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TOSTÃO
Uma criança descobrindo o mundo
Felipão elogiou bastante
o Denílson, confundiu
a imprensa e, surpreendentemente, pode escalar o Juninho no lugar do Kleberson.
Juninho nunca foi um nome
certo na lista do treinador.
Nem na reserva.
Em 1997, perguntei ao Scolari, então técnico do Palmeiras,
qual seria o titular da seleção
que ele não escalaria. Respondeu: "Juninho".
Durante o treino de ontem,
Felipão mudou várias vezes o
esquema tático e os jogadores.
A equipe treinou com dois e
três zagueiros, três volantes, e
um volante e dois meias. Não
será surpresa se no treino de
hoje for diferente.
Com Felipão não há meio-termo. Ou seu time é muito
defensivo ou ofensivo. Desconfio que o treinador, conhecido
por sua disciplina e pragmatismo, age muito mais pela
emoção e intuição do que pela
razão e planejamento. Isso poderá ser bom ou ruim, dependendo do momento.
Scolari parece empolgado e
deslumbrado com tantas opções, o que não acontecia nos
times que dirigiu. Na seleção
brasileira, ele muda as peças
como se fosse uma criança
descobrindo o mundo.
O técnico estava em dúvida
se escalaria um time mais defensivo, com três zagueiros
desde o início, ou partia logo
para o ataque. Parece que vai
escolher uma solução intermediária. Deve manter os três
zagueiros e trocar um volante
(Kleberson) por um meia-atacante (Juninho).
Essa formação tática é um
grande risco. Nos últimos
amistosos, a principal deficiência da equipe foi não ter
um meia-armador e, principalmente, ter apenas dois jogadores no meio-campo,
Emerson e Kleberson ou Gilberto Silva. Com Juninho, terá
apenas um. Vai haver um
grande vazio no setor. Emerson ficará sobrecarregado. Roberto Carlos, Cafu e Ronaldinho não são jogadores de
meio-campo, como aparecem
nas escalações.
No treino tático de ontem,
Felipão pôs, em alguns momentos, Edmilson de volante
ao lado de Emerson e Kleberson, já que a Turquia poderá
atuar com apenas um atacante. Assim melhora o time brasileiro. Porém seria muito
mais lógico escalar um autêntico armador no lugar do Edmilson.
Ontem, pela primeira vez,
assisti a um excelente treino
tático, com a equipe marcando por pressão, com os jogadores nas posições corretas e
num campo de tamanho normal, simulando uma situação
de jogo.
Pena que a seleção brasileira
não esteja fazendo isso há
mais tempo. Desta forma, o time fica mais ofensivo, pois,
quando se toma a bola, os
atletas estão próximos do gol,
além de impedir a organização das jogadas do adversário.
Não será surpresa se ficar ultrapassado amanhã tudo que
escrevi hoje.
Não dá para acompanhar o
Felipão. Ainda não consegui
descobrir se ele está muito
confuso ou bastante seguro de
suas experiências.
Vamos aguardar.
tostão.folha@uol.com.br
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