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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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Dupla negociou à frente de ministério

DA SUCURSAL DO RIO

Os empresários Pelé e Hélio Viana continuaram atuando no ramo dos negócios esportivos no período em que dirigiram o Ministério dos Esportes, de 1995 até abril de 1998. Pelé era o ministro. Viana, seu assessor mais influente. Ao entrar para o governo, prometeram se afastar dos negócios privados na mesma área.
No dia 5 de fevereiro de 1998, a Klavi Projetos Especiais vendeu à TV Globo os direitos de exibição de partidas do Vasco na Taça Libertadores daquele ano.
O contrato foi assinado pelo sócio controlador da Klavi, Hélio Viana, que detinha 80% das cotas. Creso Augusto Aguiar Rocha possuía 20%.
A Klavi receberia US$ 2,035 milhões pelos direitos de transmissão dos jogos a serem disputados pelo Vasco quando a equipe carioca tivesse o mando de campo. Parte do pagamento (não se informa quanto) iria para a agremiação, que entregou à Klavi a venda dos direitos de TV das suas partidas.
Pelé assinou o contrato duas vezes. Na primeira, como pessoa física, na qualidade de fiador. No caso de a emissora ser impedida de exibir as partidas, a Klavi teria de devolver integralmente os valores recebidos. Se não pagasse, Pelé pagaria.
O outro fiador era a Pelé Sports & Marketing Ltda., empresa da qual Pelé era o sócio majoritário e Hélio Viana, o minoritário. Pelé e Viana, então parceiros, assinaram. Se a Klavi não devolvesse eventual pagamento recebido, a PS&M Ltda. devolveria.
Quando assinaram o contrato, Pelé era o ministro dos Esportes e Hélio Viana, vice-presidente do conselho do Instituto Nacional do Desporto.
A criação da Klavi coincidiu com o período dos sócios no Ministério. O instrumento de constituição da empresa é de 26 de fevereiro de 1997. A Klavi passou a tocar uma série de projetos do mesmo tipo dos que, antes, eram da alçada da PS&M Ltda., então a empresa mais conhecida de Pelé.
Curiosamente, um dos parceiros mais constantes da Klavi foi o Vasco da Gama, do dirigente Eurico Miranda. No governo, Pelé e Hélio Viana lançavam propostas que apresentavam como modernizadoras e enfrentavam Miranda publicamente.
Ao excluir Hélio Viana da PS&M Ltda., Pelé e diretores do seu grupo empresarial afirmaram que Viana desviou fundos da sociedade com Pelé para a Klavi. Hélio Viana declara que a Klavi é credora de R$ 1,8 milhão, relativo ao contrato da Libertadores, que teria sido transferido para a PS&M Ltda.
Advogados afirmam inexistir restrição jurídica à atuação de Pelé e Viana como empresários. Viana afirmou que, eticamente, não via impedimento, por não haver envolvimento de órgãos e bancos públicos nos contratos. Pelé e um assessor foram procurados, mas não se pronunciaram. (MM)


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