São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Detalhes tão pequenos...

Se o 1º jogo teve placar tão apertado, os times estão mais parelhos do que o previsto. A diferença se dá nos detalhes

VENCEDORA leitora, derrotado leitor, a primeira partida da final do Campeonato Estadual foi emocionante. Muitos torcedores devem ter ficado sem unhas ao final dos 90 minutos. Alguns, até sem dedos.
Foi um jogo cheio de lances perigosos e com empenho total dos jogadores, coisa rara no futebol atual. A verdade é que os jogadores suaram a camisa como poucas vezes neste campeonato. Eu não gostaria de ser a lavadeira de nenhum deles.
Tal empenho fez com que o jogo fosse difícil, acirrado, disputado lance a lance, um daqueles em que qualquer um dos times poderia ter vencido. Mas um lance isolado, um detalhe, acabou definindo a sorte da partida. E o que é o futebol, senão um amontoado de detalhes?
Como diria o rei Roberto: "Detalhes (...) são coisas muito grandes pra esquecer, e a toda hora vão estar presentes, você vai ver...".
Mas chega de considerações gerais e vamos à partida. Logo depois de o juiz apitar o início do jogo, o time com mais torcida no estádio começou jogando melhor, como costuma acontecer nas decisões. Porém, aos poucos, o rival foi ganhando terreno e equilibrando a partida. Tanto que, até o momento do gol, qualquer uma das equipes poderia ter aberto o placar, pois havia grande igualdade em campo.
Depois de a bola entrar na rede, a equipe em desvantagem foi para cima e até tentou o empate, mesmo correndo o risco de levar um rápido contra-ataque e o 2 a 0.
No fim das contas, nem ataque nem contra-ataque conseguiram fazer mais um gol, e a partida terminou mesmo com o magro placar de 1 a 0. Magro, mas satisfatório ao vencedor. Mais ou menos como uma boa refeição francesa, um tanto frugal, mas que nos deixa leves e felizes.
É bem verdade que o escore poderia ter sido mais elástico, mais generoso, mas, para evitar isso, havia dois bons goleiros e a miopia dos atacantes, que perderam algumas chances claras de gol. Como dizia meu finado avô: "Ganhando o salário que esses jogadores ganham, eles não têm direito nem de errar bicicleta".
Para os vencedores, agora basta empatar o segundo jogo. Mas não será uma tarefa fácil. Se a primeira partida teve um placar tão apertado, é porque as duas equipes estão mais parelhas do que se esperava. E, num jogo parelho, os detalhes é que fazem a diferença.
Já aos derrotados resta o consolo de terem perdido por pouco, por um triz, por um quase. Mas, como disse o rei Roberto: "Quase também é mais um detalhe".

 

PS: Caro leitor, caríssima leitora, esqueci de lhes contar um detalhe: o texto acima é um texto multiuso. Se você for do Rio Grande do Sul, considere que ele conta o jogo entre Juventude e Internacional. Caso seja carioca, os clubes passam a ser Flamengo x Botafogo. Barrigas-verdes podem entendê-lo como Figueirense x Criciúma, para goianos é a disputa entre Itumbiara x Goiás, e os paulistas podem lê-lo como uma razoável descrição de Ponte Preta x Palmeiras. Realmente, falar muito sem dizer nada é bem fácil. Aliás, como as eleições estão chegando, aceito convites para escrever discursos políticos.

torero@uol.com.br

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