Atacante vai parar na delegacia após discussão em um motel da Barra da Tijuca

Delegado afirma que atleta do Milan desistiu de fazer programa e que alegou ter sido vítima de extorsão; vídeo já está no YouTube

Marcelo Franco/Agência O Globo

Andréia Albertine, com documentos do carro de Ronaldo, no Rio

MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO

Em recuperação no Rio de Janeiro, após delicada cirurgia no joelho esquerdo, o atacante Ronaldo, 31, do Milan, foi parar na madrugada de ontem numa delegacia, após se envolver em confusão com três travestis.
Ele e um dos travestis foram encaminhados à delegacia pela Polícia Militar, depois de uma discussão em um motel.
Em entrevista concedida na 16ª DP (Barra da Tijuca), o delegado titular Carlos Augusto Nogueira contou a versão do "Fenômeno" para o incidente, dada em depoimento.
Segundo ele, o jogador se disse vítima de uma tentativa de extorsão do travesti André Luiz Ribeiro Albertino, conhecido como Andréia Albertine.
Albertino acusa o atacante de calote num programa com outros dois travestis e de envolvimento com drogas.
Segundo o delegado, Ronaldo saiu de uma boate na Barra, onde fora festejar a vitória do Flamengo. Ele teria pego uma prostituta entre 4h e 5h, que teria chamado mais duas amigas para irem ao motel Papillon, no mesmo bairro. Quando o atleta descobriu que todos eram travestis, desistiu do programa.
Eles ainda teriam oferecido drogas ao atleta, que não aceitou, segundo a versão para o delegado. Albertino teria tentado chantagear Ronaldo, pedindo R$ 50 mil para não divulgar à imprensa que ele havia saído com três travestis.
Escolhido melhor jogador do mundo pela Fifa em 1996, 1997 e 2002 e recordista de gols em Copas (15 tentos em três edições), teria pago R$ 1.000 aos outros dois, mas Albertino não teria aceitado a quantia.
"Quando soube que eram travestis, Ronaldo disse que respeitava, mas que não queria. Falaram para usar um pouco de cocaína que ele não iria nem perceber. Mas ele não quis", afirmou o delegado.
Albertino gravou um vídeo no celular em que aparece Ronaldo, com a camisa do Flamengo que ele havia usado na tarde de domingo para ir ao jogo com o Botafogo. No vídeo, que foi colocado no site YouTube, dá para ouvir uma voz, supostamente a de Albertino, dizendo que é para mostrar que "você é você mesmo".
Ele também exibiu os documentos do carro de Ronaldo, que, diz o travesti, ficaram com ele como garantia de pagamento do atleta. Ronaldo negou.
Segundo o assessor de imprensa Felipe Bruno, Ronaldo não negou que tenha feito programa. Bruno disse que não existe queixa-crime contra o jogador e que ele foi vítima de uma tentativa de extorsão.
O delegado afirma acreditar que Ronaldo tenha sido vítima de um golpe e que acha difícil haver alguma conseqüência para o jogador, mas que ainda precisa investigar todas as versões. Ronaldo deve ser chamado para depor hoje. "É um fato no máximo imoral, mas não recrimino", disse Nogueira.
O atleta do Milan não é a primeira celebridade acusada de calote por travestis. Em outubro de 2007, o travesti Angélica Castro registrou queixa contra o ator Gabriel Braga Nunes, que interpretava então um delegado na novela "Caminhos do Coração", da TV Record.


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