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AÇÃO
Jubileu engarrafado
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Os pioneiros sir Edmund
Hillary e Tenzing Norgay
não poderiam ter antecipado essa
nem em seus mais revolucionários sonhos, mas o fato é que o
Everest experimenta um bizarro
trânsito de alpinistas rumo ao topo. Há exatos 50 anos eles chegavam ao cume e colocavam fim às
únicas filas de então, a de aventureiros frustrados ou mortos.
Semana passada, eram 25 equipes esperando o momento certo
para dar a partida. Agora, tempo
bom, clima propício, são dezenas
de montanhistas lutando pelas
primeiras posições. Alguns que já
chegaram ao cume e estão descendo, outros ainda galgando,
mas todos no afã de evitar atravancamentos nos pontos chamados ""garganta de garrafa" por onde passa um de cada vez.
O tráfego pode, segundo alpinistas experientes em Everest, causar
esperas de quase três horas nos estreitamentos. Em outras palavras, fila de espera no topo do
mundo. Mas, ao contrário de outras filas que ferem só o humor, o
crowd nas alturas precisa ser evitado porque ficar parado por lá
significa sofrer de falta de oxigênio, congelamento das extremidades e atrasos para chegar ao
cume com clima favorável.
Recordes quebrados até agora
nesta temporada no Everest: o
mais jovem no topo: a menina
sherpa Ming Kipa, 15; o mais velho: Yuichiro Miura, 70; o mais
rápido: o sherpa Lhakpa Gelu, em
10h56min; mais vezes: Apa Sherpa, 43, subiu pela 13ª vez e quebrou o próprio recorde.
A equipe do reality TV Show
Global Extreme, que tentava ser a
primeira a televisionar ao vivo a
chegada ao cume e sobe pelo lado
mais difícil -o tibetano North
Ridge-, encontrou três pedras
no caminho. A primeira delas,
quando seu líder, Chris Warner,
adiou um ataque ao topo para socorrer duas alpinistas que estavam com edema cerebral. A segunda, quando um dos integrantes do time desistiu.
E a terceira e mais devastadora,
quando uma equipe da TV estatal chinesa televisionou, ao vivo,
sua bem-sucedida investida ao
cume, roubando dos americanos
o tão anunciado pioneirismo.
Mas vem do americano George
Dijmarescu, que está no acampamento IV e tentará chegar ao cume amanhã, a informação mais
contundente. Ele manda ao site
everestnews.com a notícia de que
é possível que garrafas de oxigênio com conteúdo adulterado estariam sendo vendidas nos
acampamentos avançados. Ele
diz que, por lá, uma garrafa de
oxigênio pode custar US$ 1.000.
Vale lembrar que cada alpinista
desembolsou, apenas pelo direito
de estar ali, US$ 10 mil (preço cobrado pelo governo nepalês) ou
US$ 5.000 (via North Ridge, governo tibetano). Some a isso custo
de transporte, equipamento,
guias, oxigênio e você estará perto
dos US$ 70 mil. Se o crowd se provar existente, será a fila de espera
mais cara da história.
WCT Fiji
Depois do brilhante desempenho no Taiti, Danilo Costa quebrou o
pé ao voltar de uma manobra e está temporariamente fora do circuito. A quarta etapa do Mundial de surfe foi interrompida terça.
Surfe x ecologia
A partir de estudos que comprovam que o barulho das máquinas
afugenta a fauna marinha, o Monterey Bay National Marine Sanctuary tenta impedir o tow-in em Mavericks, Califórnia (EUA).
Mundial de longboard
Transferida de Maresias para a Baleia, em São Sebastião (SP), a fase
final do Oxbow Pro rolou em ondas de dois metros. Phil Rajzman ficou com o título, seguido por Jason Ribbink e Amaro Mattos.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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