São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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"Ele é o Ronaldinho, é rico e pode até comprar minha mãe contra mim"

DÉBORA BERGAMASCO
DA COLUNA MÔNICA BERGAMO

O travesti André Luiz Albertino, conhecido como Andréia Albertine, declarou ontem à Folha, por telefone, ter feito um programa com Ronaldo, atacante do Milan e campeão com a seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1994 e 2002.
Andréia, que falou ter 21 anos, procurou a polícia do Rio alegando que o jogador -que a levou com outros dois travestis para um motel na Barra da Tijuca- lhe devia dinheiro. "Ele não pagou porque ficou com raiva das minhas outras duas amigas, que pegaram o dinheiro dele e foram embora."

 

FOLHA - O que aconteceu nesta madrugada entre você e o Ronaldo?
ANDRÉIA ALBERTINE -
Ficamos juntos no hotel de domingo pra segunda, das 4h30 até as 9h30 -até a hora da confusão na portaria, quando até gravei um vídeo com meu celular, porque estavam tentando me tirar do jogo porque ele é rico, ele é o Ronaldinho e ele pode comprar até minha mãe contra mim. Ele parou [no ponto], eu nem reconheci. Abaixou um pouquinho o vidro e falou: "Entra, entra, entra". Entrei, olhei pra cara dele e falei: "Gente, é o Ronaldinho! Tô passada". Daí falei: "Mas, menino, você nem sabe quanto eu cobro". E ele disse: "Relaxa, gata, dinheiro não é problema pra mim".

FOLHA - Quanto você cobra?
ANDRÉIA -
Oral é R$ 30, sexo no carro é R$ 50 e uma hora comigo é R$ 100. Mas ele não pagou porque ficou com raiva das minhas outras duas amigas [também travestis], que pegaram o dinheiro dele e saíram "voada". Em vez de ir comprar [drogas com o dinheiro do atacante], elas foram embora. Ele pagou R$ 1.300 pra elas -R$ 300 pelo que elas tinham "dado" e mais R$ 1.000 pra irem buscar cocaína.

FOLHA - Ele estava nervoso?
ANDRÉIA -
Não vou mentir. Dava pra ver que ele estava alterado de bebida, com um leve cheiro. Ele falou que deixou a namorada em casa e depois me pegou. Ele foi supereducado o tempo todo, foi fino, foi tranqüilo. Não agrediu, não fez nada. Foi só ativo com minhas amigas.

FOLHA - Então ele viu que eram travestis?
ANDRÉIA -
Viu. Só eu que ele achou que era mulher, as outras duas ele viu que eram "trava", "boneca".

FOLHA - Ele pedia discrição? O que conversavam?
ANDRÉIA -
Coisas normais. Daí, quando ele cheirou, começou a viajar. Dizia: "Pelo amor de Deus, vocês não vão aprontar pra cima de mim, não". Eu falei: "Bebê, se você semear amor, vai colher amor. Agora, se você aprontar com a gente, a gente vai aprontar com você". Só que ele aprontou comigo, que fui a mais boazinha, a mais boba.

FOLHA - A confusão começou a que hora?
ANDRÉIA -
A partir das oito e pouco, quando eu voltei pro hotel. Elas [os outros dois travestis] já tinham ido embora e ele não queria me pagar.

FOLHA - Se elas já tinham ido embora, ele estava te esperando?
ANDRÉIA -
Ele não estava me esperando, ele já estava indo embora. Quase que não pego ele. Graças a Deus, eu estava com o documento do carro dele [um Ford Fusion]. Mesmo que ele tivesse ido embora, eu tinha como provar que estava com ele, porque tô com o documento.

FOLHA - Você está nervosa?
ANDRÉIA -
Lógico. Ele me disse que ele era o Ronaldinho e eu só era uma piranha de rua. Tô apavorada, ele é rico.

FOLHA - Por que você deixou a delegacia de polícia no meio do depoimento?
ANDRÉIA -
Porque tentaram pegar meu celular para apagar [o vídeo], porque o Ronaldo é influente e poderoso. Que que eu fiz? Saí "voada", por isso que eu fugi da delegacia.


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