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MOTOR
"Easy"
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Barrichello teve que largar em Melbourne com
pneus de chuva. Schumacher
também. O risco de usar o modelo
regular da Bridgestone era alto.
Só que o asfalto secou rapidamente, e o brasileiro, já na volta 3,
pediu liberação para entrar nos
boxes. Não recebeu resposta.
Na volta seguinte, repetiu o pedido. De novo silêncio. Começou
a gritar. Em vão. Mais uma volta.
Nada. Na sexta, enfim uma resposta, mas para ouvir que cumpriria punição -seu controle de
largada surtou, o carro andou
antes das luzes se apagarem.
Não houve tempo para chegar
aos boxes. Bateu. Da grama,
acompanhou perplexo a entrada
de Schumacher nos boxes.
Para quem já esqueceu o que
aconteceu no GP da Austrália,
basta dizer que Barrichello bateu
sozinho, como um novato. Aos
primeiros jornalistas, reconheceu
o erro. Dias depois, culpou o tal
do Hans. Os verdadeiros motivos
de sua desatenção ao tentar correr do prejuízo preferiu guardar.
Não é fácil ser segundo piloto,
muito menos quando o primeiro
se chama Schumacher. Pior ainda quando ele é pentacampeão. E
muito pior ainda quando o alemão, tratado como uma prima-dona pela Ferrari, de repente se
percebe coadjuvante na corrida.
A verdade é que nunca foi fácil ser
Barrichello. E, após tantas pancadas, aprendeu que é melhor calar.
Sempre. Só que alguém do time
deu com a língua nos dentes, e a
história saiu em um jornal esportivo italiano. A F-1 é cruel.
Diante de tudo isso, o segundo
posto obtido em Sepang foi um
excelente resultado. Por mais que
os adjetivos tenham ido para
Raikkonen e Alonso, Barrichello
dessa vez tinha motivos de sobra
para vibrar. Schumacher fez uma
péssima corrida desde o começo, e
a concorrência aproveitou para
insinuar que ele fica nervoso
quando está em desvantagem.
Tudo indica, ele está. Nervoso e
em desvantagem. Nem o companheiro nem o carro podem ajudar. Schumacher chega ao Brasil
nos próximos dias preparado para outro GP de problemas. Repetir o ano passado, estrear o novo
carro, está fora de cogitação.
A nova F-1 não só deu certo como mostra fôlego. Se moleque no
pódio é divertido, alemão atrás
até de companheiro é mais.
Mesmo que por instantes, a F-1
é cruel também com campeões.
A imagem da corrida em Sepang é a McLaren, nas voltas finais, mostrando a placa com um
enorme "easy" para Raikkonen
aliviar. Naquele momento, os adversários já sabiam que o finlandês ganharia com folga. E até Ron
Dennis cavou um lugar no poleiro
dos engenheiros para sorrir pela
TV e mostrar que é a sua escuderia que lidera o campeonato.
O que não se mostrou em Sepang foi a dificuldade que Alonso
enfrentou para chegar em terceiro lugar. Febre de 38 graus pouco
antes da largada, combatida com
cinco litros de isotônico, e um
câmbio automático que também
surtou e resolveu ser manual.
Rei morto, rei posto? "Easy".
Schumacher não morreu, e a F-1
gosta de transformar príncipes
em sapos. Barrichello que o diga.
Schumacher na Vila
Seu desejo é uma ordem? O alemão pediu e vai bater bola com Diego
e Robinho na próxima quarta-feira, em um rachão entre titulares e
reservas do Santos. O piloto deve atuar um tempo em cada time.
McLaren em Imola
Animadíssima com o desempenho do carro velho (ou híbrido), a
equipe já pensa estrear o modelo 2003 em Imola. Era para ser lá pela
sexta corrida do ano. As coisas mudam. Até mesmo na F-1.
Nova ordem
E mudam mesmo. A Michelin está melhor que a Bridgestone, o motor Mercedes está um dedo à frente do resto, o chassi Renault é bem
razoável, a Williams se perdeu. Cadê a Ferrari? Ninguém sabe.
E-mail mariante@uol.com.br
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