São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Corinthians agora refuta ajuda fácil

Sob efeitos pós-MSI, clube recebe propostas de parcerias, mas as rejeita e planeja auto-investimento

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

As feridas deixadas pela parceria com a MSI ainda têm efeitos no Corinthians. Alvo de cobiça de investidores interessados em colocar dinheiro para contratações e lucrar depois com a venda de atletas, o clube tem refutado propostas para firmar uma nova parceria.
"Já houve a procura de pessoas interessadas em fazer algum tipo de parceria, mas a ordem que eu tenho do presidente é a de dizer que o Corinthians não tem interesse e que o clube tem de caminhar pelas próprias pernas", conta o diretor técnico Antônio Carlos, responsável por canalizar as propostas que têm chegado ao clube. "Não chegam a toda hora, mas elas aparecem", diz.
O grande motivo para essa resistência a até estudar a entrada de novos investidores é a seqüela -financeira e institucional- deixada pela fracassada associação com a MSI.
"Você sabe que hoje no Corinthians seria muito difícil fazer uma parceria. Teria de ser uma proposta muito boa, com pessoas transparentes e de reputação inabalável", afirma Mário Gobbi, vice-presidente de futebol, que ao assumir o cargo chegou a declarar que a origem do dinheiro de um investidor não é importante.
Há também, segundo o vice-presidente de marketing, o fator econômico. Na ponta do lápis, diz Luis Paulo Rosenberg, não há tantas vantagens em receber dinheiro de recursos de fora clube para fabricar bons jogadores ou comprar jovens atletas com potencial.
Ao assumir, a atual diretoria até tinha interesse em implantar um sistema de injeção de dinheiro no futebol semelhante ao que o Palmeiras adotou, com o apoio financeiro da Traffic, no Parque Antarctica. Chegou a batizar a idéia de "incubadora de atletas", que foi abandonada.
"Durante a campanha do Andres defendi o Corinthians S/A só para fabricar jogadores usando o dinheiro de terceiros", relembra o vice de marketing corintiano. "Mas, quando você faz um esquema como a Traffic fez no Palmeiras, você rapidamente monta uma equipe com bons jogadores, mas isso não é seu", diz Rosenberg.
Em vez disso, a intenção da diretoria do Corinthians é fazer um auto-investimento, para aumentar a capacidade de revelar atletas, e apostar no poder do time como vitrine para outros mercados da bola.
Há um projeto em estudo para que parte do dinheiro obtido com as ações de marketing retorne como verba para contratações e revelação de jovens jogadores com potencial. A idéia é aumentar o investimento nas categorias de base, com melhorias na infra-estrutura e na contratação de profissionais que possam garimpar melhor jovens talentos.
Para defender o investimento próprio, Rosenberg exemplifica que, se o clube quisesse dobrar a produção de atletas, de 100 para 200 por ano, precisaria investir R$ 6 milhões (com a construção de mais um CT e contratação de profissionais). Para manter o empreendimento, gastaria R$ 250 mil mensais. "Projetei que a taxa de retorno sobre o capital investido. Seria de 50% ao ano", diz Rosenberg.


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