto: Futebol - José Geraldo Couto: O craque maldito
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.