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"Ele é o Ronaldinho, é rico e pode até comprar minha mãe contra mim"
DÉBORA BERGAMASCO
DA COLUNA MÔNICA BERGAMO
O travesti André Luiz Albertino, conhecido como Andréia
Albertine, declarou ontem à
Folha, por telefone, ter feito
um programa com Ronaldo,
atacante do Milan e campeão
com a seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1994 e 2002.
Andréia, que falou ter 21
anos, procurou a polícia do Rio
alegando que o jogador -que a
levou com outros dois travestis
para um motel na Barra da Tijuca- lhe devia dinheiro. "Ele
não pagou porque ficou com
raiva das minhas outras duas
amigas, que pegaram o dinheiro dele e foram embora."
FOLHA - O que aconteceu nesta
madrugada entre você e o Ronaldo?
ANDRÉIA ALBERTINE - Ficamos
juntos no hotel de domingo pra
segunda, das 4h30 até as 9h30
-até a hora da confusão na portaria, quando até gravei um vídeo com meu celular, porque
estavam tentando me tirar do
jogo porque ele é rico, ele é o
Ronaldinho e ele pode comprar
até minha mãe contra mim. Ele
parou [no ponto], eu nem reconheci. Abaixou um pouquinho
o vidro e falou: "Entra, entra,
entra". Entrei, olhei pra cara
dele e falei: "Gente, é o Ronaldinho! Tô passada". Daí falei:
"Mas, menino, você nem sabe
quanto eu cobro". E ele disse:
"Relaxa, gata, dinheiro não é
problema pra mim".
FOLHA - Quanto você cobra?
ANDRÉIA - Oral é R$ 30, sexo
no carro é R$ 50 e uma hora comigo é R$ 100. Mas ele não pagou porque ficou com raiva das
minhas outras duas amigas
[também travestis], que pegaram o dinheiro dele e saíram
"voada". Em vez de ir comprar
[drogas com o dinheiro do atacante], elas foram embora. Ele
pagou R$ 1.300 pra elas -R$
300 pelo que elas tinham "dado" e mais R$ 1.000 pra irem
buscar cocaína.
FOLHA - Ele estava nervoso?
ANDRÉIA - Não vou mentir. Dava pra ver que ele estava alterado de bebida, com um leve cheiro. Ele falou que deixou a namorada em casa e depois
me pegou. Ele foi supereducado o tempo todo, foi fino, foi
tranqüilo. Não agrediu, não
fez nada. Foi só ativo com minhas amigas.
FOLHA - Então ele viu que eram
travestis?
ANDRÉIA - Viu. Só eu que ele
achou que era mulher, as outras duas ele viu que eram "trava", "boneca".
FOLHA - Ele pedia discrição? O que
conversavam?
ANDRÉIA - Coisas normais.
Daí, quando ele cheirou, começou a viajar. Dizia: "Pelo amor
de Deus, vocês não vão aprontar pra cima de mim, não". Eu
falei: "Bebê, se você semear
amor, vai colher amor. Agora,
se você aprontar com a gente, a
gente vai aprontar com você".
Só que ele aprontou comigo,
que fui a mais boazinha, a
mais boba.
FOLHA - A confusão começou a que
hora?
ANDRÉIA - A partir das oito e
pouco, quando eu voltei pro hotel. Elas [os outros dois travestis] já tinham ido embora e ele
não queria me pagar.
FOLHA - Se elas já tinham ido embora, ele estava te esperando?
ANDRÉIA - Ele não estava me esperando, ele já estava indo embora. Quase que não pego ele.
Graças a Deus, eu estava com o
documento do carro dele [um
Ford Fusion]. Mesmo que ele
tivesse ido embora, eu tinha como provar que estava com ele,
porque tô com o documento.
FOLHA - Você está nervosa?
ANDRÉIA - Lógico. Ele me disse
que ele era o Ronaldinho e eu só
era uma piranha de rua. Tô apavorada, ele é rico.
FOLHA - Por que você deixou a delegacia de polícia no meio do depoimento?
ANDRÉIA - Porque tentaram pegar meu celular para apagar [o
vídeo], porque o Ronaldo é influente e poderoso. Que que eu
fiz? Saí "voada", por isso que eu
fugi da delegacia.
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