São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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BRASIL

Técnico aproveita período pós-treinos para perder peso e promover time na cidade-sede

Scolari decide queimar "pneu" nas ruas de Ulsan

DOS ENVIADOS A ULSAN

O técnico Luiz Felipe Scolari encontrou uma maneira de perder os seis quilos que disse ter ganho depois que assumiu a seleção e, ao mesmo tempo, promover a sua equipe entre a população de Ulsan, na Coréia do Sul, onde o Brasil está concentrado para a disputa da primeira fase da Copa.
Após o encerramento do treino matinal de ontem (segunda à noite no Brasil), acompanhado pelo auxiliar técnico Flávio Teixeira, o Murtosa, e pelo coordenador técnico Antônio Lopes, Scolari abandonou o ônibus da delegação e o aparato policial que segue o veículo e saiu do centro de treinamento de Mipo, na Universidade de Ciências de Ulsan, a pé.
Os três foram até o hotel Hyundai, concentração do time, alternando corridas e caminhadas. A experiência foi repetida após o final do treino da tarde.
Feito de carro, o trajeto entre a universidade e o hotel tem 4,5 quilômetros, mas o trio da comissão técnica aumentou o percurso, se enfiando por ruelas de bairros residenciais e tomando atalhos inventados na hora, para desespero do cinegrafista que o acompanhou pela manhã e dos fotógrafos que o seguiram à tarde.
A novidade será mantida enquanto a seleção estiver em Ulsan (até 12 de junho) ou "até os caras pararem de tirar foto", como disse Scolari, em tom bem-humorado, apontando para os fotógrafos, no momento em que entrava esbaforido e com o rosto vermelho no elevador do hotel.
E, por enquanto, os jornalistas brasileiros são os únicos a registrarem o treinador desbravando Ulsan, cidade industrial e portuária de 1 milhão de habitantes.
A maioria da população que circula pelas ruas cheias de bandeiras verde-amarelas e referências ao Brasil e aos outros países hospedados na cidade (Espanha e Turquia) demonstrou não ter a menor idéia de quem eram aqueles três homens com roupas esportivas e barrigas já ligeiramente pronunciadas pela idade.
Correspondente a quase um sétimo de uma maratona (42 km), o trajeto percorrido por Scolari e seus colegas é um pequeno, mas significativo, painel dessa região da Coréia do Sul e revela envolvimento do país com a Copa.
O trio da seleção viu os roseirais em flor que adornam as ruas de Ulsan, passou por pequenos centro comerciais em vielas estreitíssimas, nas quais sobressaem quitandas com frutas frescas, cruzou enormes conjuntos habitacionais de prédios aparentemente idênticos, distintos só por grandes números gravados nas laterais.
Uma vendedora acenou, um grupo de velhos fez o mesmo, após descobrir quem eram os corredores. Um caminhão passou pulverizando o bairro de Hwajeong-dong com um inseticida, cobrindo o trio com uma névoa. Scolari, 53, Lopes, 60, e Murtosa, 51, continuaram impassíveis.
Em quase todo o percurso, Murtosa, o fiel escudeiro de Scolari, esteve à frente do grupo. "Claro, ele é mais novo", justificou o técnico, que chegou primeiro ao hotel com Lopes, já que o auxiliar fez um caminho mais longo.
Ao final da pequena aventura, o resultado: Scolari e Lopes, cerca de cinco quilômetros em 45 minutos; Murtosa, quase seis quilômetros em 55 minutos.
O índice, prometem os três fundistas, cairá até o Brasil deixar a cidade de Ulsan. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)



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