São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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FUTEBOL

Peso leve

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Ontem, a camisa da seleção não pesou -a não ser para o adversário! O gol que o atacante húngaro perdeu sozinho foi ridículo. Acontece...
O que Ronaldinho está jogando não é brincadeira. Este é um momento histórico -um jogador faz na seleção brasileira o mesmo que no clube, na pelada de Natal e no comercial do patrocinador. Ele se diverte e liqüida a fatura; dribla e lança, tabela e finaliza. Joga bem com a bola e sem ela. É astro e solidário. Sensacional!
Luis Fabiano também foi muito bem. Em vez de tentar decidir sozinho -tentação fácil para quem quer provar seu valor-, foi o pivô em várias jogadas excelentes e fez 3 gols (incluindo o que não valeu). Kaká brilhou, e Juninho Pernambucano também. Edmilson se atrapalhou algumas vezes, mas não comprometeu. Não sei como seria contra um time forte.
Parreira vai pensar que nunca estamos contentes, mas preferia que não tivesse mudado tanto o time. Kaká e Alex seguem se revezando como no "Feitiço de Áquila". Se ao menos Juninho Pernambucano tivesse ficado... Mas a seleção foi leve como há muito não era. A Hungria não tem ninguém? A Irlanda, a Jamaica e a China também não tinham.
 
Concordo completamente com a avaliação que PC Vasconcellos fez de Palmeiras e Botafogo: se jogassem como na Série B, seria muito melhor! A despeito das piadinhas sobre "futebol de segunda", o Palmeiras fez grandes jogos em 2003, com qualidades que não reproduz agora. Seu contra-ataque mortal -com bolas roubadas na intermediária, toques de primeira, lançamentos precisos e deslocamentos coletivos- desapareceu. Nesta temporada, o time desarma menos, carrega mais a bola, erra passes, finaliza pouco...
Alguns atletas passam por fase muito ruim, especialmente Lúcio. Talvez por ser tão vaidoso, esteja sendo difícil suportar as vaias. Ele é do tipo que precisa se sentir bem para jogar bem -com cuidado para não mascarar. Lúcio sabe jogar futebol: é veloz, dribla bem e tem um domínio incrível -arredonda qualquer tijolada. Mas nada disso está acontecendo, com um agravante: Diego Souza, com quem costumava tabelar, anda atrapalhado. Pedrinho, que assumiu a camisa que era dele, joga pouco por aquele lado; parece não falar a língua do lateral.
Por falar em Diego, o 10 do Santos voltou a apresentar suas qualidades. Mas como é teimoso! Logo após o fracasso pré-olímpico, ele disse que tinha aprendido e que mudaria como homem, mas continuaria sendo o mesmo jogador. Errado! Era bom que voltasse a ser o jogador de antes, com toques rápidos, inteligentes e desconcertantes. Não o Diego que carrega a bola, perde e cai (o problema nem é cair -é difícil resistir a alguns trancos, e ele tomou muitos!-, é demorar para levantar). No domingo, ele se aproximou mais do ataque, serviu, concluiu. Mas saiu do jogo teimando com quem perguntou se estava voltando à velha forma: "Eu sempre fui o mesmo jogador". Arre!

Ainda está gordo
Se a FPF confirmar o Paulista de 2005 em turno único, com todos contra todos, é melhor manter o número ímpar de equipes! Explico: com 20 times, serão 19 rodadas -alguns vão fazer dez jogos em casa; outros, nove. Parece injusto. Em 18 rodadas, todos seriam mandantes e visitantes nove vezes. Mas ainda acho que o certo é ter menos times!

B.I.D.
O "i" é de infame? Inútil? O que fazer quando um jogador tem todos os documentos em ordem, situação perfeitamente regular, mas a CBF não publica seu nome no BID? É o cúmulo tirar pontos de um time só porque deixou de conferir se o departamento de registros simplesmente fez o seu serviço.

E-mail soninha.folha@uol.com.br w

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