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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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AÇÃO

Jubileu engarrafado

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Os pioneiros sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay não poderiam ter antecipado essa nem em seus mais revolucionários sonhos, mas o fato é que o Everest experimenta um bizarro trânsito de alpinistas rumo ao topo. Há exatos 50 anos eles chegavam ao cume e colocavam fim às únicas filas de então, a de aventureiros frustrados ou mortos.
Semana passada, eram 25 equipes esperando o momento certo para dar a partida. Agora, tempo bom, clima propício, são dezenas de montanhistas lutando pelas primeiras posições. Alguns que já chegaram ao cume e estão descendo, outros ainda galgando, mas todos no afã de evitar atravancamentos nos pontos chamados ""garganta de garrafa" por onde passa um de cada vez.
O tráfego pode, segundo alpinistas experientes em Everest, causar esperas de quase três horas nos estreitamentos. Em outras palavras, fila de espera no topo do mundo. Mas, ao contrário de outras filas que ferem só o humor, o crowd nas alturas precisa ser evitado porque ficar parado por lá significa sofrer de falta de oxigênio, congelamento das extremidades e atrasos para chegar ao cume com clima favorável.
 
Recordes quebrados até agora nesta temporada no Everest: o mais jovem no topo: a menina sherpa Ming Kipa, 15; o mais velho: Yuichiro Miura, 70; o mais rápido: o sherpa Lhakpa Gelu, em 10h56min; mais vezes: Apa Sherpa, 43, subiu pela 13ª vez e quebrou o próprio recorde.
 
A equipe do reality TV Show Global Extreme, que tentava ser a primeira a televisionar ao vivo a chegada ao cume e sobe pelo lado mais difícil -o tibetano North Ridge-, encontrou três pedras no caminho. A primeira delas, quando seu líder, Chris Warner, adiou um ataque ao topo para socorrer duas alpinistas que estavam com edema cerebral. A segunda, quando um dos integrantes do time desistiu.
E a terceira e mais devastadora, quando uma equipe da TV estatal chinesa televisionou, ao vivo, sua bem-sucedida investida ao cume, roubando dos americanos o tão anunciado pioneirismo.
 
Mas vem do americano George Dijmarescu, que está no acampamento IV e tentará chegar ao cume amanhã, a informação mais contundente. Ele manda ao site everestnews.com a notícia de que é possível que garrafas de oxigênio com conteúdo adulterado estariam sendo vendidas nos acampamentos avançados. Ele diz que, por lá, uma garrafa de oxigênio pode custar US$ 1.000.
 
Vale lembrar que cada alpinista desembolsou, apenas pelo direito de estar ali, US$ 10 mil (preço cobrado pelo governo nepalês) ou US$ 5.000 (via North Ridge, governo tibetano). Some a isso custo de transporte, equipamento, guias, oxigênio e você estará perto dos US$ 70 mil. Se o crowd se provar existente, será a fila de espera mais cara da história.

WCT Fiji
Depois do brilhante desempenho no Taiti, Danilo Costa quebrou o pé ao voltar de uma manobra e está temporariamente fora do circuito. A quarta etapa do Mundial de surfe foi interrompida terça.

Surfe x ecologia
A partir de estudos que comprovam que o barulho das máquinas afugenta a fauna marinha, o Monterey Bay National Marine Sanctuary tenta impedir o tow-in em Mavericks, Califórnia (EUA).

Mundial de longboard
Transferida de Maresias para a Baleia, em São Sebastião (SP), a fase final do Oxbow Pro rolou em ondas de dois metros. Phil Rajzman ficou com o título, seguido por Jason Ribbink e Amaro Mattos.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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